Marília se prepara para disputa eleitoral intensa em meio a incertezas políticas
Em meio a um cenário de mudanças e incertezas, a cidade de Marília se prepara para um pleito municipal que promete ser marcado por intensos debates e rivalidades políticas.
O atual prefeito Daniel Alonso (sem partido) já é reeleito e não pode mais se candidatar.
Daniel enfrenta desgaste junto à população no último ano de mandato, mas seu controle sobre a máquina pública e uma avaliação dos quase oito anos de governo, pode adicionar peso ao possível sucessor. O silêncio de Alonso sobre qual candidato irá apoiar, vem gerando inquietação dentro do próprio grupo político.
Nos bastidores, uma gama diversificada de figuras tenta o protagonismo, cada uma trazendo consigo sua história, desafios e estratégias para conquistar a confiança dos marilienses.
Enquanto o tabuleiro político se forma, destacam-se líderes experientes, novatos e aumenta a incerteza sobre quem ocupará o cargo-chave na administração municipal a partir de 2025.
O Marília Notícia traz um resumo das movimentações e estratégias de uma variedade de candidatos e figuras influentes, o que reflete a complexidade de uma cidade que busca o melhor rumo para o futuro político.
VINICIUS CAMARINHA
Nome mais cogitado e lembrado para a disputa deste ano, o deputado estadual Vinicius Camarinha (PSDB) é a principal força de oposição ao governo Daniel e atualmente considerado, por muitos, o favorito para vencer a eleição.
Ao MN, Camarinha disse ainda não ter tomado uma decisão oficial sobre o pleito municipal. A opinião de sua família e a sequência de sua vida pessoal, hoje em grande parte baseada na capital paulista por conta do trabalho como deputado, deve ser fator decisivo em sua escolha.
“Ainda não decidi, mas já tenho uma certeza absoluta. Temos que varrer esse governo da nossa cidade de Marília. Impuseram sofrimento, dívidas e desgosto ao nosso povo”, afirmou Vinicius.
Com uma base eleitoral sólida, espaço para crescimento e desempenho em seu papel como parlamentar, o experiente político enfrenta o desafio de superar as lembranças negativas de sua gestão como prefeito, no período de 2013 a 2016, principalmente no final de mandato com a crise do lixo.
O cenário adverso na época, marcado por crises nacionais, contribuiu para sua derrota frente a Daniel Alonso.
Mais experiente, o deputado estadual deve trabalhar a memória dos marilienses pelos bons serviços pontuais que realizou quando foi prefeito e convencer a população que pode liderar a cidade novamente a um futuro próspero.
O Marília Notícia consultou o advogado especialista em Direito Eleitoral, Samuel Castanheira, sobre a hipótese de Vinicius querer migrar para outro partido na próxima janela eleitoral, que vai de 7 de março a 5 de abril. O nome do deputado teria sido cogitado de forma extraoficial pelo Partido Social Democrático (PSD), de Gilberto Kassab, para disputar a eleição municipal.
Segundo o especialista, apenas políticos em último ano de mandato eletivo, como é o caso de vereadores e prefeitos, podem fazer a transferência. “No caso de deputado, o mandato está vigente e, se houver a mudança, o suplente de Vinicius poderia pedir a cadeira dele na Assembleia Legislativa. A legislação eleitoral condiciona este tipo de mudança de partido no período atual à suplência do parlamentar, que teria o direito de solicitar a cadeira”, explicou.
Conforme Castanheira, Vinicius poderia fazer a mudança em caso de aval do PSDB. “Se o partido articular politicamente com a outra sigla, supostamente o PSD, e ambos chegarem num acordo, o Vinicius mudaria sem correr o risco de perder a cadeira durante a campanha. Esta articulação poderia acontecer em caso de aliança estadual do PSDB com o PSD, visando a eleição de Marília”, detalhou.
ABELARDO CAMARINHA
O ex-prefeito de Marília, ex-deputado estadual e ex-deputado federal Abelardo Camarinha (Podemos), pai de Vinicius, não quer, como se diz no bordão popular, ‘largar o osso’. Amando ou odiando, Camarinha sempre teve papel relevante nas eleições em Marília e dessa vez não deve ser diferente.
Abelardo disputou a última eleição em 2020, ocasião em que foi derrotado por Daniel Alonso e teve os votos impugnados pela Justiça Eleitoral.
Mesmo com problemas na Justiça, que o impedem de se candidatar atualmente, ele afirmou que pretende voltar a disputar o pleito.
“Pretendo, atendendo aos pedidos do povo, que está sofrendo muito com tudo. Não tenho nenhuma condenação e sofro perseguição política por ter contratado 15 ‘braçais’ em 2002 para combater a dengue. Já está mais do que prescrito. Vejo a cidade abandonada, falida, sem água, educação e zeladoria. A Prefeitura virou um balcão de negócios”, afirma Camarinha, ignorando as decisões judiciais.
Ele se diz confiante para reverter sua situação legal na Justiça e tentar uma nova eleição.
“Marília precisa de um prefeito experiente, que conheça a máquina administrativa e os problemas dos bairros. Meu nome estará nas urnas, se Deus quiser”, diz.
Igual ao filho, o cacique político tem uma forte base eleitoral, mas ao contrário de Vinicius, uma rejeição muito maior de boa parte do eleitorado mariliense.
Fontes ouvidas pelo MN nos bastidores apontam ser improvável Abelardo conseguir a reversão de sua inelegibilidade, restando a ele o papel de cabo eleitoral de Vinicius, com quem, por sinal, tem uma relação extremamente desgastada.
Outra possibilidade é cindir totalmente com o filho e lançar a atual mulher, Fabiana Camarinha. A esposa, a depender das alianças partidárias, pode tentar vaga também como vereadora.
ALYSSON ALEX
Vice-presidente do Marília Atlético Clube (MAC) e assessor especial de Governo da Prefeitura de Marília, o advogado Alysson Alex (PL) é um nome cotado pelo Partido Liberal para substituir o prefeito Daniel Alonso. Ele já manifestou o interesse em disputar o cargo e se disse preparado para assumir a responsabilidade.
“Hoje eu me sinto extremamente preparado para assumir essa responsabilidade. Conheço todos os problemas da cidade e sei o que Marília precisa. A pretensão vem por ser lembrado, de forma automática, pelas pessoas que me enxergam como uma liderança, alguém que já fez algo para a cidade e com uma folha de serviços prestados ao município”, conta Alysson Alex.
O advogado acredita que seria uma grande oportunidade de fazer algo a mais por Marília.
“Me coloco à disposição para ser um possível candidato. Não vou dizer nem hoje que eu seja um pré-candidato e sim que eu sou candidato a candidato. Posso me tornar depois, num segundo momento, um pré-candidato e um possível candidato. Quem vai decidir é meu partido e meu grupo político”, afirma o vice-presidente do MAC.
Entre os nomes ventilados no grupo dos Alonso, Alysson destaca-se de longe como o mais capacitado para lidar com a complexidade da máquina pública, graças ao seu conhecimento aprofundado dos meandros burocráticos.
No entanto, a falta de apoio de algumas lideranças na cidade, a visão negativa de formadores de opinião influentes sobre o seu trabalho e personalidade, além da atual baixa aprovação do governo, representam desafios significativos.
A relação morna do prefeito Daniel com seu nome até o momento, apesar da lealdade de Alysson ao grupo, adiciona uma camada de complexidade à força de sua possível candidatura.
Ele concentra as fichas no trabalho de recuperação do MAC, visando projetar seu nome através dessa empreitada. A estratégia revela uma tentativa de associar-se a uma causa positiva para compensar possíveis desvantagens políticas.
CÍCERO DO CEASA
No xadrez político de Marília, o vice-prefeito Cícero da Silva (PL), popular Cícero do Ceasa, surge como uma figura que se destaca por sua proximidade com a periferia e sua atuação em prol da comunidade.
Ao MN, ele expressou disposição de disputar a cadeira de prefeito. Dentro do grupo político de Daniel, Cícero e Alysson são os nomes mais robustos que buscam apoio do prefeito.
“Naturalmente seria eu, mas a gente tem um respeito ao grupo e tem outros que gostariam de ser um pré-candidato ou futuro candidato. Não pode impedir a vontade de cada um do grupo. Eu tive uma experiência pela Câmara, sou vice, que não tem poder de nada, mas tenho lutado muito para ajudar o prefeito Daniel, atendendo mais o povo, visitando a periferia com a qual me identifico, conversando com empresários para crescer politicamente. O que eu poderia dizer é que sou um pré-candidato. Um dos pré-candidatos ao pleito, entendendo a vontade de todos”, disse Cícero.
Embora tenha suas raízes fincadas na zona norte da cidade e uma experiência sólida no Legislativo, o atual vice enfrenta desafios rumo à candidatura municipal.
A falta de confiança do prefeito Daniel Alonso, o financiamento de campanha e a desaprovação de seu nome por parte dos grandes empresários da cidade, são as maiores barreiras a serem transpostas.
Além disso, seu passado em partidos de esquerda (Cícero já foi do PT) confronta a preferência histórica de Marília por candidatos alinhados à direita e essa questão pode ser explorada pelos adversários.
Cícero se destaca também pelo intenso combate ao grupo dos Camarinhas, uma narrativa que pode ressoar positivamente entre os eleitores que não gostam de Vinicius e Abelardo.
Como uma figura simpática e sem alta rejeição, o político traz consigo a promessa de uma gestão mais próxima da periferia, desafiando o padrão dos últimos mandatos. Ao mesmo tempo, é considerado entre especialistas como inábil para lidar com a máquina pública, situação que poderia colocar a cidade em risco.
“Eu tenho um sonho. Não é ambição para atingir o ápice da minha vida. Se não for para ser, vou continuar na minha vida comunitária. Marília precisa experimentar uma candidatura do povo. Os últimos 40 anos são do ramo empresarial, gestões centro-bairro. Temos que experimentar uma gestão bairro-centro. O povo carece disso. Prefeito Daniel vem fazendo o papel dele, uma gestão não é fácil, mas uma das coisas que tenho avaliado bastante é ouvir a família. Tenho conversado muito com minha família para ter uma direção, para saber se estou no caminho certo”, finaliza.
CAPITÃO AUGUSTO
Outro nome ventilado no PL é do deputado federal Capitão Augusto, que recentemente se casou com a deputada estadual Dani Alonso (PL), filha do prefeito de Marília.
Augusto conta com a total confiança de Daniel e seria o candidato ideal na visão do prefeito para dar continuidade ao trabalho. Questionado pela reportagem, o deputado foi solícito, mas desconversou.
“Quero deixar bem claro que tenho o maior carinho e o maior interesse por Marília. Fui o deputado federal mais votado aqui. Hoje sou casado com a Dani Alonso, deputada estadual, residindo aqui em Marília também. Tenho o maior interesse na cidade, mas estou incumbido pelo Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal, Tadeu Candelaria, presidente do Diretório Estadual, juntamente com Bolsonaro, com a Michelle Bolsonaro, com o Tarcísio, de elegermos o nosso candidato conservador aqui”, conta o deputado.
Para Augusto, Daniel fez uma gestão municipal que marcou história e que tem interesse em dar continuidade no trabalho, elegendo um candidato com os propósitos do PL.
Sua condição de candidato “de fora”, somada ao fato de agora ser parte da família Alonso, pode gerar rejeição em parte dos marilienses que andam descontentes com a administração municipal. Por outro lado, sua sólida posição alinhada à direita do espectro político pode impactar positivamente em uma cidade historicamente inclinada para esse viés ideológico.
A ausência de manchas em seu currículo contribui para fortalecer a imagem do deputado, mesmo com ele dando a entender que no momento não tem a intenção de disputar a sucessão na “terra da bolacha”.
O maior empecilho, na verdade, é o fato de Augusto ter se casado no civil com Dani Alonso, filha de Daniel. O especialista Samuel Castanheira esclareceu que, conforme legislação eleitoral, o parlamentar poderá ficar inelegível, caso tente a cadeira.
“O Daniel só poderia renunciar ao cargo para um parente ou familiar sair candidato, se estivesse num primeiro mandato como prefeito. Como ele está reeleito, a legislação não permite ele apoiar um genro, filha ou esposa, nem mesmo deixando o cargo”, informou Castanheira.
Caso Capitão Augusto dispute a campanha neste ano, um adversário político poderá pedir na Justiça Eleitoral a inelegibilidade dele, por estar casado com Dani Alonso. “Se fosse o primeiro mandato do Daniel e ele não decidisse se candidatar para a reeleição, era só pedir renúncia e então apoiar um familiar na campanha”, completou o especialista.
PALOMA LIBANIO
Totalmente alinhada politicamente com o grupo dos Camarinha, outro nome muito comentado é o da médica Paloma Libanio, superintendente do HCFamema. Ao Marília Notícia, ela revelou que frequentemente tem sido questionada sobre uma possível candidatura.
“Sabia que algumas pessoas têm me perguntado? Na verdade, as pessoas próximas a mim. Amo medicina, amo gente e amo gestão. Acredito nas políticas públicas como forma de melhorar a vida da população, mas ser candidata na eleição municipal é um caminho bem diferente do que imaginei”, conta a superintendente do HCFamema.
Paloma não afirmou que seria candidata, nem negou a possibilidade. A gestora do HC conta com a confiança de Vinicius Camarinha e vem sendo blindada por apoiadores à exposição de possíveis polêmicas.
Questionada se cuidar de um grande complexo, como o Hospital das Clínicas, seria parecido com a gestão de uma cidade, respondeu que ambos são desafiantes.
“Acredito que ser gestora de um hospital, que atende uma população de 1,2 milhão e emprega quase três mil pessoas, é um desafio como qualquer outra gestão, que cuida e tenta melhorar a vida das pessoas”, diz Paloma.
Sua presença na arena política é marcada por características distintas: além de sua beleza, Paloma é reconhecida por sua fala doce e habilidade persuasiva, contribuindo para uma baixa rejeição e um considerável potencial de crescimento eleitoral, embora sua notoriedade na cidade ainda seja bastante limitada.
Como contraponto, a médica enfrenta possíveis problemas que podem ser explorados por adversários, especialmente em sua posição atual na gestão do HC, com recentes exposições de problemas internos e denúncias de perseguição e assédio moral contra funcionários, os quais ela nega veementemente.
Vale ressaltar que a possível candidatura de Paloma Libanio está intrinsecamente ligada à decisão de Vinicius Camarinha, indicando que ela ingressaria na corrida eleitoral somente se o deputado estadual optasse por desistir e lhe desse a ‘bênção’.
Se Vinicius decidir enfrentar as urnas em outubro, ela deve atuar no suporte da campanha. Caso Camarinha desista, seu nome ganha muita força e pode ser indicado na disputa.
TATÁ DOMINGUES
Desde 2017, Claudirlei Santiago Domingues, mais conhecido como Tatá, desempenha o papel de presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Marília (Codemar). Seu trabalho e prestígio junto ao prefeito o colocam como uma possível carta na manga de Daniel Alonso para as eleições em outubro.
Embora não seja considerado explicitamente pelo grupo, Tatá é visto como um candidato viável. A relação de confiança com o chefe e com a deputada estadual Dani Alonso reforçam sua posição como uma figura política relevante.
O Marília Notícia apurou que Daniel não comenta nomes até o momento e tentará ser o mais neutro possível até o final de março, para dar chances a todos em seu grupo e evitar possíveis desavenças internas.
Nascido em Pompeia, onde se destacou como o vereador mais votado em 2012, Tatá expandiu a influência para Marília. Embora tenha enfrentado uma derrota na disputa pela Prefeitura de Pompeia em 2016, ele é respeitado no meio político regional.
A falta de reconhecimento público em Marília representa hoje o maior desafio de Tatá para uma eventual campanha eleitoral.
Questionado sobre o assunto, Domingues não respondeu as mensagens do Marília Notícia.
MARCOS REZENDE
Após ficar 60 dias na UTI se recuperando da Covid-19 em 2022, o vereador Marcos Rezende (PSD) voltou para o cenário político com mais evidência no ano passado, quando gradativamente apresentou melhoras no quadro de saúde. Hoje, já recuperado, o parlamentar que também é presidente municipal do PSD, declarou ser pré-candidato a prefeito em Marília.
Atualmente, o PSD é presidido nacionalmente por Gilberto Kassab, secretário estadual de Governo e Relações Instituições e homem forte do grupo do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Kassab teve uma grande adesão de filiações de prefeitos ao PSD na região, a exemplos da prefeita Tina Escorce (Pompeia), prefeito João Carlos (Garça), prefeita Suéllen Rosim (Bauru), prefeito Fernando Itapuã (Quintana), entre outros. Marília está na mira de Kassab, que pode lançar um prefeitável.
Segundo Marcos Rezende, seu nome vai para as pesquisas e espera uma avaliação da população. A ideia é construir um projeto de governo para a cidade e que possa agregar todas as classes sociais.
“Queremos levantar as principais demandas da Assistência Social, Educação, Saúde, Zeladoria e Limpeza Pública para discuti-las com as lideranças que eventualmente poderão compor esta base da minha candidatura, se assim for o desejo da população nas pesquisas. Vamos lançar também uma boa chapa para vereadores”, destacou ao MN.
Rezende é considerado um “azarão” e, apesar de não admitir abertamente, ele deve negociar sua força política nos bastidores para capitalizar a campanha para reeleição como vereador.
ROGERINHO
Forte articulador político e um dos responsáveis diretos pela eleição de Eduardo Nascimento (PSDB) na presidência da Câmara em 2022 para o biênio 2023/2024, Rogério Alexandre da Graça (PP), conhecido como Rogerinho, foi o vereador mais votado em 2020 com 2.864 votos.
O nome de Rogerinho também é cotado para uma candidatura à prefeito por ter experiência em gestão pública, pois já ocupou o cargo de presidente da Companhia de Desenvolvimento de Marília (Codemar) na gestão de Vinicius, e pela influência no meio político, na esfera do Governo Federal. O vereador é amigo pessoal da família Toffoli.
Rogerinho diz que está aberto ao diálogo e trabalha para ter uma chapa completa para candidaturas à vereança local. A intenção é fazer de duas a três cadeiras na Câmara Municipal e elencar forças para lançar um nome do Partido Progressistas (PP) para o Executivo. “Hoje vejo meu nome como pré-candidato a prefeito, mas temos o vereador Elio Ajeka também como possível nome”, informou.
Para Rogerinho, o nome escolhido terá apoio da bancada do PP. “Vamos dialogar com os demais partidos e já temos uma parceria fechada com o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Boas conversas estão em andamento. Faremos um grande evento com a presença de vários deputados do PP e senador Ciro Nogueira”, concluiu.
Assim como Marcos Rezende, Rogerinho deve usar sua força política como moeda de troca em apoio na eleição do Executivo. A expectativa do político, segundo fontes ouvidas pelo MN, é de que uma vaga de vice-prefeito seja conquistada com o grupo dos Camarinha ou dos Alonso, a depender das amarrações partidárias.
Vale ressaltar que tanto os Camarinha quanto os Alonso não confiam em Rogerinho. Ele é visto com desconfiança e como potencial aliado ao mesmo tempo, em uma relação ambígua. “Um possível mal necessário para compor uma chapa vencedora”, afirmou uma experiente fonte ouvida pela reportagem.
WILSON DAMASCENO
Atualmente desempenhando o papel de secretário da assistência social na administração municipal, Wilson Damasceno tem sólida experiência como vereador por três mandatos consecutivos e uma carreira paralela como delegado da Polícia Civil. Damasceno traz consigo uma mistura única de habilidades e bagagem política.
Sua trajetória é marcada por reviravoltas e conflitos, notadamente em sua atuação como presidente da Câmara Municipal durante o primeiro mandato de Daniel Alonso. Nesse período, Damasceno, que era do grupo de Alonso, se revoltou e liderou uma oposição acirrada ao prefeito.
A tentativa, no entanto, se mostrou uma decisão precipitada, tendo em vista que Damasceno acabou isolado politicamente e não conseguiu sequer a reeleição em 2020 para o Legislativo.
Após desentendimentos com o prefeito e acusações de promessas não cumpridas, o ex-vereador se reconciliou e voltou ao círculo de confiança de Alonso, culminando em sua ascensão ao cargo de secretário da Assistência e Desenvolvimento Social, uma das pastas mais desejadas na cidade.
Com reputação de político conservador e histórico de luta contra o radar, hoje alvo de intensas críticas por parte da população, Damasceno enfrenta desconfiança no meio político por sua suposta incapacidade de lidar com pressão e de tomar decisões assertivas em momentos cruciais.
Apesar disso, seu nome demonstrou uma ressonância positiva em pesquisas eleitorais recentes, feitas internamente pelos partidos, sugerindo um potencial de apoio entre os eleitores. Damasceno é querido pelos que o rodeiam e respeitado em diversas classes sociais na cidade.
“Estou ainda por definir o partido para ser pré-candidato a vereador, portanto, nenhuma conversa para compor chapa majoritária a vice ou prefeito”, afirmou em mensagem ao Marília Notícia.
JUVENAL AGUIAR
A esquerda trabalha para lançar um nome único e não dividir os votos. O professor Juvenal Aguiar (PT), que disputou a última eleição, afirmou que o nome será definido junto com a frente ampla que está sendo formada entre o PT, PV, PC do B, Psol e Rede. Ele ainda afirmou que existem conversas com o PSB e que acredita na possibilidade do PDT compor o grupo.
“Eu tenho uma experiência longa de vida pública. Nós que somos da esquerda temos ideologia e queremos defender a sociedade como um todo, sempre defendendo os mais humildes e jamais aceitando as imposições do capital, que é sempre perverso. Já sou um homem praticamente idoso. A gente sabe que é muito difícil encarar uma candidatura de prefeito em Marília. Aquele que tiver melhores condições de financiamento, mais relacionamento, será o candidato”, revela Juvenal.
O professor não descartou ser candidato, caso seja indicado pelos partidos que formam o bloco da esquerda em Marília.
“Quanto maior for nossa frente, maior chance temos. Se eu for o indicado para assumir como candidato, serei candidato, mas tudo depende dessa ampla força”, diz Juvenal Aguiar.
A esquerda, apesar de buscar unidade, historicamente enfrenta desafios em Marília. Mesmo com uma frente ampla, as chances em eleições majoritárias são limitadas, sendo talvez mais estratégico concentrar esforços na conquista de cadeiras no Legislativo municipal.
PROFESSOR EMERSON
O professor de Matemática e uma das lideranças do Partido dos Trabalhadores em Marília, Emerson Santos e Silva, é outro nome cotado para ser lançado como candidato ao cargo de prefeito na cidade pela frente da esquerda que busca unidade.
Seu nome ganhou força dentro do partido por seu envolvimento na luta dos moradores do Conjunto Habitacional Paulo Lúcio Nogueira para conseguirem um local seguro para morar.
“Sobre candidatos a prefeito pelo PT ainda não foi decidido nada. Estamos realizando reuniões com outros partidos, porque a ideia seria montar uma frente centro-esquerda, mas nenhum nome está definido. Internamente, alguns sugerem o professor Juvenal, o João Dias Toffoli, o professor Alonso e até meu nome, mas nada está definido até terminarmos essas reuniões com os partidos que possam somar com essa frente que estamos buscando construir”, explica o professor.
WILSON VIDOTO MANZON
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins de Marília e Região (Stiam), Wilson Vidoto Manzon (PDT), anunciou recentemente que tem a intenção de se tornar prefeito de Marília.
“Tenho intenção de disputar a eleição. Marília precisa de governança, de política séria, que ame a cidade e respeite seu povo. Precisamos de uma visão futurista, que coloque Marília como uma metrópole regional”, afirma o possível candidato do PDT.
Ao seu lado estaria o ex-vereador Silvio Harada, como vice-prefeito, contando com o apoio da forte colônia japonesa em Marília e do agronegócio. Harada, no entanto, também tem interesse em uma possível cabeça de chapa.
Segundo analistas, Vidoto Manzon é mais um nome da centro-esquerda que busca apenas estabelecer bases na cidade, de olho nas eleições futuras, sem muitas chances de vencer um pleito atualmente.
SILVIO HARADA
O ex-vereador Silvio Sadao Harada obteve 1.962 votos na eleição de 2016, mas não foi reeleito vereador em 2020, e atualmente está no Partido Democrático Trabalhista (PDT). A última legislatura na cidade foi a de 2013-2016 e seu nome foi citado recentemente por Wilson Vidoto Manzon, presidente local do partido.
Vidoto apontou Harada como seu vice numa possível chapa para a disputa da Prefeitura de Marília neste ano, porém, o atual presidente do Nikkey disse ao Marília Notícia que nada está decretado. “Fico feliz em ser lembrado, pois quem naturalmente gosta da cidade como eu pode ser colocado como pré-candidato a prefeito sim. Quero ajudar meu município”, destacou.
Sobre a declaração de Vidoto no PDT, Silvio Harada esclareceu que a definição está próxima. “O Vidoto tem história no partido, mas ele também pode ser meu vice. Tudo depende de novas conversas e do cenário que vai se desenhar em breve. Estou como pré-candidato a prefeito de um grupo político, que decidirá um nome e vou respeitar”, concluiu.
AMARILDO DE OLIVEIRA
Com apelo popular em toda a cidade, o jornalista Amarildo de Oliveira, que conta com grande audiência nas manhãs das rádios Clube AM e Itaipu FM, afirma que foi procurado por dois partidos políticos, interessados em lançar sua candidatura para prefeito de Marília.
“Todo lugar que eu estou, alguém pede para eu sair candidato a prefeito. Fico muito feliz. Tudo por conta do nosso trabalho. É um apelo popular, mas tenho um compromisso formal com a emissora de não entrar na política. Vou participar como alguém que ama Marília e quer o melhor para essa cidade, que tem o pior dos políticos”, disse.
O jornalista não revelou quais foram os partidos que o procuraram para ser candidato, mas contou que eles fizeram pesquisa eleitoral em Marília, com seu nome surgindo entre os eleitores.
“Já fui procurado por representantes de dois partidos e eles fizeram pesquisa. Fico feliz. Hoje eu digo que tenho esse acordo com a emissora, mas segundo Franco Montoro, política é destino”, conta Amarildo de Oliveira.
JOÃO PINHEIRO
O empresário João Pinheiro, da Sugar Brazil, afirmou que pretende sair candidato para disputar a eleição municipal em Marília. Ele disse estar conversando com alguns partidos políticos.
“Vamos entrar para trabalhar. Estamos conversando com alguns partidos para a disputa. Marília é uma cidade que precisa de gestão”, finaliza o empresário que tem simpatia de alguns setores.
Embora possua uma considerável fortuna e ostente um estilo de vida luxuoso nas redes sociais, João Pinheiro enfrenta problemas judiciais relacionados à carreira profissional, que podem torná-lo vulnerável a críticas, representando um alvo potencial para adversários políticos.
JEAN PATRICK GARCIA
Filiado ao Republicanos, partido do governador Tarcísio de Freitas, o empresário Jean Patrick Garcia, popularmente conhecido como ‘Garcia do Povo’, afirmou ter sido sondado por quatro partidos para ser candidato ao cargo de prefeito.
Ele demonstra entusiasmo para a Prefeitura, mas sua reticência em admitir reflete um cenário em que suas promessas nos bastidores superam as ações efetivas.
“Se eu falar para você que hoje eu teria interesse, estaria mentindo, até por conta da minha empresa. Ela toma um tempo muito grande de mim e eu sou a cara da empresa em vários sentidos. Até no marketing dela. Então, por enquanto, ainda isso não está no meu radar”, afirma o empresário.
Garcia destacou ter um bom relacionamento com os partidos que apoiaram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele disse que pensaria na possibilidade, se recebesse um convite de figuras importantes da política nacional.
“Eu tenho um bom relacionamento com a turma do Bolsonaro. Pensaria se viesse um pedido de cima, mas no momento não existe nada disso. Então, eu não sairia mesmo. É uma decisão, mas eu sou um cara que não gosto de fechar as portas para nada na minha vida, até porque, a gente não sabe o que Deus tem reservado para nós lá na frente”, diz Garcia.
JULIANO DA CAMPESTRE
Marcos Juliano Ferreira, conhecido como Juliano da Campestre, busca a vaga de chefe de Executivo em Marília desde 2016 e, na última eleição para deputado federal, em 2022, obteve cerca de 22 mil votos pelo Patriota. Com a fusão do Patriota com o PTB, Juliano hoje preside o Partido Renovação Democrática (PRD) e declarou estar apto para o pleito deste ano.
Segundo ele, devido à sequência de candidaturas a prefeito e a deputado, é natural que seu nome apareça como pré-candidato em 2024. “Coloco meu nome à disposição para a majoritária, mas também estou totalmente aberto às conversas. Estamos dialogando nos bastidores com outros partidos e quero ajudar minha cidade”, declarou.
A trajetória eleitoral do radialista é marcada por constantes mudanças de partido, demonstrando uma busca incessante por espaço político. No entanto, fontes ouvidas pela reportagem, indicam que Juliano carece de potencial de crescimento, apesar de seus esforços. Especialistas avaliam que Juliano teria chance em uma eventual disputa para a Câmara de Vereadores e não à Prefeitura.
Ele, que já foi diretor da extinta rádio Campestre, apresenta uma postura crítica à atual administração municipal. “Considero Marília uma ‘pobre menina rica’ porque tem dinheiro, mas não vemos investimentos na cidade. A terceirização de alguns serviços públicos, o trânsito e a segurança pública não funcionam. Marília precisa ter um gestor com experiência em pessoas e compromisso com a dignidade do mariliense. O atual governo e o anterior à este são grupos que atendem seus próprios interesses políticos”, disse.
Conforme apurado pelo MN, o radialista mantém a aspiração política em alta visando mais a próxima eleição para deputado. Seu nome, no entanto, para não ser esquecido até 2026, precisa estar nas urnas em outubro de alguma maneira, sendo candidato a prefeito ou vereador.
Nos últimos anos, Juliano radicalizou seu discurso à direita e vem se aproximando de figuras problemáticas na cidade, o que pode ser um empecilho se quiser disputar o Executivo.
EDUARDO NASCIMENTO
Eduardo Nascimento, um político experiente e atual presidente da Câmara, enfrenta um cenário delicado devido a sérias acusações de corrupção que pairam sobre ele, as quais nega.
Apesar de declarar nos bastidores a intenção de concorrer à Prefeitura, sua movimentação parece mais estratégica do que genuína, já que sabe faltar apoio popular e recursos financeiros para uma campanha eficaz ao Executivo.
O Marília Notícia apurou que Nascimento está buscando algum tipo de acordo com Vinicius, indicando uma possível aliança política e espaço em um possível futuro governo. A real intenção de Eduardo pode ser costurar apoios visando à reeleição como vereador, dada a base eleitoral fiel, embora limitada.
Sua reputação problemática e imagem negativa em diversos setores da sociedade mariliense também representam obstáculos para Nascimento no próximo pleito.
LILIAN MIRANDA
Candidata do Partido da Causa Operária (PCO) na última eleição para a Prefeitura de Marília, a professora Lilian Miranda também já disputou como candidata ao cargo de vereadora em 2016, sem conseguir sucesso nas urnas.
Dois anos depois, em 2018, foi indicada como candidata a vice-governadora na chapa do PCO com Edson Dorta. No entanto, a candidatura de Dorta foi rejeitada e Lilian chegou a ser lançada como candidata a governadora, mas o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) indeferiu o registro da chapa pela falta de um documento.
“O PCO lançará candidatura para a Prefeitura de Marília. Ainda não ficou definido o nome, mas provavelmente serei eu. Para os próximos anos, a cidade precisa de um governo dos trabalhadores”, afirma Lilian.
CALENDÁRIO ELEITORAL
O processo eleitoral de 2024 no Brasil segue um cronograma definido pela Lei das Eleições, iniciando com as convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto. Durante esse período, os partidos políticos devem escolher seus candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, e apenas filiados a partidos podem concorrer.
Após as convenções, os partidos têm até 15 de agosto para registrar oficialmente suas candidaturas junto à Justiça Eleitoral. Esse processo exige que os candidatos atendam a requisitos como nacionalidade brasileira, domicílio eleitoral no município onde concorrem e filiação partidária.
A propaganda eleitoral só é permitida a partir de 16 de agosto, visando garantir igualdade de oportunidades entre os candidatos.
A janela partidária, período em que vereadores podem trocar de partido sem perder o mandato, ocorre de 7 de março a 5 de abril, coincidindo com o prazo final de filiação para quem deseja concorrer nas eleições. O alistamento eleitoral deve ser feito até 8 de maio, possibilitando que os cidadãos estejam aptos a participar do pleito municipal em outubro.
POR GABRIEL TEDDE, ALCYR NETTO, GUSTAVO CESAR E CAROL ROLTA