Entendeu agora porque História deve ser disciplina obrigatória?
A foto acima circula pelas redes sociais com a legenda: ‘Entendeu agora porque História deve ser disciplina obrigatória?’. Trata-se de um alerta e uma forma de protestar contra a retirada da obrigatoriedade da disciplina de História da base curricular do chamado Novo Ensino Médio, assim como outras, que passam a ser eletivas.
Pelo menos essa foi a percepção que foi possível se ter até agora com a promulgação da lei do Novo Ensino Médio.
Com o novo Ensino Médio, existe a possibilidade da História se perder de vez. A montagem acima bem exemplifica isso. Não quero crer que esses jovens ao escolherem suas tatuagens ou roupas, tinham consciência do significado da Cruz Suástica, que na verdade não deveria jamais ser ostentada por quem quer que seja.
O repúdio a esse símbolo deveria ser unânime em todo mundo, de forma taxativa. É vergonhoso ainda ser utilizada para qualquer fim. Deveria ser motivo de vergonha a todos nós.
As únicas disciplinas obrigatórias em todos os anos são Matemática, Português e Inglês, aquelas que mencionei em outros artigos que os alunos do ensino médio não atingiram as proficiências mínimas durante sua escolarização. Apenas 27,2% dos jovens que concluíram o terceiro ano do ensino médio adquiriram proficiência em Língua Portuguesa e somente 9,3% em Matemática.
Talvez essas matérias sejam as de maior importância e acredito que sejam mesmo, mas isso não quer dizer que outras simplesmente possam ser descartadas como se nada agregassem na formação do aluno, do cidadão, do ser humano mais responsável socialmente.
Quando observo as novas gerações, as formas que utilizam para buscar conhecimento, começo a repensar se é acertado manter obrigatórias somente as três disciplinas mencionadas. Na minha opinião lhes falta base até mesmo para buscar conhecimento em quaisquer fontes de pesquisa.
Acredito que pudessem ser atualizados os conteúdos de muitas das que passaram a ser eletivas, que elas trouxessem um formato de ensino mais dinâmico, até mesmo com a utilização de novas tecnologias, as quais ao tempo de minha formação no ensino médio não existiam por barreiras tecnológicas.
Entendo que muitas disciplinas são passíveis da eletividade, ainda que algumas acabem por ser simplesmente esquecidas de todos. Os debates sobre isso deveriam ser aprofundados, mesmo com o anúncio de aprovação de 73% das pessoas à reforma do Ensino Médio.
Discussões de maior importância passarão à pauta agora, após a promulgação da lei. Discussões que poderão viciar negativamente aquele percentual de aprovação, já que decisões cruciais ainda não foram tomadas.
Mas calma, a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, do Ensino Médio, ainda não está fechada. Em discussão desde 2015, é quem trará as disciplinas que deverão ser ensinadas em todo País. Disciplinas como sociologia, artes, filosofia e educação física foram citadas pelo texto da lei e deverão ser contempladas no BNCC. t
Todavia, História e Geografia não tiveram menção e existe uma incerteza de muitos educadores sobre sua manutenção.
Os representantes do MEC dizem que serão contempladas com certeza as disciplinas de História e Geografia, mas certeza sobre isso não se pode dizer que existe. Aliás, até mesmo essa nomenclatura irá mudar. A ideia é que as disciplinas passem a se chamar “Componentes Curriculares Obrigatórios”, como se mudança resolvesse alguma coisa no tocante à retenção de conhecimento pelos alunos e à qualidade de ensino e conteúdo.
Acredito sim na necessidade da estruturação de um novo Ensino Médio, assim como acredito na necessidade de haver um maior investimento na formação e na carreira dos professores.
Melhores salários são necessários sim, mas igualmente importante, é uma melhor formação dos docentes, com qualidade e contemplando novas técnicas e tecnologias de ensino. Formas arcaicas de exercer a docência devem ser substituídas por técnicas que possibilitem aproveitar o melhor de cada aluno em consonância com novas tecnologias de informação, que hoje estão disponíveis para as salas de aula. Hoje muitos professores não estão capacitados a usar isso.
O censo escolar de 2015 aponta que 46,3% dos professores não tem formação específica na disciplina que ministra. Aqui no Estado de São Paulo são 45% dos professores os que lecionam, mas não possuem conhecimentos específicos da disciplina que ensina.
Na disciplina de Física são 71% os que não possuem formação específica. O Governo de São Paulo argumenta dizendo que está dentro do que é exigido por lei, mas nós sabemos que está muito e muito longe do ideal.
Reformular o Ensino Médio e manter esses índices de nada adianta, vamos continuar naufragando na “disciplina” Educação com Qualidade, de ensino e de conteúdo.
Como não vejo possibilidade de formar indivíduos socialmente responsáveis sem uma série de conhecimentos e informações que forjam uma pessoa melhor e mais completa, proponho que a coluna desta semana sirva para trazer você leitor a um momento de reflexão sobre qual indivíduo estaremos formando em nossas escolas.
Acredito que os debates sobre o Novo Ensino Médio sancionado pelo Presidente da República não cessarão tão cedo, assim reflitam o seguinte: “Com o novo ensino médio, nossa escola estará formando cidadãos em sua plenitude? Ou somente aptos a exercer uma profissão?