Seis meses antes de pisar na maior mesquita do mundo, a grande mesquita do xeique Zayed em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, estava numa academia de jiu-jitsu no bairro Cascata, em Marília, entrevistando atletas que se preparavam para uma seletiva. A seletiva era justamente para o torneio conhecido como ‘Campeonato do Xeique’ e seria disputado no final daquele ano em Abu Dhabi. Mal sabia que em menos de 25 semanas depois chegaria de ônibus àquela capital árabe, após uma hora de viagem partindo de Dubai, um outro emirado.
A primeira mesquita que vi de modo mais detalhado ficava justamente em frente ao hotel em Jericó, e ao desembarcar na cidade mais antiga do mundo – são 11 séculos de história e muitos significados – soube que ali era um oásis. Só para contextualizar, outro dia, ouvindo a leitura da missa me emocionei com o trecho de Deuteronômio, último dos 5 livros iniciais da Bíblia, onde Jericó é citada como entrada para Canaã, o território prometido a Deus ao povo de Israel – nação resgatada do Egito por Moisés. O Monte Nebo, fica em frente a Jericó, e de lá o libertador dos hebreus viu Canaã, contudo, não entrou e encerrou ali sua missão.
A grande mesquita do xeique Zayed é uma das maravilhas arquitetônicas de nosso tempo, dotada de mil colunas e 82 domos de vários tamanhos. Sua beleza, magnífica, remete ao universo suntuoso descrito naquelas lendas árabes, também nas ‘Mil e uma noites’, de poder, glória e riqueza. Em seu interior, por exemplo, encontra-se o maior tapete feito à mão. São cinco mil metros quadrados e sua produção envolveu 1.200 artesãos. Desde 2017 este tapete configura no Guinness Book, o livro dos recordes. Pesa 12 toneladas e tem 2,2 milhões de nós. É de rara beleza e encanto.
Toda de mármore, a grande mesquita de Abu Dhabi domina o cenário daquela região e ao avistá-la, de longe, tem-se a impressão que o monumento surgiu de um sonho. Aliás, a própria estrutura e contornos te fazem entrar num sonho, num ambiente onírico paralelo à realidade. Como se estivesse assistindo a um filme, mas diferente de ser só espectador, você é também o protagonista, por estar contemplando um dos maiores feitos da humanidade.
Estive lá no período de toda uma manhã e acho que foi um dos lugares que mais fotografei em toda minha vida. Lembro que no acesso ao seu interior, num corredor, parei para tirar foto da parede que trazia o Papa Francisco numa visita ao local.
Abu Dhabi responde por 90% do território dos Emirados Árabes Unidos, sediando, inclusive, o centro político da nação. Este emirado tem 200 ilhas naturais e seu litoral contempla 400 quilômetros de faixa. Lá foi construído, ao que parece, o primeiro e único prédio circular, outra maravilha extraordinária da engenharia e da arquitetura moderna. Esse é o jeito de Abu Dhabi de deixar turistas do mundo inteiro boquiabertos.
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Ramon Barbosa Franco é escritor e jornalista, autor dos livros ‘Canavial, os vivos e os mortos’ (La Musetta Editoriais), ‘A próxima Colombina’ (Carlini & Caniato), ‘Contos do japim’ (Carlini & Caniato), ‘Vargas, um legado político’ (Carlini & Caniato), ‘Laurinda Frade, receitas da vida’ (Poiesis Editora) e das HQs ‘Radius’ (LM Comics), ‘Os canônicos’ (LM Comics) e ‘Onde nasce a Luz’ (Unimar – Universidade de Marília), ramonimprensa@gmail.com.