Oito em cada 10 novas empresas são de trabalho por conta própria

A publicitária e fotógrafa Amanda Porto, com pós-graduação em Marketing e Gestão Estratégica em Negócios, trabalhou com carteira assinada por sete anos em duas editoras de livros em Marília. Durante a faculdade, estagiou em empresas, incluindo uma agência de publicidade e a Câmara dos Vereadores, mas sempre teve o desejo de empreender.
“Durante o período da faculdade eu comprei uma câmera, já com o objetivo de complementar a renda informalmente com trabalhos fotográficos. Antes de concluir a faculdade, meu intuito já era empreender. Em 2020 eu conheci mais sobre as vantagens de ser MEI. Foi então que formalizei e me tornei uma microempreendedora, para ter alguns benefícios como auxílio-doença, além de algumas vantagens nos serviços financeiros. Desde então faço o pagamento das minhas guias mensalmente e a declaração anual de faturamento. Ser MEI me proporcionou fazer trabalhos com algumas empresas e até mesmo facilitou a compra de alguns equipamentos e materiais com melhores valores para CNPJ”, disse Amanda.
O empreendedor Thiago Kenry também encontrou no MEI uma forma de viabilizar seu próprio negócio. Ele trabalha com limpeza e higienização de estofados. Começou atendendo veículos em Bauru e viu a oportunidade de expandir, especializando-se em sofás e outros tipos de estofados ao se estabelecer em Marília.

“Eu fazia a limpeza de bancos automotivos e evoluí para todos os tipos de estofados quando passei a entender a importância da higienização. Foi quando decidi ampliar o meu atendimento e vir para Marília. A vantagem de ser MEI é você ter esperança de crescer com seu próprio esforço, para você e sua família. Você precisa colocar na balança as vantagens e desvantagens e ver o que é melhor para você”, explicou Thiago.
O empreendedorismo por necessidade ou escolha própria segue em alta em Marília. Dados do primeiro quadrimestre de 2025 mostram que o Microempreendedor Individual (MEI) já responde por 80,93% das empresas abertas na cidade. Das 3.304 novas empresas registradas entre janeiro e abril, 2.664 são MEIs, segundo levantamento do Data Sebrae.
A tendência aponta para um crescimento consistente da formalização do trabalho por conta própria, impulsionada principalmente pelo setor de serviços, que concentra a maioria dos novos microempreendedores (2.318 registros). Em seguida, aparecem as atividades de comércio (544), construção civil (236), indústria (176) e agropecuária (30).

De acordo com Sidney Ramalho, agente do Sebrae em Marília, o maior número de MEIs formalizados está no segmento de serviços. Dentro desse setor, destacam-se profissionais da beleza, como cabeleireiras, manicures e esteticistas. Na sequência, aparecem empreendedores da construção civil, promoção de vendas e comércio de vestuário.
“Nos últimos anos também tivemos um grande número de formalizações de MEIs no segmento de entregas, influenciado pelos aplicativos de entregas e marketplaces. O crescimento das formalizações nos últimos anos tem sido em torno de 6% em relação ao ano anterior, e vem se mantendo. A tendência é esse número aumentar, até porque muitas pessoas, que antes trabalhavam como empregados (CLT), agora passaram a ter o seu próprio negócio”, contou Ramalho.
O agente do Sebrae ressaltou ainda a importância do MEI para a economia local, destacando o fomento ao empreendedorismo, geração de empregos, renda e inclusão social. A formalização permite que muitos trabalhadores deixem a informalidade e passem a contribuir com impostos e com o crescimento da economia.

“Os principais benefícios de ser MEI incluem a formalização do negócio com um CNPJ, a possibilidade de emitir notas fiscais, acesso a serviços financeiros como crédito e conta bancária, e a garantia de direitos previdenciários como aposentadoria e auxílio-doença. Além disso, o MEI tem a vantagem de pagar menos impostos e ter uma burocracia simplificada, o que facilita a gestão do negócio”, disse Ramalho.
Além de dominar as aberturas em 2025, o MEI também representa a maioria das empresas ativas em Marília. De acordo com o Mapa de Empresas do portal Gov.br, até 30 de abril deste ano, 58,8% dos CNPJs ativos na cidade eram de microempreendedores individuais — um total de 22.668 MEIs, de um universo de 38.536 empresas registradas.