Ex-servidores do governo Daniel assumem cargos estratégicos na RIC

A RIC Ambiental, concessionária responsável pelos serviços de água e esgoto de Marília, tem absorvido ex-servidores da gestão do ex-prefeito Daniel Alonso (PL) em posições estratégicas.
O Marília Notícia apurou que a RIC tem integrado à sua equipe técnica profissionais que anteriormente ocupavam cargos comissionados e de chefia na antiga administração municipal.
Essas mudanças ocorrem em um momento sensível, com a concessionária ainda consolidando sua atuação no município após assumir a concessão dos serviços de água e esgoto em setembro de 2024. A RIC Ambiental tem sido alvo de críticas pela recorrente falta de água e por problemas estruturais no serviço.
Embora a contratação de profissionais experientes seja prática comum em empresas deste porte, a ligação direta de muitos desses quadros com a administração que deu início à concessão tem gerado questionamentos nos bastidores políticos e entre opositores de Daniel Alonso.
Paralelamente a essas movimentações, a RIC Ambiental confirmou seu patrocínio ao Marília Atlético Clube (MAC), instituição comandada pelo grupo político do ex-prefeito. A parceria foi oficializada recentemente, com a marca da concessionária ocupando o maior espaço na camiseta do time para a temporada 2025.
Embora os valores do patrocínio não tenham sido divulgados, o anúncio ocorre em um contexto de transição administrativa no MAC, que tem Daniel Alonso como segundo vice-presidente e Alysson Alex Souza e Silva, aliado político de Alonso, como presidente.
O novo uniforme foi divulgado no sábado (18), mesma semana que RIC quitou as quatro primeiras parcelas, cada uma no valor de R$ 2 milhões, das 80 previstas pela outorga da concessão do antigo Daem.
Esse pagamento, que gerou críticas, refere-se ao período iniciado em setembro de 2024, quando a empresa assumiu os serviços. A Prefeitura de Marília, agora sob o comando do prefeito Vinicius Camarinha (PSDB), confirmou o recebimento e esclareceu que a gestão anterior havia concedido um prazo de carência de dois meses, permitindo que o primeiro pagamento fosse realizado apenas em novembro e mesmo assim houve o atraso.

RIC SOBRE PRESSÃO
A combinação de fatores coloca a RIC sob pressão crescente, tanto no âmbito político quanto na opinião pública.
Recentemente, o prefeito de Marília, Vinicius Camarinha, publicou um vídeo em que voltou a criticar a concessão dos serviços de água e esgoto da cidade. Em sua fala, o atual chefe do Poder Executivo destacou problemas como a constante falta de água, vazamentos e a qualidade dos serviços prestados pela concessionária.
“Não podemos mais aceitar tanta falta de água, vazamentos e tanto desserviço da empresa que venceu a absurda concessão do Daem, feita no ano passado pela ex-administração”, afirmou. Além das críticas, o prefeito fez um apelo à população, pedindo que denuncie irregularidades e problemas enfrentados com os serviços.
Vinicius afirmou que o Daem foi “vendido a preço de banana” e que o modelo atual é insustentável. Em declarações anteriores, o prefeito chegou a dizer que o departamento de água da cidade foi “dado de presente”. Segundo ele, a situação precisa de ajustes urgentes para minimizar os prejuízos à população e aos cofres públicos.
No último dia 9 de janeiro, a Prefeitura de Marília abriu um processo administrativo para investigar possíveis irregularidades no contrato de concessão. O memorando enviado à Corregedoria do Município aponta supostas falhas graves no edital da concorrência pública nº 013/2022, que transferiu os serviços de saneamento para a empresa RIC Ambiental.
Além de não gerar melhorias para a população, a concessão, iniciada em setembro de 2024, gerou um alto custo ao município. Com a maioria dos 276 servidores do antigo Departamento de Água e Esgoto de Marília (Daem) rejeitando o programa de demissão voluntária, eles foram realocados para diversas secretarias, mas continuam vinculados à Agência Municipal de Água e Esgoto de Marília (Amae).

Segundo Vinicius, o custo mensal com esses servidores chega a R$ 4,5 milhões, além de outros R$ 1 milhão mensais de parcelamentos de débitos, totalizando R$ 5,5 milhões por mês. “A receita do Daem ficou com a concessionária, e a Prefeitura teve que assumir o ônus”, criticou o prefeito.
O Marília Notícia entrou em contato com a RIC Ambiental e o Marília Atlético Clube para obter posicionamentos sobre os fatos relatados, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. Caso haja retorno, este texto será atualizado.
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