No Dia do Paleontólogo, Nava conta descobertas mais importantes da carreira
Ontem (7) foi comemorado o dia do paleontólogo, profissional que se dedica à paleontologia, ciência que apresenta como objeto de estudo os fósseis.
Em Marília, Willian Nava atua há 29 anos como paleontólogo e é o único profissional da área em toda a região do Oeste Paulista.
Nava é formado em história e jornalismo, mas se descobriu paleontólogo e foi o primeiro a encontrar vestígios de um dinossauro em solo mariliense.
“No Brasil não existe faculdade de Paleontologia. Então quem normalmente é paleontólogo no país é formado em biologia ou geologia. Eu sou formado em história e jornalismo”, disse Nava ao Marília Notícia.
O amor pela profissão nasceu ainda pequeno. A família mudou de Dracena para Marília, no final dos anos 60, e os vales chamavam a sua atenção. Ele queria saber o que tinha no fundo dos itambés que integravam a paisagem da cidade.
“Nos anos 80 entrei para trabalhar em um banco e não perdi esse pensamento. Meu pai assinava jornais e às vezes saíam matérias sobre descobertas de fósseis. Eu fiquei curioso porque falava que os ossos de dinossauros estavam incrustados em rochas e eu pensei ‘deve ser essas rochas que tem em Marília’. Comecei a colecionar as matérias de jornais e isso foi me aguçando a curiosidade”, lembra.
No final da década de 80, Nava, ainda bancário, começou a fazer buscas no entorno da cidade para conhecer as rochas. “Comecei pela zona Leste em 1989. Em 1993, em abril, achei o primeiro fóssil de Marília”.
“Posso falar com convicção que me reconheci como ser humano através da paleontologia. A paleontologia veio de encontro a mim e eu fui de encontra a ela, e foi um casamento perfeito. Eu já gostava desse assunto e as coisas correram muito bem. Nada é por acaso na vida. Deu tudo certinho pra mim. Executo o trabalho de paleontologia com o maior prazer e tenho o maior carinho e disposição de divulgar para as pessoas, atender os jovens pesquisadores que eventualmente me procuram”, diz Nava.
O paleontólogo já fez descobertas importantes para a ciência, que levaram o nome da cidade a repercutir nacionalmente.
Entre elas está a descoberta do titanossauro de Marília, o fóssil mais completo da espécie já encontrado no Brasil.
“Todos os fósseis são importantes para a ciência. Duas descobertas são super importantes para a minha carreira. O Dino Titã, em Marília em 2009. Até o momento é o mais completo titanossauro descoberto no Brasil. É um material que ainda está sendo estudado. E outra são os ossos de aves que encontrei em Presidente Prudente”, explica.
Nava é responsável por escavações em Marília, Pompeia, Oscar Bressane e a região de Presidente Prudente. O trabalho do paleontólogo não cessa.
“Meu trabalho com escavação não foi interrompido. Mesmo a pandemia não foi um obstáculo, como é feito em área aberta, não tem risco. Também tomamos as precauções. De 2020 pra cá foram feitas descobertas espetaculares. A mais recente foi em agosto do ano passado, ovos fossilizados de dinossauros carnívoros em Presidente Prudente. Ganhou uma grande repercussão nacional. Não sabemos se tem embrião dentro ou não, ainda serão feitos testes”, conta.
Segundo Nava, o paleontólogo tem por princípio remover as rochas em busca do passado.
“Nós vamos buscar o passado para trazer informações para o presente. O paleontólogo tem uma função muito importante que é escavar fósseis de animais antigos, que já desapareceram da Terra e estudá-los”.
O profissional ainda é responsável pelo Museu de Paleontologia de Marília, que atualmente está fechado para reforma, e deve ser reinaugurado ainda este ano com novos equipamentos e réplicas.