População pede qualidade em escola rural: “Mal sabem ler”
O dono de uma propriedade na Fazenda do Estado, bairro rural de Marília, protocolou nas secretarias de Educação do município e do Estado um pedido de melhorias na didática e na estrutura da única escola que existe naquela Região.
A escola Monsenhor Pirmino Antônio Schimidt, localizada nas proximidades da BR-153, é de responsabilidade do governo estadual, com cerca de 30 alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, mas o município também mantém uma sala de ensino infantil ali dentro.
O documento foi protocolado por Sérgio Luis Frigo, que denuncia um “ciclo vicioso” envolvendo problemas de ensino e o consumo de drogas na Fazenda do Estado. Segundo Frigo, a evasão escolar é enorme.
“As crianças daquela escola não estão conseguindo se alfabetizar. Quando precisam avançar nos ciclos de estudos tem por única opção vir estudar em Marília e quando chegam, sem saber ler ou escrever, são discriminadas”, afirma o proprietário rural.
De acordo com ele, um dos obstáculos enfrentados pelos alunos que estudam na escola rural é a mistura de alunos de várias idades na mesma sala de aula e também a alta rotatividade de professores.
Segundo o denunciante, “existem crianças de nove e dez anos de idade que sequer conseguem escrever o próprio nome, outras não conseguem formular nem ler pequenas frases”.
A consequência é uma dificuldade de adequação nas escolas da cidade, onde são oferecidas aulas aos alunos da segunda fase do ensino fundamental e do ensino médio.
“Repudiadas pelos colegas ou pelos próprios educadores por estarem neste atraso educacional, passam a se sentir marginalizadas, abandonando os estudos, sendo alvos fácies das famigeradas drogas, que chegaram ao campo, e do subemprego”.
Frigo comenta que na Fazenda do Estado são inúmeros os adolescentes que hoje se encontram na situação, “não conseguindo formular frases completas”. Subempregados, muitos trabalham durante o dia para comprar drogas de noite.
“Na sua grande maioria, os pais e familiares também não são alfabetizados ou o cansaço do trabalho braçal não permite auxiliar as crianças. Vejo, então, uma necessidade urgente da implementação diferenciada para aquelas crianças, quebrando assim o ciclo vicioso e garantindo um futuro melhor”, pede Frigo.
Para ele, a implementação de uma pedagogia rural por meio de um novo planejamento de alfabetização específica pode ser uma solução para o problema local.
Outro lado
A Prefeitura simplesmente alegou que a escola é de responsabilidade do Estado.
Já a secretaria de Educação do Estado disse, por meio de nota, que a escola em questão “não atende alunos adolescentes, apenas trinta alunos do 1 º ano ao 5 º ano do Ensino Fundamental, alguns ainda em processo de alfabetização em função da idade”.
“Cabe ressaltar que a unidade não possui registros de problemas com drogas e nem alta rotatividade e falta dos professores que lecionam na unidade”, finaliza a nota.