Comandante da PM quer reduzir índices criminais em Marília
Nascido em São Paulo, mas morando em Marília desde os três anos de idade, o tenente-coronel Alexandre Ledo, novo comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar do Interior (9º BPMI), pretende melhorar os índices criminais de todas as cidades da região. Ele concedeu uma entrevista exclusiva ao Marília Notícia, contando um pouco de sua história e objetivos no comando do policiamento.
Ledo contou que sua família se mudou em 1977 para Marília. Um médico recomendou ao seu pai que procurasse uma cidade do interior para ter mais qualidade de vida. Ele visitou Bauru, São José do Rio Preto, mas escolheu Marília para morar com toda a família.
“Fui criado aqui em Marília. Cheguei com três anos de idade e estudei no Bezerra de Menezes até a oitava série. Quando tinha entre 14 e 15 anos, passei no concurso e fui para a escola preparatória da Academia do Barro Branco, que garantia o ingresso na Polícia Militar. Fui da mesma turma do coronel Mário Sérgio Nonato, antigo comandante da PM aqui em Marília”, conta Ledo.
CARREIRA NA PM
O início como policial militar foi na capital paulista, na zona Norte de São Paulo. Logo ele conseguiu a transferência para Marília, para a 1ª Companhia, trabalhando como tenente durante 15 anos na cidade. Ao ser promovido como capitão, assumiu o comando da 4ª Companhia da PM em Garça, retornando pouco tempo depois para Marília, totalizando 18 anos no 9º BPMI, sendo o primeiro comandante da Companhia de Força Tática na cidade.
Ledo foi transferido para a Força Tática do 47º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (47º BPMM), na zona Norte de São Paulo. Ele atuou ainda na zona Sul da capital paulista, sendo promovido para major.
Alexandre Ledo foi então para os bairros paulistanos Capão Redondo e Grajaú, conhecidos pela criminalidade, e município Dracena, sendo promovido para tenente-coronel em Avaré. Pouco depois passou a trabalhar em Itaquera, na zona Leste de São Paulo, quando estourou a pandemia de Covid-19.
“Pensamos que quando fechou tudo, faltaria o mínimo nas casas e alguns começariam a roubar, mas o fenômeno foi outro. Tivemos uma redução dos indicadores. Aumentaram os conflitos domésticos, que é de difícil prevenção”, relembra Ledo.
O tenente-coronel foi então para Catanduva, ainda com diversas restrições por conta da pandemia. Ele lembrou que os quartéis da PM foram pontos de testagem e de vacinação de policiais, bem como ressaltou o trabalho dos militares na escolta das vacinas em todo o estado.
“Na pandemia, não só a Saúde, mas as polícias também não pararam. Não tem como fazer home office policial. Nossos policiais continuaram nas ruas, combatendo os crimes. Tivemos 106 policiais militares na ativa que morreram e mais de 900 na reserva. O Hospital da PM teve um papel importante, se tornando um centro de referência. Todo mundo teve perdas neste período”, diz o tenente-coronel.
Depois de Catanduva, Ledo foi convidado para assumir o policiamento em Ourinhos, até a saída do agora coronel Mário Sérgio Nonato, que foi para a reserva, abrindo a vaga para o comando da PM em Marília.
AMOR POR MARÍLIA
Durante os últimos 10 anos, Alexandre Ledo ficou afastado de Marília, mas apenas profissionalmente. Embora atuando no policiamento de outras cidades, manteve residência fixa na cidade, que considera como sua terra natal.
“Nunca saí daqui. Vinha sempre para cá. Eu viajava quase toda semana para trabalho. Estava viajando sempre. A gente mora aqui e quer ver a cidade bem. Queremos todas as cidades aqui da nossa região bem. A cidade tem que ser boa, pois a gente usa a cidade, somos consumidores e moradores”, diz o tenente-coronel.
ATLETA DA BASE DO MAC
Torcedor do São Paulo Futebol Clube, o novo comandante da PM quase se tornou um jogador de futebol. É que durante sua infância, chegou a treinar por quatro anos nas categorias de base do Marília Atlético Clube (MAC), na mesma época de um grande atleta que marcou seu nome na história da equipe.
“Treinei quatro anos no Maquinho, na época em que o Guilherme Alves, atual técnico do time, também jogava. Eram bons tempos e eu gostava muito. Torço para o São Paulo e meu time está complicado. Difícil de ganhar alguma coisa atualmente”, revela o tenente-coronel da PM em Marília.
CÂMERAS NOS UNIFORMES
O tenente-coronel Alexandre Ledo explicou que ainda não existe uma previsão de quando as câmeras chegarão à Marília, mas disse que ainda estão sendo utilizadas em São Paulo e que existe um plano para ser seguido, até por contrato com a empresa que fornece os equipamentos.
“Em São Paulo continuam utilizando. O equipamento ajudou, pois o ladrão, na hora de entrar em confronto, percebe que está sendo filmado e que será identificado. Isso serve como prova para o policial militar. Tem um plano para ser seguido, não sei quando vai chegar aqui, mas é mais um equipamento para a segurança do policial. Alguns relutam, mas que não deve não teme. Vai começar a vir para o interior, só não temos uma previsão ainda”, diz o comandante.
Ledo afirmou que as câmeras utilizadas pelos policiais militares de São Paulo são as melhores do planeta. Ele revelou que elas conseguem detectar quando ocorre um disparo de arma de fogo, com as imagens sendo imediatamente transmitidas para o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), que passa a ver em tempo real o que está acontecendo.
“Quando ocorre uma queda brusca de velocidade as imagens também passam a ser transmitidas para o Copom, pois pode se tratar de um acidente de trânsito. Quando a câmera fica na horizontal, indicando que o policial está deitado ou caído, as imagens também são enviadas em tempo real. Existe ainda a telemetria, para saber o exato local que o policial se encontra, dentro de uma favela, por exemplo, saberemos onde está”, conta.
ÍNDICES CRIMINAIS DE MARÍLIA
Ledo afirmou estar satisfeito com os números de ocorrências em Marília, em comparação com outros locais em que trabalhou, mas pretende reduzir ainda mais os indicadores criminais, dando mais segurança e tranquilidade para a população mariliense.
“O objetivo sempre é reduzir os indicadores criminais. Quando acontecer um delito, é importante registrar a ocorrência. Tivemos um furto de rodas próximo ao Hospital das Clínicas (HC) nos últimos dias, que o meu pessoal já identificou e está apresentando o caso. Quando acontece o problema, temos que identificar e dar uma resposta, mas se não for registrado, como vou saber?”, diz o tenente-coronel.
Ele esclareceu que a maior preocupação é com homicídios, para assegurar a vida dos cidadãos. Ledo também ressaltou os crimes de roubos e furtos como prioridade.
“Em cada indicador criminal sempre tem alguém que é vítima e precisamos combater esses delitos. Tendo um indicador a gente já se preocupa. Quando vê que está saindo da média, meu setor de operações indica que está tendo problema, o comandante de Companhia tenta fazer algo, senão mandamos a Força Tática”, conta Ledo.