Prefeitura é contrária ao corte de árvores no HC, mas diz não ter poder de decisão
O Diretório Acadêmico Christiano Altenfelder (Daca) da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), que representa os alunos da instituição, publicou uma forte crítica em relação ao corte de árvores históricas e outras vegetações que tiveram início semana passada no local das obras para construção da nova portaria do Hospital das Clínicas (HC).
“Contrariando o que foi elaborado no projeto inicial, que mantinha a árvore e as áreas verdes da portaria do HC, a empresa contratada decidiu não preservar tais elementos ambientais visando cortar gastos durante a reforma”, diz a publicação.
O Daca ressalta que os cortes das árvores de mais de 60 anos estariam sendo realizados com autorização da diretoria do HC/Famema e critica fortemente a medida, que não seguiria o plano inicial de ações. “Tudo isso com o aval da atual gestão do HC/Famema. O que serve para atentar todos os envolvidos no Complexo sobre quais outras alterações podem estar sendo feitas sem total conhecimento público”, ainda adverte o texto.
Informações extraoficiais dão conta de que houve uma reunião, no segundo semestre do ano passado, com a presença de um engenheiro ambiental da Prefeitura, junto a uma equipe técnica e a direção do HC, ocasião em que foi discutida a questão. As árvores seriam de uma espécie não nativa.
Na época, os representantes do Poder Executivo não teriam autorizado a poda. As obras chegaram a ser paralisadas, mas, na última semana, equipes começaram a trabalhar no local, com a supressão das áreas verdes.
OUTRO LADO
Em nota, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/Famema) informou que as árvores estariam sendo removidas mediante aprovação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Marília e do Conselho Deliberativo da instituição, por conta dos “apontamentos dos danos já causados e dos riscos iminentes.”
“As árvores não são nativas e não possuem ligação direta com o ecossistema regional. Elas têm produção de seiva leitosa, que é extremamente tóxica quando ingerida, devendo, portanto, estar longe de crianças e animais. A decisão também foi tomada por meio de avaliação estrutural, que seria comprometida caso fossem mantidas”, completa o documento.
O texto destaca ainda que o HC possui uma extensa área verde com variedade de árvores e plantas, além de manter um projeto sustentável para construção de um “espaço verde” para os pacientes, acompanhantes e colaboradores.
Já a Prefeitura de Marília afirmou que a vegetação encontra-se em área sob o domínio de uma autarquia estadual e que não possui incumbência legal para impedir corte ou poda, sendo, portanto, uma prerrogativa dos responsáveis pela área em questão.
A administração municipal esclarece que trata-se de uma “falsa seringueira”, conhecida pela população apenas como “seringueira”.
“A Prefeitura Municipal de Marília, por intermédio da Secretaria Municipal de Limpeza Pública, que também responde pelo expediente do Meio Ambiente, esclarece que trata-se de uma espécie exótica – pertencente à flora de outra localidade, no caso a ficus elástica é originária da Indonésia e da Malásia […]. Através do setor técnico da Secretaria Municipal de Limpeza Pública, anteriormente orientou a direção da instituição em não proceder com o corte”, diz a nota.
O secretário municipal da Limpeza Pública, Vanderlei Dolce, declara ter reiterado que, em várias reuniões realizadas entre município e representantes do Complexo HC Famema, a equipe de coordenadores da pasta recomendou o prosseguimento das obras no local, contudo, sem a erradicação da espécie.
“A posição do setor técnico e do Meio Ambiente sempre foi contrário ao corte da seringueira, justamente pela árvore estar associada à história do Hospital das Clínicas”, afirmou Dolce. “Por se tratar de uma planta exótica e estar dentro das dependências de uma instituição, o município não tem autonomia sobre o destino da árvore, embora – que fique bem claro – a Limpeza Pública e do Meio Ambiente de Marília continuamos contrários ao corte dela”, concluiu o secretário.
OBRAS NA REGIÃO
Atualmente, duas obras públicas estão sendo feitas pela empresa Incorplan. Uma delas é a construção da nova portaria e sala de espera do Departamento de Atenção à Saúde em Alta Complexidade do HC/Famema. A empresa receberá pelo trabalho a quantia de R$ 871.858.55.
A Incorplan também é responsável pela construção do prédio do Hospital da Criança e da Mulher, do HC/Famema, com valor de R$: 57.397.253,74. As duas obras da empresa em Marília já tiveram início.