Irmãos de Garça que transplantaram corações têm alta
Os dois irmãos de Garça (distante 35 quilômetros de Marília) que fizeram transplantes de coração no início do mês, receberam alta do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) nesta última quinta-feira (22).
Paloma e Gustavo, de 19 e 18 anos respectivamente, são portadores de uma doença cardíaca rara chamada Danon e foram submetidos ao procedimento para receberem um novo coração. As cirurgias cardíacas aconteceram em um intervalo de apenas 48 horas.
Durante a internação, os irmãos ficaram na UTI para que permanecessem isolados, já que pacientes transplantados fazem parte do grupo de risco da Covid-19.
Os dois fizeram fisioterapias e exercícios na unidade de saúde, o que colaborou para a rápida recuperação. Agora o período de recuperação continua em casa, contudo Paloma e Gustavo ainda devem ir uma vez por semana ao ambulatório do hospital para fazer acompanhamento médico.
ENTENDA
As cirurgias foram realizadas no dia 9 e 11 de abril, acompanhadas pela mãe deles, Noeli Rodrigues de Souza.
Segundo o coordenador clínico de transplante cardíaco do hospital, o médico Flavio Brito, a doença que os irmãos tem causa hipertrofia do músculo. “Ele fica mais espesso e, em alguns casos, o coração pode dilatar”, explica.
A doença não tem tratamento, sendo o transplante a única opção. A mãe dos jovens também conseguiu um novo coração há dois anos. “Logo após o meu transplante, deixei tudo de lado para cuidar deles”, diz.
Os jovens fazem acompanhamento semanal no Serviço de Cardiologia do HCFMB e, há oito meses, estavam na fila pelo transplante.
No dia 9 Gustavo recebeu a notícia de um órgão compatível no Estado do Paraná. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) auxiliou na captação. Enquanto isso, a equipe do Programa de Transplante Cardíaco se mobilizava para realizar o procedimento.
“A pandemia nos faz reduzir algumas cirurgias, devido à lotação de leitos Covid. Mas sabemos também da importância destes casos. Quando se fala em coração, agimos com ele”, afirmou a diretora de assistência do HCFMB, a médica Erika Ortolan.
Enquanto Noeli se dividia entre cuidar de Gustavo, que se recuperava na UTI Coronariana da unidade hospitalar, e de Paloma, que continuava o tratamento em casa, a Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HC realizava a captação de um novo órgão no próprio hospital.
No dia 11, após a oferta passar por toda a lista de doadores, apenas Paloma era compatível, e ela realizou o transplante no mesmo dia.
“Um verdadeiro milagre. Quando veio a notícia do segundo órgão foi uma alegria. Agora estou feliz por completo. Só posso agradecer a Deus, à medicina e às famílias que, mesmo em um momento difícil, decidiram salvar duas vidas. Agora espero a recuperação dos dois, e o melhor, todos juntos”, disse Noeli.
Criado há três anos, o programa de Transplante Cardíaco do HCFMB é atualmente o primeiro centro transplantador do interior do Estado. Ao todo, 27 transplantes já foram realizados nesse período.