Justiça autoriza exumação do corpo Josi Dias para investigação da causa da morte

A Justiça autorizou a exumação do corpo da servidora municipal Josiane Gomes Pelegrin Dias, para a realização de uma necrópsia, com o objetivo de esclarecer a causa de sua morte. A decisão foi dada pelo juiz Paulo Gustavo Ferrari, da 2ª Vara Criminal de Marília. Antes de morrer, Josi Dias fez vídeos reclamando do atendimento médico.
Josiane faleceu após dar entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona norte, relatando dores nos braços que se irradiaram para as costas, após um esforço físico. Ela permaneceu 50 horas na unidade de saúde e veio a óbito em 9 de janeiro de 2025. A certidão de óbito apontou insuficiência respiratória aguda, broncoaspiração e obesidade como causas da morte.
O advogado Lucas Dantas, representando a mãe de Josiane, Rosa Gomes Pelegrin Dias, requereu a exumação, pois existe suspeita de negligência médica no atendimento de Josi Dias. Rosa acredita que os profissionais de saúde não consideraram a possibilidade de um infarto. Ela registrou um boletim de ocorrência, para que o caso seja investigado pela Polícia Civil de Marília.
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) se manifestou favoravelmente à medida e o juiz Paulo Gustavo Ferrari autorizou a exumação do corpo para a realização de uma necropsia. A decisão se baseou nos argumentos e documentos apresentados, que indicam a possibilidade de Josiane ter sofrido um infarto não diagnosticado durante o atendimento médico.
A Delegacia de Polícia de Pirajuí, onde o corpo de Josiane foi sepultado, será notificada para tomar as providências cabíveis, mas ainda não existe data para a realização da exumação do corpo.
VÍDEOS
Antes de morrer, Josi Dias gravou alguns vídeos, contando que resolveu mudar de vida neste ano, passando a fazer dieta e se exercitar. Josi foi caminhar com a filha na pista ao lado da avenida das Esmeraldas, mas se sentiu mal, com forte dor no peito e costas, que irradiava para os braços.
Ela voltou para casa e acreditando se tratar de um desgaste ou mal jeito, ficou deitada, até o período noturno. Como as dores prosseguiram, decidiu procurar por atendimento médico.
“Vai ser uma das poucas vezes que nós vamos nos falar, mas venho trazer esse vídeo para vocês em desabafo. Alguns têm que sofrer, não é mesmo? Outros não. Cheguei e fui subir a rampa, mas tive um mal-estar e desmaiei. Fui acolhida como emergência. Foram feitos exames e meus sinais vitais estavam bons, exceto o oxigênio, que tinha caído. Fui transferida para a sala de observação, mas não constataram nada a princípio, embora a dor no peito continue latente”, explicou Josi.
A servidora municipal contou que um médico teria dado alta, pois ela não teria critérios para ser encaminhada para internação. Josi teria então decidido ir ao banheiro, mas se sentiu mal e desmaiou.
“Falaram para eu me levantar, pois tinha que me esforçar. Eu já tava sem oxigênio e acabei evacuando ali mesmo. Me trouxeram para o isolamento. Como podem ver, é um quartinho. Aqui estou em isolamento. Chamei por mais de uma hora e ninguém veio. Vou mostrar a condição que estou para vocês. Não estou bem e não consigo chamar mais ninguém”, reclamou.
Com a troca da equipe de plantão, pediu novamente para ir ao banheiro, se sentindo novamente mal e desmaiando.
“Quando acordei do desmaio, pensaram que eu estava dormindo. Um funcionário pisou no meu pé e falou que eu estava dormindo mesmo. O intuito deste vídeo é mostrar a condição que eu estou, toda evacuada, sem atendimento, sem lençol na cama. Vomitei e não consigo parar em pé. Não sei o que está acontecendo comigo e eu não posso ser transferida”, afirmou Josi.
INDIGNAÇÃO
Andresa Tiburcio revelou que os familiares de Josi foram recebidos pelo prefeito de Marília, Vinicius Camarinha (PSDB), que prometeu uma investigação sobre as circunstâncias que fizeram com que sua prima perdesse a vida.
“Ele disse que ia averiguar. Ainda não tem nenhuma portaria sobre sindicância na Prefeitura e estamos aguardando. Contamos com esse apoio. Não pode ficar só na apuração da gestora da UPA. Ele nos garantiu isso”, revelou a prima de Josi Dias.
Os familiares acreditam que Josiane ainda poderia estar viva, caso tivesse recebido um tratamento digno.
“Todo mundo tem sua hora, mas tem coisas que podem ser evitadas. Acredito que a hora dela ainda não tinha chegado, foi antecipada. Se medidas tivessem sido tomadas, não teria acontecido o que aconteceu”, disse Andresa.
OUTRO LADO
Em nota, a direção da UPA da zona norte lamentou profundamente o falecimento. “Expressamos nossas condolências aos familiares e amigos neste momento de dor. A paciente foi admitida e durante sua permanência na unidade recebeu, de nossa equipe de saúde, todos os esforços cabíveis e procedimentos para estabilizar seu quadro clínico. Em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e aos pacientes, a unidade não divulga informações de saúde dos usuários do serviço”, diz o comunicado.
A Prefeitura de Marília lamentou a morte da servidora pública municipal e manifestou solidariedade à família. A administração informou que solicitou esclarecimentos à gestora da UPA, a Associação Hospital Beneficente Unimar (AHBU), que confirmou a instauração de um procedimento para apurar o ocorrido.
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