Drogas e machismo impulsionam evasão escolar, diz secretária
Envolvimento com entorpecentes e machismo são algumas das principais causas de evasão escolar em Marília, de acordo com a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Wania Lombardi.
A reportagem do Marília Notícia conversou com Wania sobre matéria publicada pelo portal na terça-feira (28), que aponta quase duas mil crianças e adolescentes de 4 a 17 anos fora da escola no município.
O número representa 4% desse público em Marília. A faixa etária mais afetada é dos adolescentes, entre 15 e 17 anos, onde mais de 10% do público não está matriculado.
Drogas
Nesse caso, o que se percebe, de acordo com Wania, é que um dos principais motivos pela evasão seria o envolvimento com drogas em um contexto de desestruturação familiar.
“Muitas vezes é uma família onde não tem a figura do pai, a mãe está presa e quem cuida é a avó materna, que não consegue controlar o adolescente”, diz a chefe da pasta, que traça o perfil dos casos.
Ela lembra que a polêmica reestruturação da Casa do Pequeno Cidadão foca justamente a readequação desse perfil. Nos primeiros meses do ano, circulou a informação que esse serviço seria desativado.
“A Casa do Pequeno Cidadão atendia os jovens até 15 anos. Mas nós percebemos que até 15 anos, o adolescente ainda está na escola. Estamos conhecendo o território, fazendo busca ativa e trazendo oficinas culturais e de música, onde trabalhamos a questão das drogas”, explica.
Os casos são a princípio identificados pelo Conselho Tutelar, que aciona o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social que faz uma espécie de triagem) e de lá é feito o encaminhamento para o Cras (Centro de Referência de Assistência Social que realmente atende as pessoas).
“Queremos dar oficinas de hip hop, estimular a criação de bandas, oferecer atividades legais para os adolescentes para competirmos com a droga”, fala Wania.
Machismo
Outro dado que chama a atenção na pesquisa sobre evasão escolar, é a predominância das garotas fora da escola. Segundo os dados, entre adolescente e crianças em situação de evasão escolar, 46.8% são garotos e 53.2% meninas.
“Isso pode ter uma relação com a gravidez precoce, por isso estamos com ações para evitar esse problema e doenças sexualmente transmissíveis. Mas também a gente não pode esquecer que estamos em um país machista”, reforça a secretária.
De acordo com ela, muitas vezes as meninas deixam a escola para cuidar das atividades domésticas. “Se a mãe precisa sair para trabalhar, é a menina que assume o serviço de casa”, comenta.
Conselho Tutelar
O MN entrou em contato com o Conselho Tutelar para conversar sobre o assunto, mas no momento da ligação não havia ninguém que podia atender a reportagem. Não houve retorno e não foi passado o celular dos conselheiros.