Justiça renova mandado de prisão temporária de empresário investigado na Operação Red Flag

A Justiça determinou a renovação do mandado de prisão temporária de um empresário de Vera Cruz investigado por envolvimento com o tráfico de drogas na região. A ordem, emitida pela 2ª Vara Criminal de Birigui, não cria uma nova prisão, mas estende o prazo da custódia já existente, mantendo as mesmas regras anteriores.
Pela decisão, o empresário deve continuar separado dos demais detentos e ser novamente informado sobre seus direitos. Ao fim do prazo, caso a Justiça não transforme a prisão temporária em preventiva, ele deve ser solto.
A determinação também será enviada à 6ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, que analisa um habeas corpus apresentado pela defesa. Polícia e Ministério Público serão comunicados.
Primeiro mandado e operação policial
A renovação ocorre após a primeira fase da prisão temporária, cumprida em 23 de outubro de 2025 pela Polícia Federal, durante a Operação Red Flag. Na ocasião, os agentes fizeram uma entrada tática na casa do empresário, em Vera Cruz, por suspeita de fuga e possível presença de armas.
Ele chegou a ser algemado por desobedecer ordens de segurança e tentar voltar para dentro da residência, segundo relatório da PF.
Durante as buscas, foram apreendidos três notebooks, celulares, documentos, um DVR de câmeras, uma espingarda calibre 20, munições, US$ 87,8 mil (R$ 468 mil), além de várias peças de avião — como fuselagens, asas, motores e hélices — espalhadas pela propriedade. Também foram recolhidos uma Amarok, um Fiat Strada e um Honda HR-V.
Argumentos da defesa
A defesa afirmou que o empresário tem residência fixa, é primário e não foi flagrado com objetos que comprovem envolvimento com o crime. Disse ainda que ele havia passado por cirurgia no pescoço na véspera da operação. Pediu liberdade, prisão domiciliar com tornozeleira ou, como última opção, cela especial por ele ser advogado.
Com a renovação, o prazo da prisão temporária volta a contar a partir da publicação da decisão e segue nas mesmas condições.
Para casos de tráfico de drogas, a prisão temporária pode chegar a 30 dias, prorrogáveis por mais 30 em caso de necessidade. A legislação permite esse prazo maior porque o crime é considerado hediondo.
A investigação continua e o habeas corpus segue em análise no Tribunal de Justiça.
Cocaína transportada em aeronaves
A operação mira empresários e pilotos suspeitos de integrar um esquema milionário de tráfico de cocaína usando aviões.
No Estado de São Paulo, as ações se concentraram em Araçatuba, Birigui, Vera Cruz, Catanduva e Garça. Também houve mandados no Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.
Segundo a PF, a investigação começou há cerca de um ano, quando um piloto da região de Araçatuba foi identificado como responsável por transportar droga para a organização criminosa.
As aeronaves eram preparadas em hangares e oficinas de Birigui e decolavam carregadas com cocaína para outros estados.
Estrutura milionária
O delegado responsável afirma que o grupo tinha divisão interna de funções, com equipes para logística aérea, transporte terrestre, finanças e ocultação de bens.
Em uma das ações documentadas, no fim de 2024, quase uma tonelada de cocaína foi transportada em aviões agrícolas no interior do Paraná. As movimentações financeiras ligadas à quadrilha passam de R$ 160 milhões.
Segundo a PF, os investigados mantinham padrão de vida elevado, com fazendas, imóveis de luxo, carros, barcos e aeronaves.
A operação conta com apoio do Gaeco (MP-SP) e foi autorizada pela Justiça de Birigui, que também bloqueou bens e determinou medidas para enfraquecer financeiramente a quadrilha.