Vânia Ramos ganha alcunha de ‘traidora’ mas aposta em igreja para se reeleger
Em uma Marília politicamente dividida, onde alianças são feitas e desfeitas com a rapidez do vento, a vereadora Vânia Ramos (Republicanos) trabalha por sua reeleição à Câmara Municipal e começa a atrair, para seu infortúnio, comentários negativos a seu respeito nos bastidores da política local.
Vânia Ramos foi eleita pela primeira vez em 2020, com a bênção do ex-prefeito Abelardo Camarinha (Podemos) e da Igreja Universal do Reino de Deus. Sua eleição para a Câmara de Marília parecia ser o início de uma aliança sólida, no entanto, logo após sua posse, ela causou espanto ao virar as costas para Camarinha e alinhar-se ao prefeito Daniel Alonso (PL).
“O Abelardo e a Fabiana ficaram furiosos com a traição da Vânia após ela ser eleita com apoio forte deles e da Igreja Universal”, diz uma fonte influente na Câmara que conversou com o Marília Notícia em condição de anonimato.
Sua atuação no Legislativo começou a ficar marcada por uma sequência de decisões que a tornaram uma figura nada confiável para ambos os lados do espectro político local.
Embora tenha inicialmente respaldado o governo de Alonso, Vânia mais uma vez surpreendeu a todos ao apoiar em 2022 a eleição de Eduardo Nascimento (Republicanos) para a presidência da Câmara, indo contra os interesses do prefeito e alinhando-se com um de seus principais rivais políticos.
“Do lado do Daniel, ela ficou queimada quando votou no Nascimento na eleição para a presidência da Câmara. Na época, o Alysson (assessor especial de governo) ficou muito bravo porque os votos dela, do Ajeka e do Ivan Negão foram decisivos”, disse a fonte ao MN.
O histórico de volatilidade política teve seu capítulo mais recente com o empresário Jean Patrick Garcia Baleche, o Garcia da Hadassa, pré-candidato à Prefeitura de Marília pelo Novo.
Em 2023, Nascimento, Garcia e Vânia foram juntos para Israel, quando firmaram parceria de cidade-irmã com Jerusalém, por conta do ótimo relacionamento do CEO do Grupo Hadassa com empresários da ‘terra santa’. A vereadora era próxima e cortejada politicamente por Garcia, que tenta atualmente se emplacar como uma opção na cidade e romper a polarização entre os grupos das famílias Camarinha e Alonso.
Conforme apurou a reportagem, a intenção inicial de Garcia era disputar o Executivo pelo Republicanos, com apoio de Vânia, Eduardo e outros partidos conforme articulação política.
Com a aproximação da eleição, Garcia tomou uma ‘rasteira’ dos dois vereadores, que jogaram o empresário para escanteio dentro do partido. Contrariado e desalinhado com as práticas políticas de Vânia e Nascimento, Garcia migrou para o Novo, onde tenta propor novas ideias para o município.
Mesmo com problemas de desconfiança e alcunha de traidora entre várias frentes políticas na cidade, Vânia Ramos parece confiar em uma fonte de apoio que transcende as disputas: a fé.
A vereadora encontrou uma base sólida de eleitores dentro da Igreja Universal do Reino de Deus, uma comunidade que normalmente oferece um suporte consistente, independentemente das flutuações do cenário político.
É nesse apoio religioso que Vânia deposita suas esperanças para a reeleição, confiando na fidelidade dos fiéis para garantir sua permanência na Câmara Municipal.
Apesar da ênfase na fé como parte de sua estratégia eleitoral, a conduta da vereadora tem sido alvo de questionamentos inclusive por parte de alguns membros da comunidade religiosa. “Só lembra da igreja em época de eleição”, disse uma fonte da Universal, contatada pelo site, que pediu para não ser identificada.
O Marília Notícia também apurou que a escapada de Ramos na votação que instituiu o Conselho Municipal de Políticas LGBTQIA+, além de criar o Fundo Municipal da Diversidade Sexual e de Gênero na cidade, irritou membros da Universal.
Mesmo estando presente na sessão, a vereadora se ausentou no momento da votação para não precisar se posicionar, nem a favor, nem contra. Vale lembrar que a Universal tem valores completamente opostos e não apoia pautas do movimento LGBTQIA+.
Para piorar sua situação, a vereadora agora vê sua reeleição ameaçada pelo próprio companheiro, Eduardo Nascimento, que estava no PSDB e migrou recentemente para o Republicanos, mesmo partido de Vânia.
Segundo especialistas ouvidos pelo site, o partido só deve fazer uma cadeira no Legislativo, e uma possível disputa com Nascimento pela vaga pode ser muito prejudicial para a parlamentar.
“Com certeza pode comprometer a reeleição da Vânia Ramos caso o Nascimento não seja candidato a prefeito ou vice. Se ele decidir disputar como vereador e não tenha nenhuma mudança nas alianças partidárias, fica complicada a situação dela”, disse uma fonte que preferiu não se identificar.
O Marília Notícia entrou em contato com a vereadora, que educadamente preferiu não comentar o assunto. “Prefiro não me posicionar nesse momento. Mas agradeço por terem me procurado”, disse ao site.
Com a sombra dos conflitos pairando sobre sua candidatura, Vânia Ramos deve enfrentar uma batalha árdua pela reeleição. Sua estratégia de se apoiar na fé de seus eleitores religiosos pode ser sua última cartada para garantir uma posição na política local. Resta saber se essa aliança com a igreja será suficiente para apagar as marcas de suas controvérsias passadas e assegurar sua permanência na Câmara Municipal de Marília.
Faça parte do nosso grupo de WhatsApp. Entre aqui!