Justiça marca julgamento de coronel acusado de homicídio
A Justiça Criminal de Marília marcou o julgamento do coronel aposentado Dhaubian Braga Brauioto Barbosa, de 59 anos, perante o Tribunal do Júri, para o próximo dia 26 de setembro. O réu é acusado de matar o ajudante Daniel Ricardo da Silva, de 37 anos, em outubro de 2021 em um motel localizado na zona Norte de Marília.
A sessão será realizada a partir das 9h no Fórum de Marília. Além da autorização do depoimento de um perito criminal particular, que deve ser ouvido como testemunha, a decisão também permite a apresentação de elementos encontrados na cena do crime e com a vítima, como roupas e utensílios, bem como materiais de posse da filha do acusado.
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), em caso de oposição, deve se manifestar no prazo de três dias. As testemunhas arroladas pelas partes também devem ser intimidas nos próximos dias.
Dhaubian Braga Brauioto Barbosa deve permanecer preso até o dia do julgamento, ainda segundo o despacho, uma vez que se trata de grave crime de natureza hedionda – homicídio duplamente qualificado -, sendo o acusado considerado perigoso e sua soltura um risco à sociedade.
DENÚNCIA
Segundo consta na denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), no dia do crime, por volta das 6h10, o coronel matou a vítima e ainda “inovou artificiosamente, com objetivo de produzir efeito em processo penal, ainda não iniciado, o estado de lugar e de coisa, com o fim de induzir a erro o juiz e perito.”
Segundo teria sido apurado pela acusação, alguns meses antes dos fatos, o coronel contratou Daniel para prestar serviços na própria empresa de construção civil e lhe cedeu moradia em um dos quartos do motel.
Conforme o texto da Promotoria, impelido por torpe sentimento de vingança, o acusado decidiu matar a vítima. O autor teria ido até a sua residência – vizinha ao motel –, pegado a arma do crime [não apreendida], se apoderado também da arma de fogo de carga pessoal da companheira, que é policial militar, e ido até o estabelecimento muito antes do horário habitual.
O réu teria ficado nas proximidades do quarto de Daniel e permanecido à sua espera. A vítima chegou ao local por volta das 6h e foi até suas acomodações – situação flagrada pelas câmeras de vigilância.
O coronel, segundo o MP, era exímio atirador e surpreendeu a vítima quando ela se aproximava do quarto.
“Enquanto alvejava a vítima, que buscava se desvencilhar da execução, ainda recebeu apelo dela por sua vida, que o indagava sobre o motivo de assim estar agindo. Na sequência, a vítima veio a solo e, na sequência, a óbito”, diz a denúncia.
Segundo o documento, após constatar a morte de Daniel, Barbosa inseriu a arma de fogo da companheira no local do crime, “buscando inovar artificiosamente a cena do crime e criar inexistente legítima defesa, o que acabou confirmado porque foi constatado que tal instrumento acabou colocado sobre uma pegada de sangue oriunda de calçado diverso do usado pela vítima.”
O coronel então fugiu e a PM foi acionada apenas horas após o crime, onde já se encontravam as testemunhas e o genitor do coronel, que prontamente apresentou a falsa versão de legítima defesa.
“Há de se ressaltar que, durante as buscas infrutíferas da arma do crime nos imóveis pertencentes a Dhaubian, foi localizado um verdadeiro arsenal de armas e munições de calibres variados, parte delas sem os respectivos registros nos órgãos competentes”, conclui o MP-SP.