Dólar abre em queda de 0,81% com investidores voltando a buscar ativos de risco
O dólar abriu em queda nesta quarta-feira (7), ampliando as perdas do dia anterior, à medida que investidores pelo mundo deixam de lado os temores com uma recessão nos Estados Unidos e voltam a buscar ativos de maior risco, provocando uma recuperação dos mercados.
Às 9h04, o dólar caía 0,81%, cotado a R$ 5,6131. Na terça-feira (6), a divisa fechou em queda firme de 1,40%, aos R$ 5,658, e a Bolsa brasileira avançou 0,80%, aos 126.266 pontos.
O dia foi de correção global após a enorme aversão ao risco que marcou a sessão de segunda-feira, em meio a temores de uma recessão nos Estados Unidos. Bolsas derreteram com a fuga de investimentos considerados de risco, como é o caso de mercados acionários e emergentes.
O principal índice do Japão, na segunda-feira, chegou a perder mais de 12% e teve o mecanismo de “circuit breaker” uma espécie de “disjuntor” que trava negociações em meio a grandes flutuações acionado ao longo do pregão. Na terça, porém, a Bolsa japonesa se recuperou e fechou em forte alta de 10,23%.
A performance se refletiu em outros mercados asiáticos como o índice Kospi, da Coreia do Sul, que subiu 3,3% nesta terça. O índice de ações de Taiwan, que teve sua pior venda da história na segunda-feira, se recuperou e valorizou 3,38%.
O dia também foi positivo para Wall Street: Dow Jones avançou 0,76%, Nasdaq, 1,03%, e S&P 500, 1,04%. Na Europa, o índice STOXX 600 subiu 0,29%.
Os temores de contração da maior economia do mundo ganharam força na sexta-feira, após a divulgação de dados de mercado de trabalho vierem abaixo do esperado.
Os ânimos dos agentes financeiros foram acalmados com novos números sobre a atividade do setor de serviços, que se mostrou mais aquecido do que a expectativa do mercado.
Além disso, uma autoridade do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) ajudou a diminuir o pânico. Austan Gooslbee, presidente do Fed de Chicago, disse que, embora os dados de emprego tenham sido mais fracos do que o esperado, não parece haver uma recessão a caminho.
Na cena doméstica, a divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária) também foi destaque.
O comitê do BC (Banco Central) reafirmou o compromisso com a convergência da inflação à meta e disse que não hesitará em subir a taxa Selic mais uma vez, caso necessário.
A ata, na visão da equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú, transmite que o colegiado está atento às perspectivas de inflação e pronto para subir os juros caso o câmbio continue deteriorado.
“Como acreditamos que o real se fortalecerá nas próximas semanas, à medida que os mercados globais se acalmarem, mantemos, por enquanto, a previsão de que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano”, afirmou a equipe em relatório a clientes.
“Se o câmbio não reagir, um ciclo de alta, começando em setembro, será inevitável.”
Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil WM, Gino Olivares, a ata reforçou a mensagem mais dura do comunicado que acompanhou a decisão do BC na semana passada e mostra um Copom coeso e comprometido com o objetivo de levar a inflação à meta.
“Num cenário que, por diversos fatores, está ficando cada vez mais incerto, agora temos uma incerteza a menos”, pontuou.
Olhando para o corporativo, o Ibovespa se beneficiou do avanço de papéis de peso.
Bradesco estendeu ganhos da segunda-feira e fechou em forte alta de 3,42%, ainda embalado pela repercussão positiva do balanço trimestral. Itaú subiu 2,22%, antes de divulgar os dados do último trimestre.
Vale teve alta de 0,51%, apesar das perdas do minério de ferro no exterior. A Petrobras avançou, com investidores também na expectativa pelo balanço corporativo da petroleira, que será divulgado na quinta-feira depois do fechamento do mercado. Os papéis preferenciais subiram 1,74%; os ordinários, 2,09%.
Na ponta negativa, Vamos liderou com tombo de 10,03%, após o balanço trimestral frustrar expectativas de investidores.