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O número de motoristas profissionais cresceu de forma expressiva nos últimos anos, especialmente após a pandemia de Covid-19. Tanto homens quanto mulheres vêm aderindo à profissão, mas o destaque vai para o avanço feminino, que vem crescendo em ritmo mais acelerado ano após ano.
Segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), obtidos pelo Marília Notícia, em 2020 havia apenas 549 mulheres com registro como motoristas profissionais. Já em 2021, esse número saltou para 1.327 — um crescimento de 141,71%. No mesmo período, o total de homens subiu de 2.689 para 4.422, o que representa um aumento de 64,45%.
A tendência se manteve nos anos seguintes. Em 2022, o número de mulheres cresceu 75,58%, chegando a 2.330, enquanto o de homens subiu 7,55% (4.756 no total). Já em 2023, o avanço entre as mulheres foi de 33,18% (3.103 motoristas), contra 24,77% entre os homens (5.934).
Em 2024, o crescimento desacelerou para ambos os sexos, mas ainda foi mais intenso entre as mulheres: 6,86% (3.316 registradas), contra 3,05% entre os homens (6.115). Em 2025, até o momento, foram registrados 965 novos cadastros femininos e 2.034 masculinos.
A profissão tem se tornado uma alternativa de sustento para muitas mulheres, especialmente diante da instabilidade econômica e da busca por maior autonomia. Essa transformação, visível nos números, também se reflete nas ruas de Marília.
É o caso de Karen Caparroz, motorista profissional desde 2018. Antes disso, trabalhou em empresas como a Sassazaki e a Paschoalotto, mas encontrou no transporte por aplicativo uma forma de conciliar maternidade e trabalho.
“Entrei na Paschoalotto, nesse meio tempo fiquei grávida e tive neném. Só que você fica presa. Eu não conseguia levar o neném ao médico, não conseguia levar na escola. Acabei saindo de lá e veio a ideia de trabalhar como motorista por aplicativo”, conta Karen.
Ela lembra que, no início, a atividade era mais lucrativa e menos exigente. Com seis horas de trabalho por dia, já conseguia encerrar o expediente. Hoje, no entanto, a realidade mudou.
“São muitos motoristas na rua, muita gente nova e agora colocaram moto [por aplicativo] em Marília. Antigamente não tinha”, comenta.
Atualmente, Karen trabalha até 12 horas nos dias úteis e até 16 horas nos fins de semana. Apesar da carga intensa, o retorno ainda compensa, segundo ela.
“Consigo tirar entre R$ 5 mil e R$ 6 mil, mesmo com carro alugado. Se fosse meu, o rendimento seria ainda melhor.”
Mas a rotina também tem seus desafios. Karen relata situações difíceis com frequência.
“Tem passageiro que não paga, que entra no carro e depois diz que está sem dinheiro. Tem passageiro bêbado, fedido, que quer mandar no carro — até na música que toca no rádio.”
Além das situações com clientes, ela aponta falhas na estrutura da cidade para quem trabalha com transporte por aplicativo.
“Em Marília, não tem lugar estratégico para embarcar ou desembarcar passageiro. Às vezes pedem corrida na frente de loja, onde não dá pra parar. E quando a gente espera uma corrida em algum ponto, vem o pessoal da Zona Azul querendo cobrar. Não tem espaço para a gente ficar.”
Segundo o Detran-SP, a anotação EAR (Exerce Atividade Remunerada) pode ser adicionada ou retirada da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a cada renovação, conforme necessidade do motorista.