Delegado dá sua versão sobre o caso de resgate de cachorra
O delegado da Polícia Civil, Bolívar dos Santos Júnior, procurou o Marília Notícia para dar sua versão sobre o caso da cachorra resgatada na última sexta-feira (26), no Jardim Renata, zona Norte de Marília.
De acordo com o informado pela ONG Spaddes, o delegado plantonista não havia ratificado a prisão do dono da cachorra, mesmo com o laudo da veterinária atestando os maus-tratos. A cadela morreu no sábado (27).
O delegado confirmou que era ele quem estava no plantão na data dos fatos. Bolívar acusou a ONG de invadir residências sem mandado judicial e não preservar o local para perícia.
Ele afirmou ainda que a Polícia Militar não deu voz de prisão ao suposto autor. A ONG afirma o contrário, já que o homem teria feito ameaça verbal contra a vida da cadela.
Conforme o delegado, os policiais teriam dito que “havia água para a cadela e que naquele horário (10h30) era normal ainda não ter alimentos sólidos”.
“O suposto autor, hipossuficiente e simplório, sequer tinha condições de comer, e por óbvio, mais que o ululante, não poderia ter condições de pagar uma cirurgia pós-parto pra uma cadelinha. Ficou evidente que o suposto autor não agiu com dolo – e é bom que se diga: não existe modalidade culposa nesse tipo de crime. O que vale afirmar, com toda a certeza, que ele não tinha qualquer intenção de maltratar a cadelinha”, disse o delegado ao MN.
Bolívar afirmou ainda que a ONG não queria ficar com a tutela da cachorra.
“E o mais absurdo: a ONG não queria receber a cadelinha em depósito para cuidá-la e dá-la em doação. Queriam devolvê-la ao dono! Ou seja, estavam mais preocupados com a prisão do dono, do que com o bem estar da cadelinha”.
Bolívar afirmou que as fotos mostradas na reportagem não foram apresentadas no plantão policial e que houve uma desinformação por parte da imprensa ao publicar somente a versão da ONG, o que o tornou vítima de comentários maldosos.
“Desinformação esta, que me tornou vítima de comentários injustos e criminosos nas redes sociais. Espero que tudo isso seja devidamente esclarecido”, finalizou o delegado.
Outro lado
A Sociedade Protetora dos Animais Domésticos, Domesticados, Exóticos e Silvestres (Spaddes) também procurou a reportagem para responder às falas do delegado e emitiu uma nota.
A ONG disse que “desde sua fundação [18 de julho de 2013] até o presente momento, não houve nenhum processo criminal por invasão de domicílio que venha macular suas atividades na proteção de animais abandonados e vítimas de maus-tratos, aliás foi considerada pela Prefeitura Municipal de Marília, através da lei número 8.130, datada de 18 de setembro de 2017, devidamente aprovada pela Câmara Municipal de Marília, como sendo entidade de utilidade pública”.
“É lamentável a publicação a pedido do delegado de polícia referente ao fato ocorrido, no resgate e proteção por maus-tratos da cadelinha”, afirmou a ONG.
O comunicado emitido diz ainda que “A ONG Spaddes, esclarece em primeiro lugar, que não invadiu a residência do proprietário da cadelinha, pois estava acompanhada da veterinária e dos policiais militares, os quais solicitaram para ver as condições da cachorrinha, que se encontrava sangrando, cheia de carrapatos, sem água e alimentos, e sem o devido atendimento médico veterinário. O dono da cadelinha autorizou a entrada ao quintal de sua residência, portanto não houve invasão ao domicílio”.
“Em segundo lugar, não houve por parte da ONG, a recusa de receber o animal, uma vez que o auto de depósito emitido pelo próprio senhor delegado de polícia, comprova que a cadelinha ficou sob os cuidados da ONG, tendo esta arcado com todas as despesas no tratamento da cachorrinha, incluindo cirurgia. Porém infelizmente, ela faleceu devido aos maus-tratos sofridos até o momento do resgate”, afirmou a Spaddes.
“A ONG Spaddes, aproveitando esta oportunidade, agradece ao jornal Marília Notícia pelo espaço concedido pelo esclarecimento, bem como, aos policiais militares e ambientais, que vem apoiando o trabalho realizado pela ONG, os quais demonstram verdadeiros sentimentos de amor incondicional, que tanto precisamos neste momento de pandemia do coronavírus.” finaliza a nota emitida ao site.