Marília tem mais de 200 ‘índios urbanos’, diz último Censo do IBGE

Os indígenas que vivem em Marília estão totalmente integrados ao ambiente urbano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo Demográfico de 2022.
O levantamento revela que 100% da população indígena do município reside fora de terras tradicionais e possui acesso integral a serviços básicos urbanos, como abastecimento de água, coleta de lixo e rede de esgoto.
Segundo o IBGE, Marília não possui áreas indígenas nem reservas demarcadas. Ainda assim, o censo identificou 210 pessoas que se autodeclararam indígenas, com idade média de 44 anos, em sua maioria mulheres. Desse total, 96,7% vivem na área urbana e apenas 3,3% na zona rural.
A infraestrutura das moradias dessa população é semelhante à do restante da cidade: 95,12% têm ligação à rede de esgoto, 98,17% recebem água encanada da rede pública, 98,78% contam com coleta de lixo e 100% possuem banheiro de uso exclusivo e registro civil em cartório.
Quanto ao tipo de habitação, 90,24% vivem em casas, 7,32% em apartamentos e 2,44% em condomínios. Nenhum indígena reside em cortiços, habitações precárias ou malocas.
A comparação com o Censo de 2010 aponta uma redução populacional de 12,5% — de 240 para 210 pessoas em doze anos. O levantamento também indica alta diversidade étnica, com representantes de 29 etnias diferentes, embora a maioria (69,5%) não soubesse informar a qual pertence.
Entre os entrevistados, 96,7% declararam falar português, e apenas 12 pessoas afirmaram falar uma língua indígena. A taxa de alfabetização é alta: 96,28% sabem ler e escrever.
O IBGE registrou ainda que 25,2% dos entrevistados se identificaram com uma etnia específica, enquanto 5,2% afirmaram ter dupla origem. Historicamente, a região de Marília era habitada por povos Kaingang, Terena e Guarani, expulsos de suas terras durante o ciclo do café, no início do século 20.
Em âmbito nacional, o Censo 2022 identificou 1,69 milhão de indígenas, pertencentes a 391 povos e falantes de 295 línguas, o que reforça o avanço da urbanização indígena no país. Em Marília, os dados revelam uma realidade particular: a presença indígena está totalmente incorporada à vida urbana e aos serviços públicos da cidade.