Mulher que cometeu suicídio teria procurado ajuda antes do ato
Os familiares de Elisete Trevisan Serdan, de 50 anos, relataram ao Marília Notícia que a mulher se suicidou após procurar ajuda no sistema de saúde e não conseguir.
Segundo o familiar, que preferiu não se identificar, Elisete morava com o pai que faleceu há 13 dias. Após a morte dele, a mulher entrou em uma depressão profunda. Conforme a família, antes disso Elisete não apresentava sinais de que poderia cometer o ato.
Antes de consumar o suicídio ela já havia feito uma tentativa e a família procurou o Hospital das Clínicas.
“Na primeira tentativa, nós procuramos o HC [Hospital das Clínicas]. O médico do HC deu um calmante para ela, constatou a tentativa e falou pra ela ir para a família, que iria encaminhá-la para o postinho de saúde para passar por um médico e de lá iria para um psiquiatra”, contou o familiar ao MN.
A família diz que em seguida procuraram ajuda no Posto de Saúde próximo a casa dela. Elisete morava no bairro César Almeida, na zona Norte. Entretanto, no posto ela também não teria conseguido ajuda.
“Ela falou que realmente queria se matar, que ela não tinha vontade de viver, que ela queria morrer, só isso que ela falava. Ele [médico do posto] falou que não poderia passar nenhum medicamento para ela porque ele não era psiquiatra e que para ela conseguir uma consulta com o psiquiatra demoraria cinco anos. Então ela voltou para casa sem medicamento, sem ajuda, sem nada. Aguardando na fila para poder passar por um psiquiatra. Só que não deu tempo,” disse o familiar revoltado com a situação.
A irmã de Elisete estava cuidando dela, dia e noite para não deixá-la sozinha. Porém, segundo o integrante da família, a vítima tinha todas as chaves da casa, apesar de dizer que não tinha. Ela esperou a irmã dormir, destrancou a casa e saiu para cometer o suicídio.
“Também procuramos o CVV [Centro de Valorização da Vida], só que não tivemos ajuda. Não foi nada do que a gente imaginou que falam nessas campanhas, ‘ligue, chamadas de vídeo para te ajudar’, nada disso é sempre fila de espera”.
“Teve esse estopim que foi a perda do pai. Foi tudo constatado, teve testemunha que ela tentou se suicidar, mas absolutamente nada foi feito pelo sistema público de saúde. Nem pelo CVV, nem pelo HC, nem pelo Posto de Saúde. O que a família podia ter feito a gente fez. Pensamos assim: ‘será que se o médico do HC tivesse encaminhado ela para o local correto, estaria viva agora?’. Nos sentimos desamparados pelo sistema de saúde”, desabafou o familiar.
Outro lado
O MN questionou os órgãos citados pela família sobre a falta de ajuda, mas até o momento não obtivemos retorno. O espaço segue aberto para manifestações.