Marília se prepara para encarar fila de cirurgia eletiva
Marília está se preparando para enfrentar a fila de espera por cirurgias eletivas, mais um problema decorrente da pandemia da Covid-19. Desde o começo do ano passado, este tipo de procedimento foi drasticamente reduzido na cidade.
Inicialmente, houve a necessidade de evitar a circulação de pessoas dentro de centros cirúrgicos e hospitais para evitar a proliferação do coronavírus. Depois, se somou a este fator a falta de leitos.
O resultado é um contingente formado por milhares de pessoas à espera de cirurgias que não são necessariamente urgentes, e podem ser agendadas. Contudo, a demora pode agravar seriamente os problemas de saúde que poderiam estar resolvidos. Veja abaixo detalhes sobre a queda no volume de cirurgias.
Agora, com o avanço da vacinação contra a Covid e o aumento no número de leitos para pacientes da pandemia vagos, volta a se discutir a retomada das cirurgias eletivas – sejam as hospitalares (mais complexas) ou ambulatoriais (que não exigem internação, por exemplo).
Ao Marília Notícia, o secretário municipal da Saúde, Cassio Luiz Pinto Júnior, diz que os procedimentos já estão sendo retomados aos poucos, e existe sim a intenção de acelerar o processo.
“Mas precisamos ter cautela, ir com calma. A situação da Covid-19 tem melhorado, mas não está totalmente resolvida. Não podemos desmobilizar de pronto a estrutura preparada para a Covid-19”, afirma Cassinho, como é conhecido.
Na Santa Casa de Marília, por exemplo, a ordem é continuar com cirurgias eletivas reduzidas ao menos até uma maior de desocupação dos leitos de terapia intensiva exclusivos para os pacientes Covid. Ainda que improvável, teme-se um novo agravamento da pandemia.
Já o Hospital Beneficente Unimar (HBU), um cronograma para atacar as cirurgias eletivas represadas está pronto para ser colocado em prática agora em agosto. “Teríamos agendamentos até o mês de fevereiro do ano que vem”, afirma a superintendente Márcia Mesquita Serva. A efetivação do plano, no entanto, depende da administração municipal.
De acordo com Márcia, também houve queda no número de atendimentos clínicos. Com a retomada destes serviços em maior volume, é possível que a demanda por cirurgias eletivas aumente ainda mais. “Nossas estimativas atuais podem estar subestimadas”, pondera.
QUEDA
Levantamento feito pelo MN junto ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS) mostra que o número de cirurgias hospitalares em Marília caiu mais de 50% entre 2019 e 2020.
Em 2019, foram registrados 6.690 procedimentos desse tipo, um recorde desde 2008, quando a série histórica disponível se inicia. Já no ano passado, esse número foi reduzido para 3.341 – ou seja, menos da metade.
Entre as principais cirurgias hospitalares eletivas realizadas em 2019 em Marília, segundo o DataSUS, estavam procedimentos múltiplos, colecistectomia videolaparoscopica, vasectomia, hernioplastia inguinal, amigdalectomia e hernioplastia umbilical.
Já nos primeiros cinco de meses 2021, o perfil de cirurgias hospitalares mudou bastante. Entre os principais estão procedimento múltiplos, sequências em oncologia, angioplastia coronariana, reconstrução com retalho miocutâneo, gastrostomia, vitrectomia e implantação de cateter de longa permanência.
No caso das cirurgias ambulatoriais eletivas, em Marília, houve queda de 60% entre 2019 e 2020, mas em maio deste ano houve uma recuperação importante no número de procedimentos. Em 2019, foram 14.611 e 5.811 no ano passado.