Câmara aceita abertura do impeachment
A Câmara dos Deputados aceitou neste domingo (17) a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Por volta das 23h08 a oposição já tinha os 342 votos necessários para o prosseguimento do processo. A votação segue em andamento.
A petista é acusada de fraudes fiscais no orçamento da União, as famosas pedaladas fiscais, que mergulharam o país em uma profunda crise.
Agora o Senado será autorizado a julgar Dilma. Mas isso só ocorrerá, porém, se metade dos 81 senadores (41 votos) acompanharem a posição dos deputados. Essa decisão está prevista para ocorrer em meados de maio.
Se os senadores decidirem abrir o processo, Dilma ficará afastada por até 180 dias à espera do julgamento; enquanto isso, o vice Michel Temer (PMDB) assumiria o cargo interinamente.
No julgamento final pelo Senado, a presidente seria definitivamente deposta caso 54 senadores (dois terços do total) votarem pelo impeachment. Nesse caso, Temer assumiria o posto até a passagem do mandato para o próximo presidente eleito da República, em 1º de janeiro de 2019.
Governo fala sobre derrota
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), admitiu a derrota do governo antes mesmo do fim da votação. Segundo Guimarães, a derrota é “provisória”, e o governo tem ainda a chance de reverter a situação no Senado com a ajuda das ruas.
“Perdemos porque os golpistas foram mais fortes. Reconhecemos a derrota, mas de cabeça erguida. Estamos firmes, e este país vai se levantar contra esses golpistas que não têm voto, e muito menos condições de governar o país”, disse o líder do governo.
Guimarães adiantou que a estratégia dos governistas será, em um primeiro momento, concentrar esforços no Senado, e, com a ajuda do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, acionar também o Judiciário.
“Os golpistas venceram aqui na Câmara, mas a luta continua nas ruas e no senado, que pode corrigir essa ação dos golpistas que foram capitaneados por aqueles que não têm autoridade moral para falar em ética”, afirmou Guimarães. Para o deputado, reconhecer essa derrota provisória não significa dizer que a luta terminou. “A guerra não terminou. Vamos agora discutir o mérito no Senado Federal.”
“Nossas expectativas são de que o país se levante e continue a lutar. Não somos de recuar, ou nos abater por esta derrota momentânea. As ruas estão conosco e temos condições de virar o jogo no Senado. O mundo inteiro começa a se mobilizar. Não é possível aprovar impedimento de uma presidenta que não cometeu nenhuma ilegalidade. É um desrespeito a 54 milhões de pessoas que votaram na presidenta. A luta está apenas começando. A guerra será lenta, gradual, segura e prolongada, até porque o vice-presidente [Michel] Temer não reúne a menor condição de comandar o país”, afirmou o líder.
Guimarães acrescentou que, assim que o processo for concluído, vai se encontrar com a presidenta “para dar um abraço nessa mulher valente que é a presidenta Dilma”.