Não, não escreverei acerca da legalidade, do objeto ou do rito do impeachment. A emoção da qual falo é a de dois dos principais atores nesse processo de impeachment — processo esse que esta há poucas horas de se findar e o país, enfim, saberá quem será o presidente da República até 2018.
Os dois atores são Janaína Paschoal, da acusação contra a presidente afastada Dilma Rousseff, e José Eduardo Cardoso, da defesa da presidente. Janaína se emocionou hoje ao fim do seu discurso no Senado.
Segurando o choro, Janaína pediu desculpas à presidente Dilma, pela acusação e pelo sofrimento causado a ela. Porém, disse, ao final, que fez o que fez para garantir um futuro melhor, inclusive aos netos de Dilma.
Uma digna dose de emoção no meio de tantos argumentos, retóricas e teses jurídicas no, do e sobre o processo de impeachment.
Cardoso não gostou. Em tom também emotivo, o ex-ministro disse que apesar do duro embate no Senado ele não perdeu a capacidade de se indignar pelas coisas. Para ele, perder a capacidade de se indignar é perder a humanidade, em referência ao fato de Janaína ter dito que fez o que fez em nome dos netos de Dilma, também.
Janaína tripudiou, perdeu sua humanidade? Teria ela tratado a presidente afastada como se fosse uma senhora bêbada que teria que entregar a tutela dos netos à Justiça? Não sei. Mas desconfio que esse foi o entendimento de Cardoso.
Ao rebater a fala de Cardoso, Janaína disse que a sua emotiva entrevista (dele) seria um teatro. E então, agora Janaína extrapolou?
Não sei. Só sei que os argumentos, as retóricas e as teses jurídicas do processo de impeachment estão aí sobre a mesa para todos argumentarem, construírem suas retóricas e mostrarem suas teses jurídicas. As emoções são a parte que humanizam todo o processo. Parabéns Janaína. Parabéns Cardoso.
Agora, o que faz Ricardo Lewandowski, Aécio Neves e Dilma Rousseff tão descontraídos enquanto a população quer ver o país ser passado a limpo? Ah! As emoções…