Contra leishmaniose, Marília faz coleta de orgânicos
Para reduzir os riscos de novos casos de leishmaniose, num esforço que envolve a Vigilância Epidemiológica, Divisão de Zoonoses, Limpeza Pública e Meio Ambiente, lideranças da comunidade, entre outros setores, a Secretaria Municipal de Saúde de Marília deu início a uma mobilização na principal área de transmissão da doença na cidade. Inicialmente, o trabalho está concentrado nos bairros Jânio Quadros e Alcides Matiuzzi, na zona norte da cidade.
No sábado (01) teve início uma série de ações que inclui a conscientização com visitas domiciliares, coleta de materiais orgânicos em frente às casas, inquérito sorológico canino e castrações. Os caminhões específicos para recolher esse tipo de material começam a passar na quarta-feira (03).
Serão recolhidos galhos, folhas secas, restos de madeira, frutas apodrecidas, fezes de animais e outros rejeitos em decomposição. Estes materiais são propícios à reprodução do mosquito-palha, vetor da doença.
O pequeno inseto se alimenta do sangue de cães, porcos e galinhas. No caso dos cães, além de serem contaminados e desenvolverem a Leishmaniose Visceral Canina, os animais tornam-se hospedeiros do protozoário causador a doença, que também atinge os humanos. Por isso a importância da limpeza dos quintais e higiene e cuidado com a saúde dos cães.
A secretária municipal de Saúde, Kátia Santana, conversou com servidores da pasta e vereadores, para explicar como o trabalho será realizado. As ações foram planejadas e estão sendo executadas pelo Grupo Técnico em Leishmaniose, que reúne veterinários e profissionais de saúde especializados.
“Essa é uma ação inédita. Não temos registro de outro município ter realizado uma força-tarefa, da forma como vamos fazer. De maneira concomitante, vamos coletar materiais orgânicos que os moradores colocarão para fora, vamos fazer o inquérito sorológico canino e promover a castração dos cães saudáveis na área, visando o combate a Leishmaniose”, anunciou a gestora.
Participaram da reunião os vereadores Maurício Roberto (presidente da Comissão de Saúde da Câmara e morador na região), Marcos Rezende (relator do projeto do novo Código Zoossanitário de Marília) e João do Bar, que reside na zona norte e também representa os moradores da área com casos de leishmaniose.
TRANSMISSÃO
A cidade apresenta casos da doença em humanos desde 2011, quando foi confirmada uma notificação de leishmaniose visceral na zona norte. Em 2014 foram outras duas ocorrências e em 2015 mais uma. Em 2016 o número disparou: foram dez casos.
Em janeiro deste ano, quando assumiu a pasta, Kátia Santana, alertou sobre os riscos e articulou a formação de um Grupo Técnico específico para acompanhar a doença e definir ações.
Nos últimos seis meses, já foram confirmados nove notificações positivas da doença em Marília, todas na mesma região, sendo cinco no Jânios Quadros e Alcides Matiuzzi.
COLETA
Por isso é importante que, a partir de quarta-feira (03), moradores deixem os resíduos em frente as casas. A previsão é que a partir do dia 10 de julho os veterinários, supervisores de saúde e agentes de controle de endemias intensificarão o inquérito canino para identificar animais com leishmaniose.
Licitação está sendo aberta para contratar serviços visando as castrações, para controle da população de animais da região de maior risco. Os moradores estão sendo informados sobre o passo a passo da força-tarefa, durante as visitas domiciliares.
É orientação do Grupo Técnico, para controle da doença, a eliminação dos galinheiros e chiqueiros dos quintais dos imóveis urbanos. Os animais fornecem sangue (alimentação) para o mosquito-palha, além de viverem em ambientes de difícil asseio, propícios para a reprodução do inseto.