Os clássicos esquecidos na feira e nos sebos
Costumo ir às feiras de Marília, principalmente aos domingos. Na maioria das vezes, frequento as feiras das avenidas Sampaio Vidal e das Indústrias, que ocorrem simultaneamente. Também gosto de ir à feira livre que acontece aos domingos na zona Sul, onde costumo comprar leite “in natura”.
Quando decido ir na feira do Centro, o cardápio inclui pastel e refrigerante. Mas quando acabo rumando para a feira que acontece na avenida que ocorre em frente à igreja de Santa Rita de Cássia, sempre degusto umas cervejinhas entre conversas com os amigos da zona Sul.
Especificamente ali na feirinha da avenida das Indústrias encontro achados que me agradam. Certa vez, por apenas R$ 20, levei uma Remington modelo 12. Do tipo portátil e compacta, está funcionando até hoje. Às vezes gosto de escrever um conto ou uma crônica nesta Remington 12.
Ali, caminhando entre os visitantes, observo objetos, instrumentos e brinquedos que me levam de volta ao passado, no tempo da minha infância quando ficava observando os adultos manuseando escavadeiras para abrir buracos no quintal de casa ou quando ganhei meu videogame Master System.
Agora, o que me encanta na feirinha da avenida das Indústrias são os livros. Aliás, a proposta desta crônica é relatar os clássicos que encontrei na feirinha e quero começar pelo livro que não consegui comprar. Devia ser entre 2000 e 2001, quando estive nessa mesma feira, só que ficava em outro ponto da Sampaio Vidal.
Um pouco antes havia tomado conhecimento da obra de um autor francês, Jean Genet (1910-1986). Eis que, ao olhar alguns livros dispostos numa lona, dou de cara com “Nossa Senhora das Flores”, obra de Genet.
Na hora não me ocorreu que alguém poderia comprar o livro a qualquer momento e, então, segui caminhando observando outros objetos e produtos. Passado um tempo, resolvi voltar para comprar o Genet, e cadê o livro? “Uns estudantes da Unesp acabaram de comprar”, me contou o vendedor. Fiquei sem uma grande obra da literatura francesa.
Outra feita identifiquei uma obra original de Mário Vargas Llosa, o peruano vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Recentemente adquiri por R$ 5 um livro da coleção Seleções de Livros, da Reader’s Digest. Nele estão quatro obras atraentes, entre elas “Suspeita” de Joseph Finder.
O garimpo em feiras e sebos é algo que faço há anos e, certa vez, aqui em Marília, pude perceber que não sou o único a percorrer na busca por preciosidades. Isso porque um senhor que estava no mesmo sebo que eu, soltou um grito de alegria – e até um palavrão na euforia – quando conseguiu achar um livro, acho que “Avalovara”, com o autógrafo de Osman Lins (1924-1978). Lins, escreveu “Lisbela e o Prisioneiro”, que virou filme brasileiro, morou em Marília.
Quando aqui esteve, presenteou alguns alunos (lecionou Letras na Unesp) com livros autografados. Parece, que alguns não deram o devido valor para este gesto do professor-autor.