Daniel Alonso faz balanço da gestão em 2017
Eleito em outubro de 2016, Daniel Alonso (PSDB) assumiu a administração de Marília em 1º de janeiro deste ano.
Perto de completar um ano de gestão, o prefeito deu uma entrevista exclusiva ao Marília Notícia, onde fez um balanço da primeira parte de seu mandato.
Por cerca de 50 minutos, no gabinete da Prefeitura, ele falou sobre a relação com os servidores, saúde, educação, coisas que lhe incomodam, metas, entre outros assuntos. Confira a entrevista na íntegra abaixo.
MARÍLIA NOTÍCIA – Os servidores municipais formam uma das principais categorias que apoiaram a eleição do senhor. No entanto, vem sendo muito conturbada sua relação com eles neste primeiro ano. Como o senhor avalia isso?
DANIEL ALONSO – Posso dizer que, pela troca de experiência que tenho com prefeitos do Brasil todo, e estou constantemente me reunindo com prefeitos da Região, do Estado e de todo o país, hoje o prefeito que conseguir fazer a folha de pagamento dos [funcionários] ativos e dos aposentados e pensionistas, ele já é um herói. Só de fazer isso.
O que a gente vem procurando fazer é honrar o pagamento de todos, haja vista que os ativos estão recebendo antecipado, salvo agora em dezembro, que não vamos conseguir fazer o pagamento antecipado – Porque antecipado? Porque nós temos até o 5º dia útil para fazer o pagamento, e todos os meses, com exceção de janeiro que nós herdados a folha do governo anterior, todos os meses foram pagos dentro do próprio mês ou até com vários dias de antecedência.
Nós, em janeiro incorporamos o abono, que não era nossa obrigação incorporar. Mas até por gratidão aos servidores foi feito isso, a incorporação do abono. Isso deu, sem dúvida um ganho real de salário a todos. Na sequência, nós mais do que dobramos o vale alimentação que era R$ 120 e passamos para R$ 250. O aumento [salarial], ele não foi muito expressivo, foi apenas 2%, eu reconheço, mas era o que tínhamos, em termos de orçamento, para fazer. Nós estamos trabalhando com o orçamento que nos foi deixado. Não tinha o que fazer, se não estaríamos estourando o nosso limite de responsabilidade fiscal.
Com relação aos pensionistas, eu reconheço que houve alguns meses de alguns dias de atraso, mas é preciso que haja uma compreensão do que está acontecendo. O Ipremm (Instituto de Previdência do Município de Marília) é como uma poupança que você vai depositando para um dia poder fazer uso desse dinheiro, sem que interrompa o depósito para a própria poupança. O que aconteceu no ano passado foi que houve uma interrupção de repasse, o fundo se esgotou. Isso a gente já tinha alertado no ano passado, inclusive foi um dos assuntos debatidos na campanha, que o recurso do Ipremm não daria até março [de 2017] e foi o que aconteceu, todos esses demais meses tivemos que fazer a folha sem ter esse orçamento. Então isso evidentemente que pesou.
Agora a questão do vale-alimentação dos inativos, algo que a oposição explorou muito para nos atacar, isso infelizmente não tínhamos muito o que fazer. Muito embora o meu desejo, como prefeito, como ser humano, como cidadão, é um dia, assim que eu puder, compensar isso de alguma forma. Mas não tivemos essa relação, como você comenta, conturbada com os servidores. Acho que dada a situação econômica que está atravessando o país, evidentemente que com a prefeitura não é diferente, nós demos nosso melhor.
Sei que não é fácil. Não é fácil. O servidor público, assim como do município, do Estado, da União, não tem seus salários aumentados. Ou então a inflação não está sendo corrigida devidamente e isso causa um desconforto, um mal-estar. Nós não, em hipótese nenhuma, nós não deixaremos de estar cuidando principalmente do plano de carreira, que isso é uma questão de honra para mim, a gente vai fazer e dentro desse plano de carreira vamos fazer todas essas correções.
O concurso público, que estaremos realizando agora, vai desafogar a sobrecarga de trabalho de todos os servidores que, de alguma forma, sempre acarreta isso: o desfalque do pessoal que vai se aposentando, vai saindo e tal. Isso também não deixa de ser investimento que a gente está fazendo nos próprios servidores. Trazer cerca de 15% a mais para o município. Eu penso assim: não foi o que a gente… poderia ser melhor. Os servidores esperavam… Mas por outro lado, o que eu sinto, quando converso com os servidores, é que eles alimentam sim essa esperança de que a gente vai conseguir fazer mais e melhor por todos, mas tem que ser no momento certo.
MN – O senhor acha que foi muito mais difícil do que o senhor previa o peso de ser prefeito?
DA – Olha, não foi um ano fácil.
MN – O senhor tinha noção do que seria? Ou o senhor se assustou?
DA – O desafio da gestão em si eu tinha já uma certa noção. Talvez possa ter me assustado um pouco foi com a repercussão, ou seja os ataques, os devaneios, principalmente que vêm da oposição, e a falta de paciência das pessoas de modo geral.
É necessário paciência, você pega o município com a situação que eu não preciso nem ficar relembrando, R$ 92 milhões de restos a pagar. Restos a pagar. Não é dívida do município. Dívida do município é quase meio bilhão. Só de restos a pagar R$ 92 milhões, orçamento engessado… e ainda conseguir sobreviver.
Foi um ano de sobrevivência, realmente muito difícil. Dizer que está bom do jeito que está? Não está, mas não está [bom] o país. Eu por exemplo, quando vou para Bauru (distante 104 quilômetros de Marília), tenho muitos amigos por lá, quando passo por Bauru, o pessoal fala: “pelo amor de Deus, Daniel, queremos você aqui, que aqui está ruim demais”. Aí você vai para Pompeia (31 quilômetros de distância) o pessoal fala: “vem pra cá prefeito, aqui está ruim demais”.
Percebe? É uma insatisfação que toma conta do país todo, haja visto o comportamento dos políticos. O Geraldo Alckmin é um puta de um cara. Desculpa o termo, “um puta de um cara”. De uma responsabilidade… em termos de cuidar da coisa pública, ele é extremamente responsável. 75% de rejeição (fala abaixando a voz). Um Michel Temer, [tem] menos de 5% de aprovação. O próprio Dória, que até outra hora era a bola da vez, o Estadão dá rejeição de 60%. Então isso é um reflexo da insatisfação, do desgaste com os gestores públicos, dos agentes políticos. É um fenômeno que toma conta do país todo. Então nós temos que ter essa compreensão de que o momento não é bom. Não é bom.
Mas vamos refletir. A cidade hoje está melhor do que estava. Em todas as áreas. Principalmente o domínio, o controle dos números, das finanças, isso a gente vem trabalhando de uma forma bastante austera. Apanhamos bastante, mas estamos arrumando a casa. Tem bastante coisa que precisava ser… por exemplo, o caso da Unimed [dos planos de saúde]. Não tinha condições de ficar do jeito que estava. Então, muitos dos desgastes foram por conta de corrigir coisas que estavam irregulares.
MN – Os ataques da oposição são desenfreados. Como o senhor está lidando com isso?
DA – Assim como eu preciso que a população tenha paciência para que todas as coisas aconteçam no seu tempo, eu tenho procurado bastante essa questão de não me deixar contaminar pelos ataques da oposição. É bem complicado, mas o que pode acontecer: Eu acredito que vai chegar um momento em que a população vai perceber o nosso trabalho. Nosso trabalho vai crescer ao longo dos próximos três anos e eles [a oposição] vão ser descredibilizados porque não é possível que o governo só tenha defeitos. Tem que ter a coerência de dizer, aqui o governo está acertando, aqui precisa melhorar. Você tem uma oposição que só bate, bate, bate e nunca tem nada de bom pra falar do governo, alguma coisa tem de errado, então a população vai começar a perceber isso. Que é apenas ataque. Que não é uma oposição coerente.
MN – O senhor acha que falta crítica construtiva, é isso que quer dizer?
DA – Quando perdi a eleição, a eleição de 2012, eu preservei o tempo e o direito do ex-prefeito [Vinícius Camarinha] de apresentar seu trabalho. Eu fiz oposições bem pontuais, que tinham divergências dentro do plano de governo que foi apresentado. Salvo isso, não tinha o porquê eu ficar atrapalhando quem precisaria estar trabalhando. Hoje eu vejo que a tentativa da oposição [que sofro] é atrapalhar. Tentar nos engessar, nos intimidar, desestabilizar nosso governo.
O período de campanha você tira fora. O embate da campanha é palanque. Fora isso, você não pode ficar o tempo todo em cima do palanque tacando pedra.
MN – Saúde e educação. Quais foram os acertos e o que não deu muito certo e o senhor tentou corrigir no caminho? Experiência positiva e negativa nessas áreas.
DA – Vamos lá. Investimentos em Saúde. Nós, este ano fizemos investimento muito mais em Saúde do que o governo anterior fez em todos os anos. Ou seja, é recorde. E porque isso? Em primeiro lugar. É sabido como a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), como o PA (Pronto Atendimento) 24 horas foram obras eleitoreiras. Ele [o ex-prefeito Vinícius Camarinha] fez isso. Inclusive havia dentro da Secretaria de Saúde uma grande desconfiança de que depois da eleição o PA da zona Sul não seria mantido 24 horas, seria reduzido. E até mesmo a UPA poderia ser desativada depois da eleição porque não constava em orçamento.
A População não tem essa informação. Mas nós honramos tanto o PA como a UPA, o pagamento disso. Nós pegamos os estoques dos almoxarifados de medicamentos, pegamos vazio. Principalmente nos três primeiros meses houve um investimento muito grande em compra de medicamentos.
Iniciamos a reestruturação das farmácias, porque a forma como estava, os postos de saúde não tinham a mínima condição de estarem distribuindo remédios. Sem farmacêuticos, então era muito precário. Então as farmácias polo vão dar para a população um atendimento pleno, eu diria, tanto de farmacêuticos quanto de medicamentos.
Farmácia polo inauguramos da zona Norte. Da zona Sul está programado para a primeira quinzena agora de dezembro, vamos avançar na do Centro, no primeiro semestre do ano que vem já vai estar pronto também e uma itinerante para os distritos. Sempre deixando claro que ninguém está tirando remédio dos postinhos. Os postinhos mantêm os remédios normalmente.
Nós iniciamos um mutirão permanente das cataratas, que isso é algo que só se tentava fazer em véspera de eleição. Já iniciamos esse ano. A ideia é zerar, não só a cataratas, mas a espera de todas as especialidades.
O cuidado preventivo. Pegamos a prefeitura com um foco importantíssimo de leishmaniose no Jânio Quadros e já conseguimos conter isso. Já foi combatido esse foco. Você mesmo [Marília Notícia] já fez uma matéria importante da dengue, ou seja, o preventivo. A limpeza, o trabalho da Zoonoses. Não tivemos condições de fazer grandes investimentos. Por exemplo, um novo hospital. Isso não tivemos condições de fazer ainda.
Mas por exemplo, olha o ponto importante de reestruturação que foi o colegiado de hospitais. Eu não tinha isso. Você sentar uma Santa Casa, o Hospital das Clínicas, o Hospital Espírita, a [maternidade] Gota, para pensar a saúde de Marília de forma ampla. Antes não existia isso, cada um puxava para o seu lado. Hoje já se conversa, então estamos buscando fazer o consórcio incluindo todas as cidades da Região na cidade. A exemplo do que estamos fazendo… o lixo também é algo que estamos trabalhando nesse sentido, consórcio intermunicipal. Já fizemos inúmeras reuniões com prefeitos da região. Veículos da Saúde, nós fizemos investimentos, mas na Saúde nós só queremos ambulância.
A Prefeitura nos últimos anos não tinha crédito para comprar nada. Diferente do que o menino [o ex-prefeito Vinícius Camarinha] falava, “ah limpamos o nome da Prefeitura”, limpou o caramba. Como que limpou? Não tinha condições. O que estamos fazendo já? Linha de financiamento para equipar… já equipamos uma boa parte da frota. Saúde, Educação, Serviços Urbanos. 50 veículos novos. Estamos fazendo agora, mais caminhões novos, ambulância, máquinas, pá-carregadeira, caminhão-caçamba, caminhão-basculante, máquinas para manutenção das estradas rurais, financiamento da Caixa Econômica Federal. Só está sendo possível isso porque a Prefeitura agora tem crédito.
Outra linha de financiamento importante: mobilidade urbana. Aliás, Marília foi entre as três primeira cidades num programa de mobilidade urbana chamado Avança Cidade. Marília saiu na frente. Inclusive fomos lá para Brasília apresentar nosso programa quando saiu. Já está com ele pronto. Recursos, isso tudo já está em processo de análise lá em Brasília, Ministério das Cidades.
O Parque Linear, o Parque da Represa Cascata, a Radial Oeste, que é um problema sério de mobilidade na região, padronização de calçada, e uma série de ações que inclui o pavimento de muitas ruas que ainda não tem asfalto [são projetos encaminhados].
MN – Tudo isso você acha que vai sair da metade para o fim do mantado? Não é rápido.
DA – Não é rápido, eu concordo, mas são coisas que a gente já está trabalhando. Tem que sair. Sai no final do ano que vem, começo de 2019. Não pode passar disso.
MN – O investimento da Saúde foi alto, mas o da Educação ainda está abaixo do mínimo exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (15% das receitas).
DA – É assim: A hora que a gente fechar, nós temos até o dia 31 de janeiro para fechar o ano. Então você vai ver que vai passar do mínimo. Tem muitas notas de fornecimento, de manutenção, que estão empenhadas, que assim que liquidar, entra na conta. Salários, 13º [salário], vai passar [do mínimo exigido pela Lei de Responsabilidade Fiscal]. Aí que está, nós temos o maior cuidado, a aprovação das contas é um grande termômetro do que é o governo. Então para nós é de suma importância trabalhar essa disciplina, trabalhar dentro dos critérios estabelecidos pelo Tribunal de Contas.
Mas a Educação: os ônibus que nós pegamos não tinham a menor condição. Eu mesmo peguei um ônibus quando começaram as aulas e fiquei assustado, fiquei com medo. Falei: “encosta esse ônibus, pelo amor de Deus”. Teve uma boa renovação [da frota].
Na medida do possível a gente vem melhorando o aspecto físico de cada unidade [escolas]. Agora, eu acho que o grande ganho da educação é o concurso público. São quase 500 novos professores e diretores. Ainda assim, a gente teve que preencher quase 200 salas de aula que pegamos vazias [do último governo]. Fizemos os contratos temporários, resolvemos a questão das salas de aulas.
Tivemos várias reformulações também. Uma coisa simples, tirar as formaturas do estádio e do ginásio e trazer para as escolas, trouxe economia e satisfação. Qualidade. Antes as aulas iam até setembro, agora as crianças conseguem aproveitar melhor esses dois meses do ano letivo que eram antes desperdiçados só para fazer ensaio no estádio e viagens de ida e volta, ou no ginásio.
Então a gente sente uma satisfação muito grande dos país e dos alunos também. O que nós mais fizemos esse ano foram estudos e correções. Por exemplo, tínhamos lá convênios com o Governo do Estado que o município pagava 50% do transporte, o Estado 50%. Conseguimos fazer com que o município ficasse com 24% e o Estado 76%.
Alguns convênios importantíssimos de reformas e novas escolas que se perderam [na gestão passada]. A verdade é essa: eu acho que deu, nos últimos tempos, o governo aqui [Vinícius] deu branco. Perdiam convênios, era um descuido tão grande nessa coisa de aproveitamento de recursos, de convênios… não se tinha esse cuidado [que temos]. Quando fomos ver a quantidade que estava sendo perdida nesse descuido, começamos correr atrás. Então hoje temos vários convênios de construção de creches e escolas que estão em andamento.
Só que é assim, você acerta o convênio e fica na espera do recurso chegar. Esse que está sendo o grande dilema. Nem Governo do Estado, nem Governo Federal… está tudo certo, tudo aprovado, mas não [liberam o recurso]. Um exemplo, o CIE (Centro de Iniciação ao Esporte), uma obra esportiva, um projeto maravilhoso.
Começamos as obras e o dinheiro não veio. Aí você tem que parar. Começamos, tem que parar. A gente depende muito quando são convênios com o Governo do Estado e Governo Federal, tem que esperar, não tem o que fazer. Tem tudo certinho, mas tem que esperar melhorar a economia, o governo liberar os recursos para que eles cheguem até a gente.
MN – Uma das queixas que o Marília Notícia recebe é sobre a merenda da Educação. A merenda não está legal segundo muita gente ouvida pela reportagem. Senhor gostaria de comentar?
DA – Então, é isso que precisa ver… Porque assim, embora, assim. Deixa eu falar pra você. O que mais me deu dor de cabeça esse ano foi questão de fornecimento. É transição. Você pega muito das coisas que eram contratos anteriores que não estava bom. Então você tenta mudar.
Por exemplo, a polêmica da Delta, da empresa [supostamente fantasma]… Se você pegar o que a Matra [Marília Transparente] apontou dias antes dos caras soltarem o apontamento, que não tem julgamento ainda, de um aplicativo de celular, que aplicaram alguns itens. E ainda os caras se equivocaram, porque eles colocaram preço de 500 gramas… e a gente tinha comprado de um quilo. Tem vários itens [no mesmo caso].
Ali foi uma tentativa de se livrar de alguns fornecedores que estavam tendo alguns apontamentos que tinha qualidade suspeita, preços elevados… tentamos arrumar. Nesse tentar arrumar deu aquela ‘zica’. Mas entregou direitinho. Hoje você pode ter uma empresa em qualquer lugar. O e-commerce, o mundo dos negócios, é todo virtual. Mas resumindo, não estou aqui para defender ninguém, até porque pedi para instaurar um inquérito, para apurar tudo, mas as informações são de que as empresas entregaram tudo direitinho e não tem nada superfaturado. Ponto.
Aí, nós estamos tendo um problema sério com fornecimento de carne e tivemos que interromper esse fornecedor e fizemos todo o processo de fazer um emergencial em que eu vou ser bem sincero.
Analisando os preços desse emergencial, até R$ 4,3 milhões, veja bem, não é [gastar tudo] R$ 4,3 milhões, é até esse valor. R$ 4,3 milhões para Marília não é nada. São 20 toneladas de carne por semana. Se você ver os preços que a gente tinha conseguido versus o preço que a gente estava pagando nos contratos anteriores, é fantástico, mas por que não continuou? Deveria, mas em consenso com os secretários, a equipe, no sentido de evitar a compra emergencial, por que sempre compra de emergência é mais polêmica. Suspendemos e voltamos a comprar com os fornecedores anteriores.
Esses fornecedores anteriores contratados pelo Vinícius já vinha tendo reclamação. Bom, é transição. E é pontual tá? Você vai em algumas escolas, excelente, ninguém reclama. Agora você vai em outras e… Mas isso é gestão da diretora, viu? Gestão da Diretora. A maioria está satisfeitíssima e cada vez mais eu quero dar autonomia para a diretora. Depende também da criatividade.
Minha avozinha cozinhava tão bem. Como ela fazia coisas simples tão bem, pegava um coisa simples e transformava… Agora, essa gestão da alimentação é de suma importância. Evidentemente elas também têm ali a autonomia de recusar qualquer coisa que não esteja de qualidade e tem que ser assim. Nossas diretoras, no nosso governo, estão orientadas a não aceitar carne que não seja de qualidade.
Até nas compras novas que a gente está fazendo… aquela coisa da cozinha piloto, aquilo não funciona. O negócio é ponto a ponto. Vai direto para as escolas. Fornecedor/escolas, não tem que ficar passando [por entrepostos]. A diretora cuida, com seus alimentos, com sua cozinheira. Então é isso. Agora eu também pedi ao secretário Beto [Cavallari, da Educação] para fazer o levantamento de consumo geral.
Para pensar em uma [alternativa], talvez, para fugir dessa burocracia da compra da carne, dos legumes. Pensar talvez em uma empresa que faz a comida na escola e que se encarregue pela compra. O grande dilema hoje é o processo licitatório [para compra de alimentos]. Se eu conseguisse eliminar [o processo licitatório da compra de alimentos]… mas só me interessa se for ficar mais barato, por isso estou fazendo levantamento. Ou no máximo igual em termos de valores.
A empresa não precisa obedecer todos os processos morosos da licitação, impugnação, não sei o que… tem uma promoção no supermercado, ela vai e compra. Eu não posso fazer isso [pela Prefeitura]. A gente conseguiria diminuir os riscos de desabastecimento ou de falta de qualidade. Esse risco que nós tivemos em alguns momentos me causou bastante dor de cabeça, bastante preocupação. Mais uma vez: transição, mas ainda assim ninguém ficou sem comida, ninguém ficou sem nutriente, isso tudo é conversa que houve pontual.
MN – O senhor falou no começo do ano que as contas públicas do município estavam em situação de calamidade. Qual a situação delas hoje?
DA – Eu diria para você que as contas continuam difíceis, porém não mais em estado de calamidade. Está tudo sobre controle, Ipremm sobre controle, fornecedores, prestadores de serviço essenciais, como Saúde e Educação, de limpeza, coleta de lixo, estão todos sob controle. Os fornecedores idem. Restos a pagar, muita coisa foi paga na nossa gestão [de responsabilidade] do governo anterior. Então, hoje a prefeitura de Marília não corre o risco de entrar em um colapso por falta de serviços ou falta de controle financeiro.
MN – O senhor falou de lixo duas vezes nesta entrevista, só que a Prefeitura está tomando muita multa ambiental e existem vários problemas envolvendo descarte de resíduos.
DA – O antigo aterro [área de transbordo do lixo na estrada para Avencas] está proibido pela Cetesb de estar recebendo qualquer resíduo de construção, então nós estamos depositando esse resíduo de forma temporária em um terreno nosso lá da prefeitura, que não é lixão, é resíduo sólido, se tiver lixão lá [como reportagem exclusiva do Marília Notícia mostrou que o TCE constatou], então precisamos colocar em alerta os fiscais de posturas para ficarem mais atento se alguém está jogando lixo lá. É descarte de construção. Agora está em processo de licitação para cuidar do resíduo de construção, só da construção.
Inclusive essa licitação só não saiu antes porque nós fizemos várias reuniões com os caçambeiros, que a principio eu queria dar a eles a oportunidades de organizar isso, através de uma associação, de montar uma usina, porque eles eram os maiores interessados. Mas não houve interesse por parte deles.
Então isso fez com que nós tivéssemos que abrir um processo de licitação, que eles mesmos, um deles pode vir a ter interesse e concorrer. A exemplo do que já acontece, os caçambeiros que tiram isso [entulho] das construções, que sejam eles também a dar destino por alguma empresa… Temos uma licença ambiental para fazer isso lá do lado do [antigo] aterro sanitário que pode ser aproveitada. Evidentemente, que dependemos de empresas que tenham esse interesse, que deve surgir aí na licitação. Preciso ver a data disso como é que está. Deve estar para sair.
MN – Lixo doméstico vai continuar do jeito que está por enquanto? Com metade da coleta e mais gastos para transbordo pela Monte Azul levar para aterros em outras cidades?
DA – Temos três alternativas, três caminhos que estamos trabalhando. Convidamos empresas para apresentar propostas em audiência pública. Temos marcado para o dia 21 de dezembro a apresentação disso. A princípio tem duas empresas que vão nos apresentar soluções. Uma é a usina que transforma lixo em combustível, faz todo o processo de separação junto com as cooperativas. Seria o sonho, o plano A. Minha preocupação é com relação à tecnologia, é uma tecnologia importada, isso pode demorar um pouco, por conta dos órgãos competentes, que depende de licença para isso, talvez financiamento… mas seria o ideal.
A segunda, a [empresa] Revita, plano B, que também já está apresentando. Ela tem uma pré-licença, um local aprovado na saída para Oscar Bressane.
E, terceiro, uma iniciativa minha de estar conversando com os prefeitos da região para criar um consórcio intermunicipal, um aterro sanitário, que atenda não só Marília, mas várias cidades dar região. Isso otimiza custos. Quem encabeçou isso? Marília, Presidente Prudente e Paraguaçu Paulista. Evidente que depois vão vir outras cidades, porque toda a região está com problema de lixo. Estamos estudando, já fizemos a quarta reunião e está avançando bastante. É difícil falar, mas das três alternativas que nós temos, talvez a do consórcio teria mais chances de dar certo… depende só da gente. O da usina, não depende da gente, investimento muito alto. O da Revita, não depende da gente. Já o consórcio, cotiza, uma pequena parte de investimento de cada município, que faz acontecer. A distribuição de cotas é por geração de lixo.
MN – Quais foram as obras de destaque esse ano? O senhor não conseguiu fazer muita coisa.
DA – Nada de obras. Esse ano foi um ano de projetos, projetos e prospecção de recursos. A própria obra do esgoto. Já publicou o edital. A abertura é no dia 8 de janeiro. Projetos para reforma de escolas… todas elas estão com projeto de adequação, ampliação. Projeto de uma Emei e uma Emef no Jardim Maracá e Montana. Projeto de construção de um posto de Saúde e de um Cras naquela região. Projeto para conclusão de duas creches, Flauta Mágica e Catavento, projeto de retomada do posto de saúde no Jardim Santa Paula, projetos além da retomada do esgoto, estamos avançado com o processo de conclusão do Ribeirão dos Índios, radial oeste, dentro da mobilidade.
Temos projeto de perfuração de dois novos poços para o ano que vem. Reforma das ETAs (Estação de Tratamento de Água) do Peixe e Cascata que estão dilatando. Obras estruturais que precisam ser feitas. Esse ano a gente avançou muito em manutenção. Manutenção da rede de esgoto. O que mais tinha aqui é vazamento de água. A operação tapa-buraco e recape melhorou para caramba, tem muito buraco… mas já melhorou. Nós estamos mexendo em locais que são tabus, Jardim Primavera, nunca mexeram naquele lugar desde que entregou. Então, em termos de manutenção a gente avançou bastante, o Daem, a Codemar, a própria Emdurb, que a gente reestruturou e tem um foco em mobilidade.
Sobrevivemos. Não estou satisfeito, nunca devemos estar satisfeitos, mas estou contente de ter conseguido sobreviver esse ano. Todos nós brasileiros sabemos que foi um dos anos mais difíceis da história do país. A gente conseguiu superar. Dizer para você que está bom, bom, não está, não adianta tapar o sol com a peneira, tem que melhorar, mas não podemos deixar de comemorar as pequenas conquistas. E outra coisa: cidade democrática, livre. A cidade está empoderada e é até um problema que tenho que lidar com isso. Se tem uma cultura do coronelismo que manda quem pode e obedece quem tem juízo…
MN – Mas o senhor acha mesmo que a cidade já está livre desta cultura?
DA – Tem que mandar esse cara [deputado Abelardo Camarinha] parar de bater em mim, dá um conselho para ele, mostrar o que ele vem fazendo como deputado. Nem parece que ele está no poder, nem parece que… o meu salário é R$ 12 mil, o dele é R$ 90 mil. Os meus comissionados ganham R$ 2 mil, R$ 3 mil por mês. Os dele ganham R$ 20 mil. Pô, fala pra ele mostrar o que ele está fazendo. Manda ele prestar contas do que ele fez como deputado pelo município e não ficar me atacando…
Então, é esse empoderamento das instituições, da Câmara, dos secretários, das associações de bairro, esse novo tempo de uma cidade livre, sem dono, ou se tem dono, que seja a população, eu acho que é uma grande conquista.
MN – Quais os principais desafios para o ano que vem?
DA – A gente depende muito… ano que vem é um ano crucial que é um ano de eleição nacional. A gente depende muito da retomada do crescimento econômico, melhoria da geração de empregos e renda, de uma confiança maior dos investidores, principalmente externos, para que a gente comece a ter novos investimentos no município.
O grande motor que puxa a economia, que faz a roda da economia girar é a força empreendedora, são os investimentos, o empreendedorismo, então isso tem que voltar a acontecer.
Se não a gente fica vivendo muito das esperanças, dos sonhos e isso fica sempre no amanhã, no futuro, e a gente precisa fazer o futuro acontecer agora, já. A gente precisa antecipar isso. Só a gestão eficiente não basta. A gestão eficiente arruma a casa. Ela coloca o trem nos trilhos, mas o que faz o motor da máquina do trem girar e puxar a locomotiva é a economia.