Marília segue no chão por culpa da Rede Voa

Marília segue no chão. A tão prometida ampliação do aeroporto, anunciada com pompa durante a concessão feita pelo então governador João Doria, virou mais uma frustração. A Rede Voa, concessionária responsável pela gestão do Aeroporto Estadual Frank Miloye Milenkovich, agora alega que não pode realizar as obras por causa do tombamento da área do Aeroclube de Marília.
Mas essa justificativa não se sustenta. O tombamento, aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito, atinge apenas 0,5% da área total do aeroporto — cerca de três mil metros quadrados dos 551 mil disponíveis. O diretor do Aeroclube, Jolando Gatto, afirma com todas as letras: estão tentando usar o tombamento como desculpa para justificar o descaso. E cá entre nós, está certíssimo.
Segundo ele, há inclusive uma área mais adequada para a construção do novo terminal, prevista em um projeto da década de 2000. A estrutura atual, dos anos 1950, está ultrapassada e mal comporta os voos existentes. Faltam espaço, pátio de aeronaves, estacionamento. O aeroporto virou símbolo da estagnação da cidade.

A reforma e ampliação do aeroporto não são favor: são cláusulas contratuais da concessão, firmadas com o Governo do Estado. Até quando vamos tolerar o descaso da Rede Voa? Chegamos ao ponto de ter banheiros químicos ao ar livre, uma imagem que resume o abandono. Uma cidade do porte de Marília não pode aceitar esse tipo de improviso. É mais uma prova do descaso com o mínimo de infraestrutura.
Enquanto isso, Marília segue fora da rota do desenvolvimento. Sem um aeroporto funcional, a cidade perde oportunidades em turismo, negócios, saúde e logística. Um dos maiores entraves ao progresso local é justamente essa obra travada. E, em vez de voar, a população segue a “ver navios” — ou melhor, não ver aviões.
Se a Rede Voa não tem capacidade ou vontade de cumprir o contrato, que devolva o aeroporto. Marília não pode mais esperar.