Saresp revela abismo educacional nas escolas estaduais de Marília

Os resultados do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp 2024) revelaram verdadeiro abismo no desempenho das escolas estaduais de Marília. A avaliação, aplicada anualmente pelo Governo do Estado, mede a qualidade do ensino nas séries estratégicas da educação básica e serve de referência para políticas públicas.
Em Marília, o desempenho médio é satisfatório nos anos iniciais do ensino fundamental, mas cai acentuadamente a partir do 6º ano e permanece baixo no ensino médio. O cenário acende um alerta para os gestores educacionais do município, sobretudo em relação à transição entre etapas.
No 2º ano do ensino fundamental, os resultados são bastante positivos. A maior média foi registrada pela Escola Professor Geraldo Zancopé, com 9,5 na média geral — 9,5 em Língua Portuguesa e 9,4 em Matemática. Também se destacaram as escolas Carlota de Negreiros Rocha e Maria Izabel Sampaio Vidal, ambas com média 9,0. Completam o grupo das cinco melhores nessa etapa as escolas José Augusto Bartholo e Maria Stella de Cerqueira César, ambas com média 8,9.
Na outra ponta, o menor desempenho foi da Escola Abel Augusto Fragata, com média 6,8, seguida pelas escolas Ruth Mamede de Godoy (7,9), Antônio Gomes de Oliveira (7,9), Neuza Maria Marana Feijão (8) e Edson Vianei Alves, que não apresentou dados para essa etapa. Ainda assim, mesmo as médias mais baixas permanecem dentro de um patamar considerado aceitável, indicando domínio básico da alfabetização.
A partir do 5º ano, já é possível observar uma queda no desempenho. As notas passam a variar entre 5,7 e 7,4, sinalizando dificuldades na consolidação dos conteúdos ao fim dos anos iniciais. Houve empate técnico no topo do ranking, com as escolas Bento de Abreu Sampaio Vidal e Abel Augusto Fragata, com média 7,4. Na sequência aparecem Carlota de Negreiros Rocha (7,3), Neuza Maria Marana Feijão (7) e Ruth Mamede de Godoy (6,9). Já a escola Geraldo Zancopé, que liderou no 2º ano, registrou a menor nota nesta fase, com 5,7.
Nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), o cenário se torna mais preocupante. Nenhuma escola ultrapassa média 5,4. A melhor nota foi da Escola Lourenço de Almeida Senne (5,4), seguida por Gabriel Monteiro da Silva (5,3), Edson Vianei Alves (4,8), Antônio Reginato (4,8) e Geógrafa Emico Matsumoto (4,7).
As menores médias foram registradas pelas escolas Professor Benito Martinelli e Padre João Walfredo Rothermund, ambas com 3,6. Também entre os piores desempenhos figuram as escolas Antônio de Baptista, Oracina Correa de Moraes Rodine e Ruth Mamede de Godoy, todas com média 3,8. A média geral entre as 10 escolas avaliadas nesta etapa varia entre 3,6 e 5,3 — índices que indicam desempenho insuficiente.
No ensino médio, a situação é ainda mais crítica. As “melhores” escolas não ultrapassam a média 3,5, e a maioria das unidades está entre 2,6 e 3,2. Esse resultado é especialmente grave, considerando que essa é a etapa final da educação básica e fundamental para o preparo dos estudantes para o Enem, vestibulares e o mercado de trabalho.
A maior média foi registrada pela Escola Professor Amilcare Mattei (3,5), seguida por Edson Vianei Alves (3,2), Monsenhor Bicudo (3,1), Antônio Reginato (3) e Reiko Uemura Tsunokawa (3). Já entre as piores estão Amélia Lopes Anders, Benito Martinelli, Oracina Correa de Moraes Rodine e Maria Izabel Sampaio Vidal, todas com média 2,6. A escola Ruth Mamede de Godoy aparece com média 2,7.
Os dados revelam um quadro de contrastes expressivos: enquanto algumas escolas alcançam excelência na alfabetização, outras enfrentam sérias dificuldades conforme avançam os anos escolares. O desafio agora é entender as causas dessa queda acentuada de desempenho e adotar políticas públicas eficazes, que garantam continuidade na aprendizagem e qualidade no ensino ao longo de toda a educação básica.