Expansão urbana e geração de oportunidades em Marília

A construção civil é um dos setores que mais movimentam a economia brasileira, com efeitos diretos sobre a geração de empregos, o crescimento do comércio, o desenvolvimento urbano e a reorganização dos espaços nas cidades ao longo do tempo. Em municípios do interior, como Marília, esses impactos se tornam ainda mais evidentes à medida que as cidades crescem e transformam os comportamentos como o jeito de morar, de consumir e de se deslocar ao longo do dia – muitas vezes, antecipando as transformações do cenário urbano e social.
Esse desenvolvimento urbano em Marília é marcado por uma característica importante: a presença de grandes áreas ainda não urbanizadas, muitas localizadas em pontos estratégicos, próximas aos centros urbanos ou já cercadas por bairros consolidados. São terrenos que, apesar de ainda apresentarem aspectos rurais, fazem parte do processo de transição da cidade e estão à espera de diretrizes que orientem seu aproveitamento. Nesse contexto, a construção civil assume um papel fundamental, não apenas como agente econômico, mas como instrumento de planejamento e organização do crescimento das cidades.
Entretanto, para que esse avanço ocorra de forma estruturada e sadia, é necessário que haja sinergia e pensamento de longo prazo entre governo, incorporadoras, plano diretor e zoneamento urbano. A transformação urbana não pode depender exclusivamente de decisões isoladas de proprietários de terrenos ou investidores. Cada nova ocupação deve considerar os impactos sociais e a necessidade de oferecer infraestrutura, serviços e qualidade de vida. Por isso, a expansão de uma cidade precisa ser pensada como parte de um processo coletivo e contínuo.

Marília possui uma geografia particular: é cercada por áreas de preservação ambiental, como os Itambés. Nos bairros próximos, desenvolvem-se núcleos urbanos que surgem ao redor dessas formações geológicas. Esses núcleos precisam ser integrados ao tecido urbano de forma planejada. Isso significa que novos bairros não devem surgir de maneira isolada, sem acesso a escolas, áreas verdes, equipamentos públicos ou infraestrutura de mobilidade. Por isso, é fundamental que todo o ecossistema envolvido na criação de novos espaços reflita sobre como essas áreas se conectam com a cidade como um todo. Esse é o ponto chave do desenvolvimento.
Outro aspecto relevante é a geração de empregos. O setor tem forte capacidade de absorver mão de obra, especialmente em modelos ainda majoritariamente artesanais, como a construção civil. Isso gera oportunidades diretas nos canteiros de obras e movimenta uma ampla cadeia produtiva que envolve, desde fornecedores de materiais, até o comércio local.
A diferença tecnológica em relação a países com modelos mais industrializados ainda é grande, mas esse atraso tecnológico também é uma das razões pelas quais o setor emprega tanta gente por aqui. Isso não significa que a inovação deva ser deixada de lado, pelo contrário, ela precisa acontecer de forma compatível com a realidade local e com as vocações econômicas da cidade.

Empreendimentos planejados, quando alinhados ao plano diretor e ao interesse coletivo, contribuem para redesenhar a cidade de forma mais equilibrada. Isso exige refletir sobre como as pessoas se deslocam, onde trabalham, onde estudam, como acessam serviços e o que esperam do lugar onde vivem.
A construção civil é, portanto, mais do que um setor produtivo. É um vetor de desenvolvimento que precisa caminhar junto com o planejamento urbano e com políticas públicas que garantam que o crescimento da cidade seja sustentável, inclusivo e voltado para o bem coletivo. Marília tem espaço, demanda e potencial. Fica o desafio e o compromisso de integrar todos os envolvidos para termos uma Marília que cresça de forma planejada, com foco no futuro.
* Brian Pieroni é engenheiro e diretor da Bild Desenvolvimento Imobiliário em Marília.