Empecilhos do dia a dia desanimam o caminhoneiro no Brasil
Sem razões para comemorar, os caminhoneiros lembram da própria data pelas dificuldades enfrentadas ao longo do caminho. Celebrado em todo território estadual nesta quinta-feira (30), o Dia do Caminheiro se esbarra em série de empecilhos como alta no valor do frete, tarifa de pedágios e o preço do óleo diesel, que acabam desanimando quem se arrisca todos os dias nas rodovias do país.
Além da data, a importância da categoria para a manutenção do país também é lembrada no Dia de São Cristóvão – santo padroeiro dos trabalhadores da classe -, celebrado em 25 de julho, e no Dia Nacional do Caminhoneiro, em 16 de setembro. Independente da época do ano, os profissionais enfrentam desafios reais para fazer a economia girar e levar o progresso do Brasil.
Com o preço do óleo diesel acima do valor da gasolina, tem sobrado pouco para o motorista de caminhão. Historicamente, o litro combustível utilizado pelos caminhoneiros sempre foi mais barato, ultrapassando apenas em 2022 o valor da gasolina. Já foram vários os reajustes neste ano. Fato que pressiona a já tão frágil inflação, já que a maior parte dos produtos e itens essenciais no Brasil é transportada por vias rodoviárias.
O caminhoneiro Rafael Pedroso da Silva Junior trabalha com caminhão há dez anos. O profissional explica que está empregado em uma empresa que garante condições de trabalho satisfatórias para a categoria. Para o caminhoneiro, as constantes mudanças nos preços não afetaram seu trabalho, mas destaca que os autônomos têm sofrido bastante.
“Eu tenho que comemorar, pois trabalho numa empresa muito boa, mas quem é autônomo sofre. O Brasil inteiro tá vendo. O preço do óleo diesel subindo e o autônomo em situação cada vez mais difícil. As empresas também sofrem, mas um pouco menos, pois ainda estão tendo carga. Tem muito autônomo vendendo o caminhão, por não aguentar mais essa situação. O preço do frete também está muito ruim. Quem paga a conta é o consumidor”, lamenta.
Hoje trabalhando como empregado, o caminhoneiro Fabiano Borges contou que era autônomo até o ano passado, mas não conseguiu arcar com os constantes aumentos no preço dos combustíveis.
Borges conta que tinha prestações do caminhão para quitar e precisou devolvê-lo. O custo de reposição de peças do veículo também subiu muito, o que tornou inviável a manutenção do serviço.
“Não tive como continuar com o meu caminhão. Ficou muito apertado. Não tem condições mais de trabalho. Só trabalha para pagar óleo diesel e pedágio. Não sobra nada e não consegue arrumar o caminhão. Ou você come ou conserta o caminhão. Daí o caminhão vai se acabando. Muitos amigos venderam o veículo de trabalho. Meu irmão vendeu, meu pai parou. Quem continua está em uma situação muito difícil”, afirma Borges.
O caminhoneiro diz que nunca achou que fosse ver o preço do óleo diesel mais caro que a gasolina, e ressalta que as empresas também estão passando por dificuldades, com os altos custos. Já são 20 anos de estrada, a paixão de uma vida.
“O cara que tem uma empresa tem que pagar o diesel, pedágios, funcionário, 13º salário e férias. Para o patrão também não está fácil. Eu tive caminhão e, por isso, sempre colaboro com o patrão, pois sei como dói no bolso. Fui para Fortaleza/CE e já estou 17 dias longe de casa. Essa vida não é fácil. Espero que tudo melhore. Deixo um grande abraço para todos meus amigos neste dia. Que Deus abençoe todos, que o Brasil melhore e que pensem mais no caminhoneiro”, finaliza Borges.
AUXÍLIO PARA OS CAMINHONEIROS
O Governo Federal estuda um auxílio para os caminhoneiros autônomos de todo o Brasil. A criação do “voucher caminhoneiro”, quem é um auxílio-diesel de R$ 1 mil. A estimativa é que o governo invista R$ 38,75 bilhões com o benefício e reajustes no Auxílio Brasil, no Vale Gás e outros. Os recursos devem sair de receitas extraordinárias da União.