Fabrício muda sua versão do crime e confessa morte de esposa e enteada
O psicólogo Fabrício Buim Arena, de 36 anos, preso pela morte da esposa Cristiane Arena, e da enteada de nove anos, Karoline, mudou sua versão sobre o crime ao prestar depoimento na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Marília durante o início da madrugada desta quarta-feira (10).
Ele confessou que matou a mulher e também a menina. A informação é do delegado Cláudio Anunciato Filho, que concedeu entrevista coletiva assim que chegou de Campo Grande (MS), onde Fabrício foi preso.
O delegado explicou que o homem mantém uma versão de legítima defesa com relação à morte de Cristiane, porém mudou o relato de que Karoline teria sido morta pela própria irmã, uma adolescente de 16 anos. Ele confessou o crime contra ambas as vítimas.
A ideia do assassinato da criança, segundo a versão dele, teria partido da própria irmã. As mortes de mãe e filha ocorreram em datas diferentes.
“Ele voltou atrás e assumiu tanto a morte da mãe como a morte da criança, que foi asfixiada. A mãe morreu dia 9 de novembro e a criança no comecinho de dezembro, são quase 30 dias de diferença. Na versão dele, asfixiou a menina com as mãos e a mulher morreu com golpes de faca. Foi encontrada uma lesão no crânio da menina, mas o laudo não saiu ainda. Ele jura que não agrediu fisicamente, que foi asfixia. “, explicou o delegado.
Fabrício alegou que Karoline começou a questionar a falta da mãe e estaria atrapalhando ele e a adolescente, com quem mantinha um relacionamento.
“Segundo ele, a criança começou a questionar a presença da mãe, a atrapalhar eles e por ideia da adolescente de 16 anos, ele matou Karoline também”, disse Anunciato.
O assassino ainda teria contado que a adolescente ajudou a enterrar a própria mãe. Disse também que no momento da morte da irmã, ela não estaria em casa.
“Só queria falar que me arrependo muito, só isso”, disse Fabrício para a imprensa na chegada a Marília.
Violência sexual
Fabrício, segundo Anunciato, teria admitido relações sexuais com sua enteada de 16 anos.
“Ele confirmou que mantinha um relacionamento com ela a partir do momento que ela fez 15 anos. Em julho de 2019. Eles começaram a conviver praticamente como marido e mulher. O relacionamento dele com a esposa foi fraquejando”, explicou.
A polícia instaurou dois inquéritos, um para apurar a averiguação de estupro e outro sobre o homicídio doloso e ocultação de cadáver.
Prisão
O delegado pontuou que o psicólogo sacou dinheiro em Bataguassu (MS) no dia 2 de fevereiro. A polícia se deslocou para lá na última quinta-feira (4) e permaneceu até sábado (6) na tentativa de prender o homem.
Os policiais conseguiram a informação de que ele havia fugido para Campo Grande e repassaram um alerta para a polícia local.
Fabrício Arena foi preso no início da noite de segunda-feira (8), na periferia de Campo Grande, após pedir serviço em uma obra residencial. Ele foi reconhecido por um morador, que avisou a Guarda Civil Metropolitana.
Ele estava com sua própria Carteira Nacional de Habilitação (CNH), mas antes de ser revistado e ter o documento localizado, deu nome falso aos guardas. Tentou usar o mesmo nome que havia informado ao responsável pela obra, onde conseguiu serviço.
O delegado do caso acredita que Fabrício e a adolescente planejaram o crime. A prisão do psicólogo é preventiva.
O crime
Cristiane Arena, de 34 anos, e Karoline Vitória, de apenas nove anos, foram assassinadas e enterradas no quintal de uma residência no bairro Distrito Industrial em Pompeia.
A mãe estava sob um contrapiso que havia sido feito recentemente para ocultar o corpo. Já a menina em uma cova mais profunda, próximo de uma árvore e uma piscina, sendo necessário o uso de uma escavadeira para retirar o corpo.
As duas estavam desaparecidas desde o fim do ano passado. A polícia começou a investigar o caso após receber, através do Conselho Tutelar, denúncia de suposto cárcere privado. Os policiais se dirigiram até o imóvel diversas vezes, até localizarem na residência apenas o homem e a outra enteada.
Os dois afirmaram à polícia que Cristiane havia abandonado a casa junto com Karoline para morar com outro homem. A adolescente teria confirmado a versão de abandono por parte da mãe.
Enquanto Cristiane estava desaparecida, a irmã dela usava as redes sociais para tentar encontrá-la. A mulher chegou a declarar em vídeos que não acreditava que Cristiane tivesse desaparecido. Ela também afirmou que a sobrinha de 16 anos estava se relacionando com o padrasto.
Durantes as investigações os policiais constataram que o padrasto e a enteada tinham movimentado a conta corrente de Cristiane, inclusive sacando dinheiro da conta dela.
A descoberta gerou desconfiança da polícia, que foi até a residência e notou um novo concreto no quintal, reforçando ainda mais a hipótese de um possível crime.
Detida, a adolescente se recusou a falar. Os exames necroscópicos vão determinar as causas das mortes, que inicialmente seria facadas em Cristiane e golpe na cabeça da filha.
Os laudos também vão esclarecer há quanto tempo elas estavam sepultadas na própria casa.