Homem confessou ter matado Vanessa com golpes de canivete em Marília

O Natal em Marília foi marcado por uma tragédia. Vanessa Anizia da Silva Carvalho, de 43 anos, foi encontrada morta no início da tarde de quinta-feira (25), em Vera Cruz. Alan Rodrigo Santana Corrêa, também de 43 anos, foi preso em flagrante após confessar o crime e indicar onde havia ocultado o corpo, ao lado de uma estrada vicinal.
Desde o início das investigações, a Polícia Civil tratou o caso como um provável feminicídio, e não apenas um desaparecimento. A suspeita foi reforçada por informações preliminares, além do histórico de violência doméstica envolvendo o investigado — que já havia sido denunciado anteriormente pela própria vítima.
Ao prestar depoimento, Alan apresentou uma versão dos fatos que ainda será confrontada com as provas técnicas e demais elementos da investigação. Ele afirmou que o casal, que convivia havia cerca de cinco ou seis anos, iniciou uma discussão na noite de 22 de dezembro, na residência da vítima, prolongando-se pela madrugada do dia seguinte.

Segundo o acusado, a discussão teve início após ele manifestar a intenção de encerrar o relacionamento, o que supostamente não teria sido aceito por Vanessa. Em sua versão, ela teria tentado enforcá-lo, e, ao reagir para se defender, ele a empurrou, causando uma queda que resultou em uma batida na cabeça. Na sequência, afirmou tê-la colocado no banco traseiro do carro, alegando que pretendia levá-la ao hospital.
Por volta das 7h, ainda segundo seu relato, ele teria sido novamente agredido dentro do carro, momento em que utilizou um canivete para desferir golpes no pescoço da vítima. Alegou que, tomado pelo medo, desistiu de socorrê-la e escondeu o corpo.
A Polícia Civil, no entanto, reforça que o histórico de agressões contra a mesma vítima e as circunstâncias do crime indicam um escalonamento da violência doméstica que culminou em assassinato. O corpo de Vanessa foi localizado em uma bacia de contenção de águas pluviais, coberto com capim seco para dificultar a visualização.

O delegado Wanderley Santos afirmou que, mesmo com o crime tendo ocorrido dias antes, foi possível prender Alan em flagrante por ocultação de cadáver — um crime de natureza permanente. Também foi solicitada sua prisão preventiva pelo feminicídio.
Durante dois dias, o acusado permaneceu em deslocamento constante para evitar a prisão. Sua rendição foi articulada pelas advogadas Larissa Toríbio e Michele Casagrande. Para preservar sua integridade, a entrega foi feita em um local neutro, próximo ao Marília Shopping, já que familiares da vítima estavam concentrados em frente à delegacia.

“Duas advogadas nos trouxeram as informações de que esse indivíduo teria as procurado para viabilizar uma entrega, sua rendição. Escolhemos um lugar mais neutro, não na CPJ, porque existiam familiares revoltados aqui. Houve a rendição e, a partir de então, ele nos apontou o local onde teria ocultado o corpo da companheira. Nos deslocamos para lá e encontramos o corpo, já em avançado estado de putrefação, com indicação de morte por instrumento pérfuro-cortante”, contou o delegado.
A advogada Larissa Toríbio relatou que atuou para que o cliente se entregasse voluntariamente e devolvesse o corpo à família. Ela afirmou que Alan apresentava confusão e falas desconexas.
“Ele estava com muita dificuldade em falar o que estava acontecendo, com falas desconexas. Desde o início, eu pedi para que ele se entregasse e restituísse o corpo para a família. Tanto eu, quanto a doutora Michele, nos compadecemos com a dor dessa família. Eu fiquei trabalhando nesse sentido, de que ele realmente se apresentasse e entregasse o corpo, que para mim era o ponto central”, explicou.

O veículo utilizado no crime foi apreendido para perícia, mas o canivete usado não foi localizado. Alan Rodrigo Santana Corrêa passará por audiência de custódia nesta sexta-feira (26) e deve ser encaminhado a uma unidade prisional da região.
O corpo de Vanessa será sepultado no mesmo dia, no Cemitério da Saudade, sem velório. O horário ainda não foi definido.