Marilienses esperam anos por consulta médica e exames
Muitos marilienses esperam anos por consultas com especialista e realização de exames pela rede municipal de saúde. Sem diagnóstico e tratamento os pacientes seguem com dores e dúvidas.
A reportagem do Marília Notícia conversou com várias pessoas que enfrentam o descaso na saúde pública em Marília.
Há um ano a zeladora Eunice Maria dos Santos, de 50 anos, espera pela segunda consulta com ortopedista. Ela já fez o tratamento, mas continua com muitas dores na coluna provocada pela pressão de uma hérnia de disco.
“Já havia esperado dois anos por uma consulta e passei pelo especialista durante mutirão da ortopedia. Fui encaminhada para a fisioterapia, mas só consegui fazer porque as funcionárias do posto de saúde do bairro Costa e Silva conseguiram marcar um exame de raio-X. Mas continuo com dores e fui encaminhada novamente ao ortopedista. Infelizmente uma consulta é artigo de luxo”, disse.
Como também ainda não conseguiu passar por um médico especialista e sente muitas dores no estômago, a estudante Rafaela Vilasboas, de 17 anos, se automedica.
“Eu tive a primeira crise quando tinha 13 anos, a médica do posto de saúde me encaminhou para um gastro. Até hoje nada, de vez em quando fico ruim e tomo remédio por conta própria. Minha tia tem úlcera e desconfio que eu também tenha”, contou. Rafaela.
Em Marília a situação é mais grave porque a consulta não é certeza de que o diagnóstico vai ser definido rapidamente. Alguns pacientes entram em outra espera interminável pela realização de exames.
É o caso da vendedora Silvana Olivato, 55 anos, que passou pelo especialista, mas não pelos exames pedidos. “Depois de um ano de espera o ortopedista pediu exames porque tenho dores no joelho, mas nunca chamam. Eu ando mancando o dia todo e a noite dói tudo”, contou.
A autônoma Kelly Stephanie Nascimento da Costa, 21 anos, precisa fazer exames de sangue para descobrir o que está causando ferimentos em sua pele.
“A médica do posto de saúde me encaminhou para consulta com dermatologista e aproveitou pra pedir exame de sangue para investigar o que está provocando feridas na minha pele. Mas até agora nada”, disse.
Alguns destes pacientes não sentem dores, mas tem urgência no diagnóstico. A boleira Fabiana Agostinho da Silva, 32 anos, contou que entrou com o pedido de ortopedista para a filha há três anos para tentar descobrir o que causa o desequilíbrio na criança.
“Minha menina caía muito, mas muito mesmo e a toa. O pediatra que nos atende no posto de saúde Planalto encaminhou para o ortopedista, mas até agora nada”, explica Fabiana.
O filho da promotora de vendas Tatiane Fernanda da Costa, 34 anos, precisa passar por psicólogo para constatar se é hiperativo ou não. Há um ano e meio espera pela consulta. “Há um ano e meio espero a consulta. Vou perguntar para as funcionárias do UBS do Jardim América e a única resposta é que tem que aguardar”.
A pensionista Sebastiana de Nóbrega, 61 anos, quer descobrir o motivo pelo ganho excessivo de peso. “Estou engordando muito rápido e nenhum outro médico soube explicar. Marquei consulta com nutricionista, mas já faz um ano e nada”.
Algumas pessoas cansam de esperar, juntam dinheiro e pagam pela consulta. É o caso da dona de casa Rita de Brito, de 53 anos. “Fiquei cinco anos esperando pela consulta com oftalmologista. Eu precisava trocar meus óculos, estava com muita dificuldade. Fiz o pedido no posto do Chico Mendes, mas precisava muito e paguei”, contou.
A reportagem do Marília Notícia entrou em contato com a Prefeitura de Marília para saber o que está sendo feito para solucionar o problema, mas até o fechamento desta matéria não obteve retorno.