Mãe denuncia Gota de Leite após complicação em parto normal
O parto de uma auxiliar de cozinha de 30 anos, no último dia 11 de setembro, gerou nova denúncia contra a Maternidade Gota de Leite. Boletim de Ocorrência foi registrado pela paciente, que está com o filho recém nascido internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa, após complicações.
A mulher – que contou detalhes do caso ao Marília Notícia, mas pediu para não ser identificada – relatou ter passado por atendimento na maternidade na véspera do parto, por duas vezes. Ela se queixava de dores no baixo ventre, no entanto, como não tinha dilatação, foi mandada de volta para casa.
“No dia 10 eu voltei lá na Gota depois que peguei a carta com a médica que me atendia no posto de saúde. Ela [a médica da unidade básica] já tinha feito uma carta anterior, mas não me internaram por falta de dilatação”, disse.
Ainda segundo a paciente, o posto de saúde já havia apontado 41 semanas de gestação (supostamente, tempo máximo adequado), o que teria deixado a médica do pré-natal em alerta.
Após idas e vindas, a auxiliar de cozinha foi internada na Maternidade Gota de Leite para ter o bebê. “Uma médica explicou que seria necessário colocar um remédio para ajudar na dilatação. Internei umas 19h e às 20h colocaram o primeiro medicamento. O intervalo foi de seis horas”, explicou.
“Colocaram o remédio três vezes para ver se ajudava na dilatação e foram trocando os plantões. Como tinha que esperar a cada seis horas, no outro dia estava sentindo bastante dor”, reclamou a auxiliar de cozinha.
Os profissionais continuaram tentando induzir o parto normal e a mulher fez ainda todos os exercícios para auxiliar na dilatação.
“Eu estava fazendo todos os exercícios que seriam para me ajudar a dilatar, já estava muito cansada. No dia 11 a minha bolsa estourou mais ou menos umas 15h. Tinha quatro dedos de dilatação e depois foi para seis. Eu tinha muita dor, fazia força e a criança não saía”, relatou ao site.
A criança só nasceu às 18h40. Mas segundo a mãe, a bolsa já estourou com mecônio – primeira vez que o bebê defeca. “Mesmo assim continuaram persistindo no parto normal”, contou a auxiliar de cozinha.
A mulher relatou esgotamento físico e chegou a relatar que uma enfermeira subiu sobre seu corpo, para tentar forçar o nascimento da criança.
“As enfermeiras ficaram tentando fazer o parto. A médica chegou, fez eu levantar de onde estava – sala de pré-parto – e disse que estava vendo o cabelo do neném e que era para eu fazer mais força”, contou a mãe.
A mulher disse ainda que teve que caminhar até sala de parto. “Eu não tinha mais força pra empurrar ele e nem ele para sair. Quando ele nasceu, já saiu mole, colocaram ele em cima da minha barriga e eu não escutei meu filho chorar”.
O bebê teve uma convulsão ainda na Gota de Leite e precisou ser transferido para a UTI da Santa Casa, onde foi entubado. Foram 15 dias de ventilação mecânica.
A mãe conta que a criança ainda está no hospital, sem previsão de alta. Por ter ficado muito tempo entubado, ainda não consegue mamar, segundo a mulher. Durante o período de internação, o bebê vem apresentando convulsões.
O menino adquiriu, conforme a mãe, meningite devido a ingestão do mecônio. “Quando ele sair do hospital, terá que tomar medicações para não convulsionar e pode ficar com sequelas neurológicas”, denuncia.
A auxiliar de cozinha acredita que se a cesárea tivesse sido realizada antes, a situação do filho seria diferente. “Fiz consultas de rotina, estava tudo bem com o bebê. Paguei ultrassom duas vezes. O líquido estava normal, ele estava normal, com peso certo. Infelizmente, não fizeram a cesárea. Acho que foi negligência”, aponta.
A mulher antecipou que pretende acionar a Justiça. O advogado Lucas Dantas, que a representa, afirmou que acredita que o caso comporta indenização e pensão, em benefício da criança.
“Vamos pedir indenização de danos morais, considerando a expectativa de vida do menor e também a perda que ele pode ter na vida, devido a deficiência. Vamos pedir ainda a fixação de uma pensão mensal, já em liminar, para cobrir os tratamentos, os gastos com fralda, leite e todas as necessidades pela deficiência”, explicou o advogado.
Outro lado
A reportagem do MN procurou a maternidade Gota de Leite, que até a publicação desta matéria, ainda não havia se manifestado. O espaço continua aberto.