Na contramão do país, Marília é destaque na alfabetização de alunos
Na semana em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Estado brasileiro “falhou miseravelmente” ao longo dos últimos anos no quesito alfabetização, Marília vem na contramão. Há anos, conforme dados comprovados nos índices mais atualizados, a Educação no município é um dos pilares da sociedade.
Para 2024 estão previstos mais de R$ 300 milhões do Orçamento no custeio e investimentos no setor, com reforma ou construção de 19 escolas.
De acordo com o secretário municipal da Educação de Marília, Helter Rogério Bochi, as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) de Marília participam da Prova Brasil (Ideb) desde 2005, quando receberam nota 5,5. De lá para cá, as unidades têm registrado aumento gradativo até atingir 7,2 em 2019.
“Essa evolução aconteceu devido ao trabalho intenso com a formação continuada dos professores, através de cursos, encontros e orientações pedagógicas pontuais. Com a pandemia do coronavírus, que durante dois anos provocou o distanciamento dos alunos e professores do ambiente escolar, a intensidade do trabalho pedagógico ficou prejudicada”, afirma Bochi.
A Prova Brasil de 2021 foi aplicada, mas os alunos encontravam-se defasados em relação aos conteúdos curriculares dos anos de ensino remoto. Com isso, o Ideb teve uma queda em relação aos anteriores, registrando 6,4 na rede municipal. Já na rede estadual em Marília, a nota foi de 6,6, o que resultou em média de 6,5.
Entre os municípios paulistas que estão na casa de 200 e 300 mil habitantes, até 2019 Marília ocupava a segunda colocação, com 7,2 de média, atrás apenas de Indaiatuba. Após a pandemia e nova classificação, Marília caiu três posições, ocupando o quinto lugar, ao lado de São Carlos, com nota 6,5. A primeira colocação ficou com Araçatuba, que teve média de 6,7 e conseguiu subir para 6,9.
Ainda assim, o município ficou entre os dez primeiros colocados. Com nota 5,7, por exemplo, a vizinha Bauru ficou na 18ª colocação.
“A partir de 2022, retomamos um trabalho pedagógico direcionado e consistente, através de diversas ações, pois vários são os fatores que estão associados ao sucesso de uma rede de ensino para promover a aprendizagem dos estudantes. O município vem investindo em vários deles”, afirma o secretário.
PROBLEMAS EM ESCOLA MODELO
Mesmo com os valores gastos na Educação, alguns pais ainda enxergam diversas necessidades no âmbito escolar, principalmente nos cuidados com os mais jovens.
Um pai de um menino de quatro anos da escola Monteiro Lobato, uma das mais “disputadas” de Marília, que não quis se identificar, contou que na teoria tudo é lindo, mas a realidade é diferente e seria preciso capacitar melhor o quadro de funcionários.
“O ideal seria que a Prefeitura oferecesse cursos com muito mais frequência e selecionasse quem atua nessa área, principalmente para lidar com crianças pequenas, que não conseguem falar ou se expressar. Meu filho está numa idade que ainda não tem independência e precisa de suporte, mas você se depara com alguns funcionários que não têm preparo para atender essas crianças”, conta o pai.
O cidadão afirma achar um absurdo o fato de deixarem as crianças sozinhas na hora de usarem os banheiros, sem nenhuma supervisão, pois ainda não conseguem se higienizar corretamente. O pai também afirma não concordar com apenas uma professora para cuidar de uma sala com cerca de 20 alunos.
“Quando tem alguma criança autista ou especial, que precisa de acompanhante, eles colocam alguém para ajudar, mas caso contrário, é uma professora em uma turma de crianças entre três e quatro anos. Já teve vez que a meu filho fez xixi na roupa, pois a professora estava sozinha e não tinha quem levasse ele ao banheiro”, revela o pai.
Ele ainda destaca que a escola, considerada um “modelo” da rede municipal, deixa a desejar na questão das salas de aula. Segundo o pai, o número de alunos é maior que a capacidade de atendimento, sendo necessário um rodízio entre os pequenos estudantes. “Tem mais turmas do que salas de aula. Então eles fazem um rodízio entre parque e sala, mas quando chove ficam duas turmas numa sala, algumas no pátio e no salão”, afirma o pai.
ORÇAMENTO PARA 2024
Para 2024, existe a previsão de destinar R$ 306.764.566,96 para a Educação. Deste total, quase R$ 62 milhões serão para a Educação Infantil e R$ 72 milhões para o Ensino Fundamental. Já o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) deverá receber cerca de R$ 147 milhões.
Somente para construções e reformas de escolas serão investidos mais de R$ 16 milhões. Para a distribuição de uniformes escolares serão R$ 5 milhões. Para a manutenção do transporte escolar, R$ 13 milhões. Serão indicados ainda outros R$ 25 milhões para a merenda escolar.
Dentro do Orçamento previsto para a Fundeb, serão direcionados quase R$ 114 milhões para manutenção com pessoal do magistério, sendo praticamente metade para o Ensino Infantil e metade para o Fundamental.
OBRAS NA EDUCAÇÃO
Entre as escolas com previsão de passarem por reforma ou serão construídas estão a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Creche Estrelinha Dourada, com orçamento de R$ 577.499,60; além de R$ 923.999,23 para a Emei Walt Disney, R$ 577.499,60 para a Emei Amor Perfeito, R$ 923.999,23 para a Emei Balão Mágico, R$ 461.999,62 para a Emei Leda Casadei, R$ 577.499,60 para a Emei Arco-Íris, R$ 923.999,23 para a Emei Sítio Do Pica-Pau Amarelo e R$ 346.499,78 para a Emei Criança Feliz.
Serão ainda R$ 1.385.998,99 para a Emei Altos Do Palmital, R$ 923.999,23 para a Emei Marina Moretti, R$ 1.154.999,06 para a Emei Zona Oeste, R$ 692.999,43 para a Emei Aquarela, R$ 692.999,43 para a Emei Catavento Profª Nilze Scarano Manso, R$ 1.039.499,21 para a Emei Marina Betti Cesar, R$ 1.154.999,06 para a Emei Zona Norte, R$ 692.999,43 para a Emei Mãe Cristina, R$ 1.154.999,06 para o Cemesc Francisco A. Nascimento, R$ 461.999,62 para a Emef Prof. Cecilia A. Guelpa e R$ 1.732.498,64 para a Emef Zona Oeste.
DESTAQUE EM EDUCAÇÃO
Um estudo desenvolvido pelo Núcleo de Estudos das Cidades (NEC), composto por professores da USP de São Carlos, UFSCar de São Carlos e Fatec de Jaú, classificou Marília em terceiro lugar em Educação no Estado de São Paulo.
Marília ficou em 8º lugar na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com as médias avaliadas em 2017, 2019 e 2021, totalizando nota 6,12. Na questão que avalia a escolaridade no Índice Paulista de Responsabilidade Social, o município ficou em terceiro lugar, com escolaridade 64 e nota 10 na avaliação.
Os dois rankings possibilitaram Marília atingir a terceira colocação do Estado, atrás apenas de Indaiatuba e São Carlos, ao lado de Americana, Franca e Jundiaí.