O grande problema da contaminação por agrotóxicos nos alimentos
Olá prezados leitores!
Hoje vou escrever um pouco sobre uma questão muito séria que está diretamente relacionada com a nossa saúde: a contaminação dos nossos alimentos por agrotóxicos. Este problema afeta a vida de todos nós e pode causar sérias consequências à saúde.
Os praguicidas, também chamados de agrotóxicos, agroquímicos, defensivos agrícolas, pesticidas, etc, representam um grupo de substâncias químicas que têm a capacidade de causar a morte de organismos considerados como pragas na agricultura. Conforme a população humana aumenta, há a necessidade de aumentar a produção de alimentos. Por isso, os agrotóxicos passaram a ser utilizados em larga escala desde a década de 1950: com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade de alimentos para a humanidade.
Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. De acordo com dados divulgados pela Anvisa, nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, mas no Brasil, esse crescimento foi de 190%. Além disso, mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil atualmente são banidos em países da União Europeia e nos Estados Unidos.
Cerca de 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Portanto, praticamente tudo o que comemos está literalmente envenenado. Os dados sobre o consumo de agrotóxicos no Brasil são alarmantes. Segundo o Instituto nacional do Câncer (INCA), um brasileiro ingere aproximadamente cinco litros de veneno por cada ano!
Vários fatores contribuem para o uso indiscriminado dessas substâncias. A falta de fiscalização, irregularidades no sistema de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a utilização indiscriminada de agrotóxicos são comuns no Brasil. A venda ilegal de agrotóxicos é outro problema grave em nosso país, colaborando de forma significativa com o uso abusivo desses venenos.
O principal problema dos agrotóxicos, como muitos devem saber, é a intoxicação do homem, dos animais e do meio ambiente. Com grande potencial de percorrerem longas distâncias através dos ventos e das chuvas, contaminam várias regiões e, qualquer que seja o caminho percorrido pelo agrotóxico no meio ambiente, o homem será seu destino final.
A saúde humana pode ser afetada pelos agrotóxicos durante sua fabricação, no momento da aplicação e ao consumir um produto contaminado. Diversas pesquisas estão sendo desenvolvidas por instituições como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Brasil. Os estudos estão comprovando cientificamente que os agrotóxicos podem causar doenças no homem e nos animais como o câncer, malformações congênitas em bebês, desregulação do sistema endócrino, infertilidade, distúrbios respiratórios, problemas hepáticos, renais e neurológicos.
A Fiocruz em parceria com a Universidade Federal do Mato Grosso, realizou um estudo no município Lucas do Rio Verde – MT, cidade de importante produção agrícola no Estado. Entre fevereiro a junho de 2010 este estudo coletou leite humano de 62 mães entre a terceira e oitava semana pós-parto. Foi observado que 100% do leite materno tinha algum tipo de agrotóxico em sua composição, e que 85% do leite possuía pelo mais de um tipo de agrotóxico.
Diversos outros estudos estão sendo realizados com o leite materno e os resultados são assustadores. O índice de câncer em crianças vem aumentando de forma significativa nos últimos anos e a relação com a ocorrência dessas substâncias no organismo está sendo estabelecida através de pesquisas. Não sabemos ainda quais são as consequências da intoxicação precoce por agrotóxicos em bebês e muito menos quais serão os efeitos a longo prazo desses venenos no organismo.
A ocorrência de doenças neurodegenerativas também está sendo relacionada à contaminação por agrotóxicos em estudos realizados no mundo inteiro. Pessoas que desenvolvem doenças como o Parkinson, Mal de Alzheimer, distúrbios cognitivos e transtornos psiquiátricos são alguns exemplos. No Brasil, há diversos relatos de trabalhadores que são expostos aos agrotóxicos durante a sua fabricação ou aplicação nas lavouras desenvolverem quadros de depressão e cometerem o suicídio.
A coisa é séria e não podemos mais ignorar que estamos expostos a estes venenos. Mas como podemos nos proteger? Podemos fazer alguma coisa?
O consumo de alimentos orgânicos, que não devem levar nenhum tipo de agrotóxico em seu cultivo, é uma alternativa para se proteger dos agrotóxicos. Entretanto, devido ao elevado custo (em média 30% mais caros), os orgânicos ainda são pouco acessíveis à maioria da população. Além do custo, em algumas cidades é difícil encontrar produtos orgânicos.
Em relação à lavagem e higienização dos alimentos, sabe-se que a penetração dos agrotóxicos ocorre na parte externa do fruto ou da folha. Por isso, uma boa lavagem em água corrente dos alimentos que comemos crus pode retirar uma parte do veneno.
Como cidadãos, devemos refletir sobre o assunto e buscarmos alternativas para nos proteger. Temos que buscar informações e exigir dos órgãos de regulação do uso e comercialização de agrotóxicos o aumento da fiscalização e a adoção de medidas mais severas e que assegurem a saúde da população.
Para quem se interessa pelo assunto, assista o vídeo chamado ” O veneno está na mesa”, disponível no youtube. O filme mostra a realidade do Brasil em relação ao uso dos agrotóxicos.
O assunto é polêmico, complexo e de grande importância para a nossa saúde. Por isso, é impossível abordar todos os problemas relacionados ao uso dos agrotóxicos de uma só vez. Em breve pretendo escrever outra matéria e trazer mais informações sobre o tema.
Um abraço a todos!