Tapeceiro afirma que matou mulher após discussão por estofado e carro
Francisco Alexandre da Silva, de 55 anos, mais conhecido como Ceará, confessou ter matado sua companheira Adriana da Penha Gonzaga, de 49 anos, com vários golpes de faca, após um desentendimento por causa de um estofado. O depoimento foi dado para a Polícia Civil do Paraná, depois de ser preso em flagrante na cidade de Francisco Alves, quando já estava a poucos quilômetros do Paraguai.
O tapeceiro contou que morava junto há quase um ano com a vítima, sendo que cerca de três meses antes do crime, começaram a reformar o salão de beleza de Adriana. Ela teria comprado umas cadeiras para a reforma, e ele estava fazendo o serviço.
Segundo Ceará, o local ficou pronto, mas estava sendo pressionado pela vítima para terminar o trabalho com os estofados.
“Eu não sabia que ela era daquele jeito. Ela me pressionava com aquele estofado. Nem cliente meu me pressionava daquele jeito. Eu falava que ela não estava gastando nada. Eu estava dando o sofá. Eu comprei o material para a reforma”, relatou o tapeceiro.
No dia do crime, segundo sua versão, trabalhou pela manhã e foi para casa depois de fechar a loja, pois a cabeleireira precisava do carro. Ele contou que ela já estava brava, reclamando da demora na finalização dos estofados.
“Cheguei em casa e ela estava brava. Até hoje eu não entendo para que tanta braveza daquele jeito por causa dos estofados. Eu deixei ela na casa da filha dela e voltei para a oficina para fazer os estofados. Ela falou que queria os estofados no salão de qualquer jeito. Foi um inferno por causa desse bendito sofá. Levei ela, terminei o sofá dela e levei lá no salão. Deixei tudo montadinho”, disse o acusado.
O homem revelou que retornou às 19h e assim que a vítima voltou já começou a perguntar sobre o estofado. O tapeceiro teria dito que já estava montado no salão, mas segundo seu relato, a vítima estava procurando briga.
“Começou a brigar comigo e eu estava tomando cerveja. Ela pegou a cerveja e jogou na parede. Eu falei para ela parar de tanta briga, mas ela pegou um copo e quebrou o copo na sala. Falei para ela parar com isso e ela pegou uma faca. Pedi para ela abrir a porta que eu ia embora, mas ela disse que eu não ia com o carro. Eu paguei o carro, só estava usando o nome dela, mas o carro era nosso carro, mas ela disse que não ia embora sem deixar o carro”, conta.
Em determinado momento, o tapeceiro afirmou que não se lembrava do que aconteceu, apenas que Adriana já estava caída no chão, toda ensanguentada.
“Por que que ela fez isso? Sem necessidade. Nunca entrei numa delegacia. Nunca fui preso. Como ela fez isso com a minha vida e com a vida dela? Ela acabou com a minha vida. Com a vida dela, com a vida dos nossos filhos, por causa de umas porqueiras de umas cadeiras. Como que a pessoa é tão ignorante daquele jeito? Eu não fiz por querer. Eu pedi a ela. Eu não lembro de onde essa faca apareceu. Eu não lembro”, afirmou Silva.
PRISÃO
Ceará foi preso por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal na cidade de Francisco Alves-PR, cerca de 40 quilômetros da fronteira com o Paraguai, para onde estava fugindo. Durante a fuga, o veículo que conduzia, de propriedade de vítima, foi detectado passando por Paraguaçu Paulista, Florínea e Umuarama-PR.
Segundo a PRF, quando os policiais souberam que o automóvel havia passado por Umuarama, desconfiaram que pretendia chegar na cidade de Guaíra-PR para atravessar a fronteira e se esconder no Paraguai.
Os policiais intensificaram as rondas pela BR-272, sendo que próximo ao trevo principal da cidade de Francisco Alves, viram o veículo e fizeram a abordagem. Durante a prisão, os policiais questionaram se Ceará sabia o motivo de sua prisão e ele afirmou que sim. Sobre a arma usada no crime, disse aos policiais que não estava mais em seu poder.
Como havia deixado a carteira e aparelho celular no local do crime, o suspeito de feminicídio estava sem documentos. Ele trazia consigo a quantia de R$ 303,80 em dinheiro.
O acusado passou por todo o procedimento da prisão em flagrante, inclusive por audiência de custódia, permanecendo provisoriamente detido em Guaíra. Com autorização judicial, foi trazido para ser ouvido na DDM de Marília, além de permanecer preso em uma unidade prisional da região de Marília.
CRIME
De acordo com informações apuradas pelo Marília Notícia, na madrugada do domingo de Páscoa (31), por volta de 0h30, a PM foi acionada para atendimento de ocorrência no condomínio de apartamentos Nações Unidas, na rua Nelson Macena.
Chegando ao local, em contato com vizinhos, os policiais souberam que a vítima estava gravemente ferida, caída em um corredor. Havia grande quantidade de sangue no apartamento e a mulher possuía várias perfurações de faca pelo corpo.
Com a chegada do Samu, a vítima foi conduzida por uma unidade móvel de UTI até o Hospital de Clínicas (HC), mas não resistiu aos ferimentos e morreu em seguida.