Saúde de Marília beira o caos, diz ex-secretário em audiência pública
A Câmara dos Vereadores recebeu uma audiência pública na última quarta-feira (29) para apresentação das atividades desenvolvidas e os recursos aplicados no primeiro quadrimestre de 2024 pela Secretaria Municipal da Saúde de Marília.
As informações foram passadas pelo agora ex-secretário municipal da Saúde, o médico Osvaldo Ferioli Pereira – que ainda era o gestor da pasta na data -, e pelo diretor do Fundo Municipal de Saúde, Rodrigo Pegoraro de Souza.
Os vereadores Elio Ajeka (PP), Junior Moraes (PL), Marcos Custódio (PSDB), Eduardo Nascimento (Republicanos) e Vânia Ramos (Republicanos) participaram da audiência pública.
Questionado por Marcos Custódio sobre a epidemia de dengue em Marília, Ferioli culpou o contingenciamento de despesas da Prefeitura de Marília, que teria negado vários de seus pedidos. A crise financeira também teria afetado os insumos básicos nas unidades de saúde, como copos plásticos e até mesmo papel higiênico.
“Vivemos hoje consequências do endividamento da Prefeitura de Marília. Durante metade do ano passado, houve um contingenciamento. Tudo que a gente vinha pedindo precisou passar por uma comissão de avaliação de despesas e os nossos pedidos foram sendo bloqueados, causando desabastecimento. Hoje colhemos os efeitos de seis meses que as ordens de serviço não foram executadas, pois não tinha dinheiro”, pontuou Ferioli na ocasião.
Sobre a dengue, foi revelado na audiência pública que Marília já teria tido mais de 22 mil casos notificados como suspeitos, 8.064 confirmados e 11 mortes. Oficialmente, o município divulgou – até o último dia 11 de maio – 6.929 positivados.
Ferioli contou ainda que o planejamento para o enfrentamento da dengue começou em novembro do ano passado, mas não houve atendimento das demandas da saúde, o que teria culminado na situação atual.
“Desde novembro, a gente começou a conversar sobre o plano para a dengue. Fomos anotando as coisas que precisávamos e não conseguimos resposta. Não foram aprovadas. Teria que esperar recurso desse ano. Chegou esse ano, fomos pedindo, mas não tinha ata. Copo plástico e outros insumos, é a Prefeitura que compra. Tudo que a gente pedia para combater a dengue estava em atas gerais da Prefeitura. Elas foram vencendo, não foram feitos empenhos e hoje não tem de onde tirar”, relatou o então secretário.
Segundo o agora ex-gestor da Saúde, não houve um olhar na parte técnica, o que causou o desabastecimento. Ferioli reiterou que foram feitos os pedidos, mas não houve mobilização para atendimento das demandas.
“Temos travas que não deixam investir onde precisamos. Dependemos da Prefeitura, em atas que não estão funcionando. Quando pedimos cadeira de área para os pacientes ficarem sentados tomando soro, disseram que era demais e que íamos construir um auditório. Aquilo que foi feito de forma técnica, não foi levado adiante e hoje a Saúde vive uma questão quase caótica”, finalizou o ex-secretário em audiência.