Alonso e filha gravam mensagem sobre rádios fechadas
(Foto: Reprodução)
Um dia após as transmissões das rádios Itaipu FM e Clube AM serem suspensas temporariamente por determinação da Justiça Federal em Marília, o prefeito Daniel Alonso (PSDB) e sua filha Daniele Alonso publicaram neste sábado (9) um vídeo “motivacional” com funcionários dos meios de comunicação.
O semblante dos trabalhadores que aparecem no entorno de Daniel e sua Filha, porém, não é dos melhores e revelam a situação de apreensão em relação ao tema.
A Justiça Federal acatou pedido do Ministério Público Federal em processo que investiga o suposto arrendamento ilegal das emissoras para a empresária Daniele Alonso.
No vídeo disparado nas redes sociais, o prefeito Daniel Alonso afirma que fez uma visita à equipe das rádios Itaipu “não como prefeito, vim como empresário e como amigo da Família Clube Itaipu”.
“Todos sabem da nossa relação de mais de 30 anos, uma relação saudável, de parceria, de anunciante, também de patrocinador dos eventos que a Clube Itaipu sempre fez, como a Casa Sol, e dizer que estamos felizes, eu estou feliz com o trabalho que a minha querida filha Dani vem realizando nos últimos cinco meses com essa equipe de profissionais excelente”, comentou Alonso.
Em seguida, a empresária Daniele fala: “venho em nome do estúdio DM Produtora, que trabalha para a Luciana Ferreira, e dizer para vocês que em respeito à Justiça a gente aguarda a Luciana voltar de viagem para que toda essa situação seja solucionada”.
Luciana Gomes Ferreira é uma das representantes das rádios. Em ação civil pública apresentada no final de julho, o MPF pede “a invalidação do serviço de radiodifusão sonora outorgado às rés Rádio Clube de Marília Ltda. (1090 Khz) e Rádio Itaipu de Marília Ltda. (99,7 MHz), com o encerramento das atividades ilícitas em Marília”.
O MPF também quer que as rádios sejam fechadas definitivamente e que suas representantes, Luciana Gomes Ferreira e Camila Gomes Castro Ferreira Veltri Rodrigues, além de Daniele Alonso e Maria Candelaria Lopes Beato, representantes da Estúdio D.M., empresa que comprou parte da programação das rádios, paguem R$ 288 mil de indenização à União.
No vídeo deste sábado, Daniele comenta que vem “realizando um trabalho junto com essa equipe de modo muito transparente, muito íntegra e com muito respeito para você ouvinte, para que tudo seja feito de maneira muito verdadeira e para que vocês possam ter uma qualidade de rádio que Marília nunca teve”.
Ela ainda pede aos ouvintes “paciência, como vocês já têm tido, mas tenho certeza que voltaremos ainda mais forte com qualidade cada vez melhor. Contamos com vocês”.
A transmissão de rádio no Brasil só é permitida com autorização do Governo Federal. O repasse total para outra empresa que não foi autorizada pela União caracteriza prática ilegal e é isso o que o MPF diz estar acontecendo nas rádios marilienses.
“Instaurou-se perante a Procuradoria da República em Marília o Procedimento (…) com o objetivo de apurar irregularidades no suposto arrendamento envolvendo serviços de radiodifusão exercidos pela Rádio Clube de Marília Ltda. (1090 Khz) e Rádio Itaipu de Marília Ltda. (99,7 MHz). Oficiadas, as Rádio Clube e Rádio Itaipu prestaram informações e apresentaram cópias de dois Contratos Particulares de Produção e Execução de Programação de Rádio na Área de Jornalismo e Prestação de Serviços, ambos firmados pelas partes em 17/03/2017 e com vigência de 12 (doze) meses, por meio dos quais a prestação dos serviços de radiodifusão foi parcialmente arrendada para a empresa Estúdio D.M Ltda., pela cifra total de R$ 288.000,00 (duzentos e oitenta e oito mil reais). Assim, as informações prestadas pelas próprias Rádios-rés demonstraram que elas não prestam pessoalmente o serviço de radiodifusão sonora, transferindo ilegalmente a execução do serviço ao Estúdio D.M Ltda. que, curiosamente, possui sede no mesmo imóvel no qual estão sediadas as Rádios-rés, o que permite concluir que o arrendamento, apesar de formalmente parcial, na prática é total”, diz o MPF na ação.
A decisão em caráter liminar da 2ª Vara Federal de Marília aconteceu no início da noite de quarta-feira (6), mas por conta do feriado do dia 7, só foi executada na manhã desta sexta-feira (8).