Déficit crônico desafia gestão municipal desde 2014

Entre 2014 e abril de 2025, Marília acumulou um histórico orçamentário marcado por déficits sucessivos, segundo dados divulgados pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP). No período analisado — que abrange os balanços da Prefeitura e de outros órgãos públicos —, as contas apresentaram mais anos no vermelho do que de superávit, resultando em um saldo negativo acumulado de quase meio bilhão de reais.
Em 2014, a arrecadação chegou a R$ 673,8 milhões, enquanto os gastos somaram R$ 687,6 milhões, gerando um prejuízo de R$ 13,7 milhões. O cenário se agravou em 2015, quando o déficit anual saltou para R$ 81,1 milhões, com receitas de R$ 691,4 milhões e despesas de R$ 772,6 milhões.
No ano seguinte, embora a entrada de recursos tenha aumentado para R$ 732,5 milhões, os gastos também cresceram, totalizando R$ 785 milhões e encerrando 2016 com novo resultado negativo, de R$ 52,5 milhões.

O primeiro respiro nas finanças ocorreu em 2017, com superávit de R$ 13,4 milhões — fruto de um balanço de R$ 796,7 milhões em arrecadação e R$ 783,3 milhões em gastos. No entanto, o equilíbrio durou pouco.
Em 2018, houve novo desequilíbrio: despesas de R$ 844,1 milhões e receita de R$ 833,7 milhões, gerando um rombo de R$ 10,4 milhões. O buraco orçamentário cresceu em 2019, com entradas de R$ 956,2 milhões e saídas de R$ 1,001 bilhão — diferença de R$ 45,6 milhões.
Nem mesmo a pandemia freou a alta nas despesas em 2020, que superaram as receitas em R$ 22,8 milhões. Já em 2021, houve o segundo e último superávit do período, de R$ 14,3 milhões.
A partir de 2022, a situação voltou a se deteriorar: R$ 37,7 milhões de déficit naquele ano, R$ 91,9 milhões em 2023 e R$ 86,9 milhões em 2024.

Nos primeiros quatro meses de 2025, o quadro continuou negativo, com gastos de R$ 511,9 milhões frente a uma arrecadação de R$ 429,2 milhões, o que representa um novo déficit de R$ 82,6 milhões.
No acumulado de mais de 11 anos, o município arrecadou R$ 11,59 bilhões, mas gastou R$ 12,09 bilhões — diferença de R$ 498,1 milhões no saldo das contas públicas.
Além da Prefeitura, o levantamento do TCE-SP inclui dados da Câmara de Vereadores, Departamento de Água e Esgoto (Daem), Empresa Municipal de Mobilidade Urbana (Emdurb), Fundação Mariliense de Recuperação Social (Fumares), Fundação Municipal de Educação Superior (Fumes) e Instituto de Previdência do Município de Marília (Ipremm).