A síndrome do pânico vivida por marilienses
Medo, sensação de estar fora da realidade, palpitação e formigamento são alguns dos sintomas de uma crise do pânico. Este transtorno de ansiedade tem como característica as crises inesperadas de medo agudo.
As causas exatas da síndrome do pânico são desconhecidas, mas para especialistas há fatores que juntos levam a desencadear o transtorno.
Para o psicoterapeuta Leonardo Haddad, “a síndrome do pânico, assim como outras doenças mentais, se desenvolve por causa de componentes sociais, psicológicos e biológicos, mas cada pessoa tem um motivo específico”.
As motivações mais evidentes são situações de estresse extremo, morte de pessoa próxima, mudanças radicais ocorridas em determinado período da vida ou alguma experiência dramática.
É o caso da artesã mariliense Stela da Silva Santos, de 34 anos, que teve uma crise pouco tempo depois de perder a mãe. “Há três anos eu passava por situações de estresse no trabalho e minha mãe faleceu. Eu já me tratava de uma depressão e tive a minha primeira crise”, contou Stela.
“Fui ao trabalho do meu marido e comecei a sentir como se estivesse sofrendo de um infarto. Fui levada com urgência para a Santa Casa, fiz uma bateria de exames e nada foi constatado. A médica de plantão suspeitou e perguntou se eu fazia algum tratamento para depressão. Confirmei e ela me deu o diagnóstico: Crise do Pânico”.
Hoje Stela faz acompanhamento psicológico e toma medicamentos. Sentiu início da crise mais uma vez depois disso, mas com a ajuda do marido se acalmou e melhorou.
“É constante o sentimento da morte, só a medicação não resolve, por isso tenho acompanhamento com psicoterapeuta. Além disso, a alimentação é muito importante. Não posso ingerir nada com cafeína ou alimentos que estimulem o sistema nervoso central”, concluiu Stela.
As crises geralmente duram de dez a vinte minutos e acontecem de repente, em qualquer período do dia, como no caso da dona de casa Fátima Garcia Lopes Lima, de 50 anos.
Ela teve a primeira crise há três meses, em casa, no momento de lazer: “Estava deitada na cama com meu marido assistindo televisão. Sem motivo algum senti muito medo, junto a um desespero absoluto. Corri, acordei minha neta que dormia na sala e a levei para o quarto. Queria todos perto naquele momento, mas ao mesmo tempo tinha vontade de correr, sair dali”.
Fátima levou alguns minutos para se acalmar e procurou especialista no outro dia. “A médica me receitou dois remédios para controlar ansiedade e as crises. Agora estou mais calma, faço o uso correto da medicação e espero nunca mais sofrer com a doença. É um medo muito forte, só quem passa sabe o que é realmente”. explica Fátima.
A Síndrome do Pânico é mais freqüente em mulheres, podendo se desenvolver na juventude. Por essa situação também passou uma advogada mariliense de 24 anos, que prefere não ter a identidade revelada.
“Há três anos viajei aos Estados unidos. Fiquei numa situação desconfortável. Senti um desespero extremo, meu corpo chegou a ficar paralisado. Comecei a chorar sem explicação. Assim que cheguei no Brasil procurei especialista e descobri sobre a doença. Faço acompanhamento com medicação e terapia”, contou a advogada.
A doença é composta por um conjunto de sintomas. “Em geral as pessoas tem a sensação de morte, que vão perder o controle, ficar loucas. Além de sentir dores no peito, taquicardia, formigamento nas mãos, pés ou rosto, tremor, falta de ar, tontura e até desmaio”, ressaltou Haddad.
“Ao ser diagnosticada a doença, é importante o acompanhamento com especialistas, psiquiatra e psicoterapeuta, associado a medicações que controlam a ansiedade”, disse Leonardo.
O psicoterapeuta diz que é importante também que as pessoas criem hábito de realizar acompanhamento psicológico.
“Há uma cultura errada sobre as pessoas que procuram o psicólogo ou psiquiatra. Estes são vistos como loucos. Pelo contrário, é importante não esperar o aparecimento da patologia para cuidar da saúde mental. É necessário prevenir”, finalizou Haddad.