Daniel Alonso desmente depoimento de Beto Cavallari em CPI
O prefeito de Marília, Daniel Alonso (PSDB), negou veementemente ter realizado qualquer reunião em seu gabinete, com secretários e assessores, para definir o que seria feito com a carne da merenda escolar que acabou apodrecendo na cozinha piloto do município em janeiro deste ano.
Alonso prestou depoimento durante a tarde desta quinta-feira (21) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Carne Estragada, que investiga o fato.
“Jamais tive informação, conhecimento, seja ele verbal ou escrito, de que estaria ocorrendo algum problema nessa câmara fria. Nós herdamos este problema da câmara fria que estava lá havia muitos anos. Nós abolimos esses sistema de estocagem e distribuição. O resultado foi visível, somente no primeiro semestre deste ano economizamos cerca de R$ 800 mil com a mudança no sistema de gestão”, disse o prefeito.
O prefeito foi ouvido após o ex-secretário municipal da Educação, Beto Cavallari, dizer que informou o chefe do Executivo municipal e seu ‘núcleo de poder’ sobre os problemas que culminaram no desperdício de mais de 7 toneladas de carne.
A apuração tocada pela Comissão levantou que além de queda de energia que provocou o desligamento da câmara fria, havia mais carne do que a capacidade permitia e, para complicar, parte dela teria sido moída e novamente congelada, o que é considerado irregular. Também teriam sido encontrados produtos fora do prazo de validade.
“Essa reunião para decidir se a carne seria moída ou qualquer outra coisa não existiu. É um absurdo, ridículo eu diria, que a decisão sobre isso fique a cargo do prefeito. O modo como vai ser servido não é meu papel decidir, isso é decidido por quem trabalhava na cozinha todo dia”, falou Daniel.
O secretário municipal da Fazenda, Levi Gomes, e o assessor especial de assuntos estratégicos, José Alcides Faneco, então secretário de Administração durante os episódios investigados, também negaram esta semana qualquer responsabilidade ou que tenham sido procurados por Cavallari sobre o tema.
Sindicância
Além da CPI, uma Ação Civil Pública do Ministério Público acompanha a questão. No dia 30 de maio o Marília Notícia também publicou reportagem sobre o resultado da sindicância interna aberta pela Corregedoria da Prefeitura, investigação citada no parágrafo acima, na nota do atual governo.
A apuração do Executivo foi encaminhada para que a Procuradoria Geral do Município ajuíze uma ação de cobrança no valor do prejuízo, de R$ R$ 161.775, contra a então coordenadora administrativa de alimentação escolar, Dolores Domingos Viana.
Não houve divulgação da íntegra do relatório, mas o documento foi encaminhado para a CPI e para o Ministério Público.
A portaria publicada no Diário Oficial da cidade e assinada pela corregedora-geral do município, Valquíria Galo Febrônio Alves, instaura ainda um processo administrativo que será conduzido pela Comissão Processante Disciplinar Permanente contra a nutricionista Cláudia Silvana de Campos.
CPI
A CPI é composta também por Maurício Roberto (PP) e Danilo da Saúde (PSB), que já visitaram a sede da Divisão de Alimentos, sob as escadarias do estádio Bento de Abreu Sampaio Vidal, o Abreuzão.
Eles também foram até escolas e ouvem servidores, como nutricionistas, vigilância sanitária, açougueiros e integrantes da chefia da cozinha piloto, entre outros.
Ao término dos trabalhos um relatório com as conclusões será emitido. A CPI não tem poderes punitivos, apenas apuratórios. As informações levantadas também serão entregues para a promotoria tomar medidas cabíveis.