Qual a diferença entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista?
Olá, caro leitor!
Você sabe quais são as diferenças que existem entre psicólogo, psiquiatra e psicanalista? O que cada um estuda e no que podem contribuir para o que a gente precisa? Quais as atribuições de cada um deles? São formações decorrentes da medicina? Tem que fazer faculdade? Existe faculdade para se tornar um psicanalista? O psicólogo pode receitar medicamentos?
Não são poucas as pessoas que me abordam interessadas em saber essas coisas, mesmo em meios informais. Essas e outras questões são bastante recorrentes por aí.
Bem, digo que tanto o psicólogo, quanto o psiquiatra e o psicanalista trabalham com aquela coisinha que gosto tanto de conversar com você: a mente. E cada um deles olha de um ponto de vista. Uns consideram mais os aspectos internos da personalidade, de conflitos, imaginações e angústias, outros mais o lado medicamentoso e biológico, ainda que considerando outros aspectos. Mas existem também aspectos de formação nessas diferenças.
É consenso na atualidade, ou seja, em todas as áreas do conhecimento científico que visam o ser humano, considerá-lo como um ser biopsicossocial. O que é isso? Como o próprio nome já diz, é considerar que ele é formado por aspectos biológicos, psicológicos e sociais. E um não se sobressai ao outro. Não à toa, atualmente as equipes multiprofissionais são referência em se tratando de saúde. Mas vamos às diferenças.
Do grego psyché, alma; e iatrós, médico, o psiquiatra se detém na detecção de doenças mentais e seu tratamento. É uma espécie de especialização (a chamada residência) que se faz após o curso de medicina.
Em outras palavras o psiquiatra é um médico que se especializou em psiquiatria e, portanto se responsabiliza pelo cuidado das doenças da mente. É dele a competência de receitar medicamentos para doenças como as relacionadas à ansiedade, à depressão, transtorno do pânico, transtorno bipolar e esquizofrenia. Ele também considera partes do cérebro em interação com os medicamentos.
Quanto ao psicólogo (do grego psiché, alma; logos, estudo) sua atuação se difere da do psiquiatra. Assim como o direito, a medicina ou a veterinária, para se tornar psicólogo é preciso se formar em uma faculdade de psicologia.
São cinco anos voltados especificamente para o estudo da constituição da mente humana, para os processos de aprendizagem, saúde e doença mental, bem como as suas relações com o corpo em termos de sintomas que surgem de aspectos emocionais.
O psicólogo é um estudioso da personalidade, sendo responsável por ajudar a tornar conhecidos os conflitos do mundo psíquico (que muitas vezes não percebemos em nós mesmos) e a sua relação com seu trabalho, escola, relações familiares, amorosos. Porém não o faz por meio da medicação, e sim de conversas especializadas (sim, elas tem o poder de modificar muita coisa, inclusive em termos cerebrais). E olha que legal: a partir disso a pessoa pode aprender a lidar com seu mundo interno e externo, considerando partes de sua personalidade.
Fundada por Sigmund Freud (aquele cara do divã!) a psicanálise é tanto um procedimento para a investigação de processos mentais inconscientes como um método para tratamento associado ao autoconhecimento.
Assim como os psicólogos são estudiosos da personalidade, são considerados psicanalistas – nos termos formais – aqueles profissionais que fizeram uma faculdade, mas que posteriormente cursaram a formação nos institutos de psicanálise, instituições vinculadas à International Psychoanalytical Association – IPA.
Há médicos, psicólogos e filósofos que se dedicaram à formação nos Institutos para se tornarem profissionais do divã, um bom sofazinho que favorece a análise do nosso inconsciente – parte fundamental na constituição da mente e central nos estudos psicanalíticos. Tanto os psicólogos quanto os psicanalistas trabalham em prol de um desenvolvimento pessoal e trabalham com o diálogo.
Como é possível perceber, assim como os psicólogos os médicos também podem se tornar psicanalistas e trabalhar em clínica. Contudo,ambos podem ter a orientação psicanalítica que norteia o seu trabalho, mesmo sem terem passado pela formação da IPA.
Estamos vivendo tempos “biologicistas” em que se prioriza (perigosamente) o corpo e suas estruturas concretas. Cuidamos do corpo e nos esquecemos da mente, tão ligada ao corpo quanto um braço ou uma perna, e que é vital como o coração. Contudo, ainda que interligados, o nosso psíquico é diferente do corpo: consensualmente não se fala em cura para as dores da mente, mas sim em lida. E não é desabafando nas redes sociais, como provoca Pawel Kuczynski na imagem que ilustra a coluna.
Por fim, não é necessário ser louco para cuidar da nossa mente – este é um grave equívoco da maioria das pessoas. Aliás, costumo dizer que a verdadeira psicologia trabalha muito mais com a saúde do que com o doentio. Ambas essas duas partes estão em nós, mas faz parte do nosso lado doentio não cuidar da mente.
Um abraço e até a próxima coluna!