Postos com bandeira branca negociam melhor preço
Quase mil novos postos de combustíveis abriram no ano passado no Brasil sem ostentar marcas como BR, Ipiranga, Shell ou outras em suas fachadas.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), os chamados “bandeira branca” passaram de 39,8% para 41,1% do mercado total no país. Para especialistas, esse movimento deve crescer devido à crise econômica.
Em Marília é cada vez maior a confiança dos consumidores nesse tipo de estabelecimento.
Avelino Boiça, proprietário do Auto Posto Aquarius, na zona Norte de Marília, afirma que é preciso desmitificar a qualidade do combustível comercializado pelos postos sem distribuidora fixa.
De acordo com ele, como não existe contrato de exclusividade com nenhuma distribuidora de combustíveis, a empresa consegue negociar preços e buscar etanol, gasolina e diesel de qualidade.
Avelino também denuncia a utilização, principalmente em postos de outras cidades na região, da gasolina conhecida como ‘formulada’. “Há que diga que a gasolina formulada não afeta o motor ou desempenho, mas grande parte dos especialistas discorda e não indica”, afirma.
Dono de posto há 35 anos, Avelino explica que se mantém há tanto tempo no mercado justamente devido a busca por bons preços para serem repassados aos consumidores, sem que isso implique na utilização de combustíveis de baixa qualidade.
“A gasolina formulada é feita com uma espécie de sobra do petróleo, a nafta. A consequência é mais consumo, mais sujeira nos bicos e motores danificados. Nos lugares em que o preço é R$ 0,30 ou R$ 0,40 mais baixo que a média das cidades, é provável que se trata da formulada”, afirma o empresário.
Para ele, a melhor forma de viabilizar gasolina, etanol e diesel de qualidade, continua sendo a independência em relação a uma única distribuidora. Essa é a receita seguida por Avelino. “Só trabalhamos com distribuidoras de confiança, como Ipiranga, Shell, Ale, Ruff”, conta.
Como o cliente confiar
No Auto Posto Aquarius, por exemplo, não existe espaço para dúvida. Os funcionários e o próprio Avelino são abertos aos clientes, tiram dúvidas e zelam pela qualidade. “Nós gostamos de receber bem, conversar, manter uma relação de confiança”.
Essa dinâmica do negócio pode ser vista em outros postos de bandeira branca pelo país.
“Aqui não entra gasolina ruim. Nunca trabalhamos, nem pretendemos trabalhar com combustível formulado. Nosso trabalho é buscar por bons preços, mas queremos qualidade para oferecer o melhor custo-benefício. Aqui o cliente pode confiar”, diz o dono do posto que fica logo ao lado do Marília Shopping.
Queixa contra Petrobras
Felipe Boiça, filho de Avelino e que administra a unidade na Avenida República, 1277, também aproveitou a conversa com a reportagem do Marília Notícia para se queixar dos aumentos provocados pela nova política de preços da Petrobrás.
“Eles acabam subindo 3% e abaixando 1% por exemplo. Na média, o que temos nesses aumentos quase diários, é o incremento do valor, que precisa ser repassado ao cliente. Se não fizer isso o posto quebra”, afirma.
De acordo com Felipe, a margem média de lucro é de 10%, o que impede os postos de segurarem por muito tempo os preços. “Acabamos tendo que repassar alguma coisa, mas seguramos o quanto podemos. No entanto, as despesas com encargos, Cetesb, ANP, taxas e impostos pesam muito”, argumenta.