Fumaça de incêndios da Austrália chega ao Brasil
Depois de passar pela Argentina e Chile, a fumaça dos incêndios na Austrália chegou ao Rio Grande do Sul no início da tarde desta terça-feira, 7, conforme a MetSul Meteorologia. A nuvem de fumaça percorreu mais de 12 mil quilômetros até ser avistada na América do Sul. Em Santana do Livramento (RS), na fronteira com o Uruguai, o céu da cidade ficou mais acinzentado, em função da fumaça suspensa na atmosfera. A maior concentração no Estado pode ser observada na região oeste.
No Chile, o Serviço Meteorológico de Santiago havia informado que a nuvem tinha espessura de 6 mil metros e deixou o sol com tons de vermelho. De acordo com técnicos da Nasa, a quantidade de material particulado é tão grande na atmosfera que foi capaz de cruzar todo o Oceano Pacífico.
Em Porto Alegre, a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, explica que um sistema de baixa pressão impulsionou a fumaça do Centro da Argentina até o Rio Grande do Sul. Assim como em Santiago, o pôr do sol também será mais alaranjado nesta quarta e quinta-feira na capital gaúcha. Apesar da aguardada mudança visual na paisagem nos próximos dias, a especialista garante que a fumaça não oferece risco à saúde da população.
“O vento que está transportando esta fumaça é um fenômeno natural. É uma corrente de vento em torno de 10 mil metros de altitude. O que está acontecendo na Austrália é um desastre de grandes proporções, que forma nuvens semelhantes às formadas por erupções vulcânicas. É possível até que esta fumaça dê a volta ao mundo. Como a Austrália inteira está em chamas, é muita fumaça que está chegando à atmosfera e este vento vai transportando esse material para a América do Sul. Hoje, já temos os primeiros indícios no Rio Grande do Sul”, disse.
Ainda segundo a meteorologista, as queimadas na Austrália atingiram uma altura grande fazendo com que a fumaça seja parecida com a de nuvens vulcânicas. Em abril de 2015, as cinzas do vulcão chileno Calbuco também atingiram o Rio Grande do Sul.
Na Austrália, os incêndios se espalham principalmente pela floresta tropical seca, mas neste verão estão muito mais intensos, extensos e duradouros por causa das mudanças climáticas. O país passa por uma seca prolongada desde 2017, que se intensificou em 2019, conforme a prévia de relatório da Organização Meteorológica Mundial do início de dezembro. Em média, o período de janeiro a outubro foi o mais seco desde 1902, e a situação se agravou nos meses seguintes.
Desde o início do ano, com a seca severa, ondas de calor acima de 50ºC e ventos fortes, as chamas se intensificaram, segundo análises da Nasa. Ao menos metade da população de coalas que não sofrem doenças fatais e são essenciais para “assegurar” o futuro da espécie morreu no país depois que os incêndios devastaram a Ilha Canguru, uma espécie de santuário para os animais.