Daniel relata pressão por uso de ‘tratamento precoce’
O prefeito Daniel Alonso (PSDB) relatou ter sofrido uma grande pressão pela adoção do chamado tratamento precoce contra a Covid-19 em Marília. A declaração foi feita durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara nesta sexta-feira (21).
“Vocês não têm noção da quantidade de mensagens, de vídeos, que eu recebia por dia”, disse Daniel, se referindo ao suposto sucesso desse tipo de tratamento em certas cidades pelo país – narrativa impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Na verdade, estudos científicos têm demonstrado que esse tipo de estratégia – principalmente no caso da cloroquina – não auxiliam no tratamento contra a doença provocada pelo coronavírus.
Pelo contrário, o abuso de medicamentos do então chamado ‘kit Covid’ pode até mesmo comprometer a saúde dos pacientes.
O assunto foi abordado pelo prefeito em resposta a questionamento feito pelo presidente da CPI, vereador Elio Ajeka (PP).
“Dentro do Comitê [de enfrentamento à Covid] criamos um conselho científico formado por médicos renomados de nossa cidade, infectologistas, e naquele momento, naquela época, se discutia muito o tratamento precoce. Naquele momento tínhamos o objetivo de criar um protocolo medimecamentoso”, contou Daniel.
No entanto, de acordo com o prefeito, a imposição acabou descartada, sendo oferecidos protocolos que ficariam a cargo de cada médico aplicar ou não.
“Temos que respeitar a classe científica médica de nossa cidade. Temos duas faculdades de medicina, temos grandes pesquisadores doutores, e seria totalmente ditatorial estabelecer por decreto o tratamento precoce, passando por cima do conhecimento científico da nossa classe médica. Eu fui duramente cobrado, agora diminuiu um pouco”, revelou Daniel.