Hélio Benetti é condenado em caso de andarilhos
Atual secretário da Saúde de Marília e homem de confiança do prefeito Vinícius Camarinha (PSB), Hélio Benetti foi condenado ontem (23) a um mês e cinco dias de detenção, além de pagamento de multa e a inabilitação para o exercício de qualquer função pública pelo prazo de um ano e dois meses.
A condenação se refere aos crimes de abuso de autoridade e coação no curso no processo.
Hélio Benetti e outras três pessoas – Jair Dias de Oliveira Filho, Carlos Roberto Valdenebre Silva e Paulo Roberto Vieira da Costa – são acusados de retirar à força de 15 a 17 moradores de rua de Marília, que foram levados para a cidade de Ibitinga.
A decisão, que também condenou os comparsas do secretário, é de primeira instância e cabe recurso.
Um pedido de habeas corpus dos advogados de Benetti chegou a ser recusado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. O mesmo pedido foi feito no Superior Tribunal de Justiça e parcialmente aceito.
De acordo com a denúncia formulada pelo Promotor de Justiça Gilson César Augusto da Silva, de Marília, na noite de 29 de abril de 2013, os três funcionários da Secretaria de Assistência Social abordaram moradores de rua em diversos pontos de Marília e os colocaram em um veículo da Prefeitura, levando-os até um ônibus estacionado às margens da Rodovia do Contorno.
Dali, os moradores de rua foram levados até o trevo de Ibitinga, onde foram deixados sozinhos e sem qualquer auxílio. Aqueles que ofereceram resistência, segundo a denúncia, foram tratados de maneira agressiva e colocados à força no veículo da Prefeitura, inclusive mediante o uso de um aparelho de choque.
Tudo sob comando de Benetti, Secretário de Assistência Social na época, que acompanhou os fatos testemunhados por pessoas ligadas a instituições religiosas que distribuíam alimentos aos moradores de rua.
Para o Ministério Público, o objetivo dos agentes públicos era livrar-se do problema social dos moradores de rua de Marília.
O fato chegou ao conhecimento do Secretário de Segurança, Trânsito e Tecnologia de Ibitinga, que noticiou o ocorrido ao Ministério Público, registrou boletim de ocorrência, colheu o depoimento de alguns moradores de rua e forneceu auxílio para aqueles que pretendiam retornar a Marília.
Em junho e julho daquele ano, quando a Promotoria de Justiça já havia instaurado um inquérito civil para apurar os fatos, Jair Dias de Oliveira Filho e, depois, Carlos Valdenebre Silva e Paulo Vieira da Costa se encontraram, em um albergue, com um dos moradores de rua que estava no grupo levado à força para Ibitinga e, sabendo que ele havia prestado depoimento na Delegacia de Polícia, ameaçaram o homem para que ele não confirmasse o teor do depoimento em juízo.
A reportagem do Marília Notícia tentou contato por telefone com Hélio Benetti, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.