Energia sobe e aperta ainda mais orçamento do mariliense
A conta de energia do mariliense, que já pesou além do suportável para muitas famílias em junho, vai ficar mais cara a partir deste mês que se inicia.
O motivo foi a autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para um reajuste de 52% da taxa adicional, em função do acionamento das térmicas para a geração de energia, com o sistema de bandeiras, que acompanha a elevação do custo, devido à crise hídrica.
O valor passa de R$ 6,24 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) para R$ 9,49, já neste mês. O aumento ainda ficou abaixo do estimado pelos técnicos da Agência, que calcularam a necessidade da bandeira vermelha (nível 2) cobrar entre R$ 11,50 e R$ 12, por cada 100 kWh.
O supervisor de serviços terceirizados, Josué Marques, de 39 anos, mora com a esposa e dois filhos. Em junho, a família pagou R$ 303,22 de energia elétrica.
Com a nova cobrança na bandeira vermelha, a conta de energia da família Marques vai subir pelo menos 5,25%. Considerando que o consumo não altere, eles devem pagar no próximo mês R$ 319,13, ou seja, R$ 15,91 a mais.
“A conta já está muito cara. Em casa, não temos desperdício. Utilizamos a energia para as necessidades diárias, sendo que a maior parte de nós fica fora de casa durante o dia. Já fiz contato com a empresa, inclusive, para questionar [sobre] a medição”, reclama.
Comparando o consumo em kWh, o supervisor vê escalada na cobrança. “Não sabemos onde isso vai parar. A energia está cada vez mais cara. É complicado, porque é um item essencial dentro de uma casa”, afirma.
A agente comunitária de saúde Maria Inês Barbosa, servidora do município, relata que, em sua casa, é apenas ela e o filho. A conta de energia oscilava entre R$ 150 e R$ 170. Porém, nos últimos meses, passou a pagar entre R$ 270 e R$ 280.
“E agora, com esse aumento, estou com medo. Fica difícil até de pagar [a conta] em dia, porque o valor é muito alto. Não para de subir e não temos opção, porque não dá para viver sem energia. Acaba apertando e desregulando todo o orçamento”, lamenta.
Tutti Ramos é proprietário de um bar e tem sentido o encarecimento, que deve ser ainda maior no curto prazo. “É fritadeira, é freezer, é máquina de gelo, então minha conta já vem alta. Eu pago em média de R$ 3 mil a R$ 3,5 mil. Com esse aumento, que estão falando que pode chegar a 10%, terei que pagar ao menos R$ 300 a mais por mês só com luz”, contabiliza.
Guto Oliver tem um salão de beleza e afirma já ter notado o aumento no preço da conta. “Com a chegada do frio, precisamos utilizar aquecedores para preparar o cabelo das clientes, então a conta deve aumentar ainda mais”.
Oliver pontua que o uso de secadores e chapinha consome muita energia. “A gente depende da energia para fazer os procedimentos. A minha despesa já aumentou de R$ 150 para R$ 190”.
Para piorar ainda mais a situação dos comerciantes, os ramos em que ambos atuam foram fortemente impactados pela crise econômica em decorrência das medidas restritivas de combate à pandemia da Covid-19.
Em abril deste ano, a CPFL Paulista – distribuidora que atende Marília – teve autorizado o reajuste tarifário anual (RTA). O aumento médio foi de 8,64% para os clientes do grupo B, conectados na baixa tensão (residências e indústrias e comércios de pequeno porte).
Já para os consumidores ligados à alta tensão (indústrias e comércios de grande porte), o um aumento médio foi de 9,60%. O reajuste passou a valer a partir do dia 22 de abril. Por isso, muitos consumidores sentiram o impacto da medida nos meses de maio e junho, de acordo com o período de faturamento.
O novo ônus, agora pelo aumento da cobrança na bandeira tarifária vermelha – a mais alarmante em relação ao custo de produção de energia –, deve impactar nas contas que vão vencer em agosto.
* Matéria coproduzida pelos jornalistas Leonardo Moreno e Daniela Casale.