Dono de garagem é suspeito de série de golpes envolvendo veículos de luxo
Um ex-policial militar – dono de um estacionamento de veículos na zona norte de Marília – virou alvo de uma investigação que apura série de golpes. Inicialmente, a suspeita era de apropriação indébita pela venda de veículos de clientes que estavam em sua posse. Uma nova denúncia, no entanto, aponta para fraudes na alienação de carros que sequer estavam à venda.
Conforme já mostrou o Marília Notícia, um dos casos envolve uma aposentada de 64 anos, dona de um Chevrolet Tracker, modelo 2021, com valor estimado entre R$ 93 mil e R$ 103 mil.
A idosa contou à polícia que deixou o automóvel com o “garagista” no dia 6 de maio para a venda. O acordo – que teria sido feito apenas de forma verbal – foi a venda do carro, com a transferência direta da dona para o futuro comprador.
Mas o carro foi vendido e nenhum dinheiro apareceu. A transferência ficou pendente e o dono do estacionamento, segundo a vítima, não retorna seus contatos.
AVALANCHE
Conforme apurou a reportagem, a Polícia Civil já recebeu mais de 10 denúncias com indícios de estelionato, incluindo crime contra a dona de uma rádio.
As vítimas relatam que não conseguem contato com o dono do estabelecimento, que está com as portas fechadas.
O mais novo registro é de um autônomo de 44 anos, dono de um Mercedes-Benz C200, ano 2015/2016. Ele disse que conhecia o comerciante suspeito desde a infância e não esperava se tornar vítima.
O homem conta que já havia negociado vinhos com o ex-militar em algumas ocasiões. Em conversas informais, chegou a mencionar a intenção de vender o carro – o qual avaliava estar em R$ 118 mil -, mas nunca teria formalizado a negociação nem autorizado qualquer transação.
ALIENAÇÃO FRAUDULENTA
Com as falas reiteradas do vendedor, com interesse em seu Mercedes, ele teria desconfiado e solicitado uma consultar a um despachante. A vítima descobriu que o carro havia sido alienado junto a um banco, em nome de uma terceira pessoa, sem sua autorização.
A operação de financiamento, no valor de R$ 75 mil, ocorreu em abril. Ao questionar o comerciante suspeito, foi informado de que a prática seria “comum entre garagistas” e que o pagamento integral do veículo, ou seja, supostos R$ 140 mil, cairia na conta da vítima até o fim de junho.
Ele prometeu ainda, segundo a vítima, pagar em sete parcelas via Pix. Um contrato chegou a ser redigido entre as partes e o autônomo aceitou entregar seu carro, caso o acordo fosse cumprido.
CADÊ O CARRO?
Ocorre que, ainda segundo o relato da vítima, no final de maio um homem desconhecido – supostamente o titular do financiamento – o procurou por telefone dizendo que o financiamento era parte de um acordo e precisava do veículo.
A vítima procurou novamente o garagista, que teria pedido mais tempo para resolver o imbróglio, alegando ter sido vítima de um golpe.
Em busca de orientação, o proprietário do carro entrou em contato com o banco. A empresa orientou pelo registro de boletim de ocorrência, para que a polícia esclareça possível crime.
O carro segue com seu dono, mas agora consta como “alienado ao banco”, com atraso nas parcelas do financiamento que ele nunca autorizou, possivelmente tendo como titular da dívida o interessado no Mercedes.
A reportagem procurou a Polícia Civil, que confirmou ter registrado a série de denúncias, mas ainda não informou haver avanços na apuração de eventual crime.