Inflação da festa junina é a menor em 4 anos, mas alimentos pressionam
A inflação das festas juninas foi a menor dos últimos quatro anos, segundo segundo levantamento do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O preço dos alimentos, no entanto, continua pressionando o índice.
O aumento médio de uma cesta de 27 produtos foi de 5,74% nos últimos 12 meses fechados em maio, acima da inflação geral medida pelo IPC-S, que registrou alta de 3,28% no mesmo período.
Dos 27 produtos típicos das festividades, 15 tiveram aumento entre junho de 2023 a maio deste ano. A alta mais expressiva da cesta junina ficou por conta da batata-inglesa, que subiu 60,66%, seguida pelo arroz, com acréscimo de 23,42%.
Os dois alimentos dependem da produção no Sul do país, especialmente nos estados de Paraná e Rio Grande do Sul, onde as chuvas têm impactado a oferta e a logística de escoamento.
“Tanto a batata-inglesa quanto o arroz já vinham em um movimento de alta antes da tragédia do Rio Grande do Sul. O que a tragédia fez foi potencializar esse processo”, diz Matheus Dias, economista do FGV Ibre.
Todo ano, segundo ele, é natural que os preços subam no início do verão e diminuam com a chegada do inverno. A redução nos valores já deveria ser sentida no bolso do consumidor. No entanto, a questão climática no Sul prolongou a alta.
A maçã e a batata-doce também estão pressionando o orçamento da festa junina, com aumentos de 21,72% e 11,59%, respectivamente.
Além desses, o açúcar refinado subiu 10,30% e o açúcar cristal, 7,82%, afetados pela quebra de safra na Tailândia, um dos principais produtores mundiais de açúcar.
“Diversos produtos açucarados como chocolate, refrigerantes, bolos e até pães também foram afetados pela cadeia produtiva do açúcar”, afirma Dias.
Entre os itens que ajudaram a aliviar as altas, o destaque fica para a farinha de trigo, com queda de 15,47%. Outros alimentos também registraram recuo nos preços. É o caso do leite condensado (-13,98%), leite longa vida (-7,22%) e milho de pipoca (-6,63%).
“Embora este ano a cesta tenha apresentado diversos produtos com queda de preços, nenhum deles foi capaz de compensar as respectivas altas acumuladas”, afirma Dias.
Apesar da cesta estar voltada para os produtos mais comuns consumidos nas festividades, boa parte deles é consumida diariamente pelos brasileiros. “Isso pode pesar no bolso não apenas na época de festa junina, como também vai ser sentido ao longo do ano”, diz o economista.
Para minimizar o impacto no orçamento, a recomendação é que os consumidores se juntem em grupos para comprar produtos, ao invés de comprar individualmente, ou façam uma boa pesquisa de preços.
“Outra alternativa é procurar promoções online, por meio dos aplicativos dos mercados”, recomenda Dias.
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POR VITOR HUGO BATISTA